Friday, September 11, 2009

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Comentário à prova de Português (16 de Junho)

Como já se sabia, grande parte da pontuação que virão a conseguir dever-se-á à capacidade de escrita que tenham. A maior parte das perguntas avaliava mais a compreensão do trecho dado na prova, dos próprios enunciados dos itens e, sobretudo, a escrita (embora, residualmente, supusesse também conhecimentos adquiridos ao longo do ano).
No caso do grupo I, podia ajudar o conhecimento da estrutura dos Lusíadas e lembrarem-se ainda do passo em causa (que aliás demos em aula); mas, é claro, o mais relevante era momentâneo: perceber bem as perguntas, o texto das estâncias e ter boa «performance» na escrita.
A pergunta I-B também dependerá muito da qualidade da vossa escrita, embora implicasse um mínimo de conhecimentos de Memorial do Convento. Creio que quem leu mesmo a obra terá vantagens sobre quem não tenha lido, em caso de idênticas capacidades de escrita. Porém, entre alguém que tenha lido só resumos e escreva bem, e quem tivesse lido a obra mas escreva mal, não sei.... Em aula, respondemos a perguntas B de assunto muito próximo do desta (e a pergunta que pus sobre Matilde e Blimunda — e Mourinho e Jorge Jesus — no recente teste de treino, cuja correcção lancei no final da aula de cábulas, podia também ter ajudado).
Quanto ao grupo II, de gramática e compreensão, achei-o um pouco injusto, na medida em que, como de costume, mostra medo de avaliar a gramática (a parte do Português mais ensinável), preferindo camuflar os conteúdos entre enunciados complicativos (supostamente, de compreensão do texto). Acho muito mal que duas das perguntas, a 5 e a 6, implicassem léxico («livre-arbítrio» e «errâncias») que o aluno pode muito bem não dominar, quando esses itens não pretendiam avaliar vocabulário. A pergunta cuja resposta era «pretérito mais-que-perfeito composto» também não a julgo pertinente. Se se pretendia avaliar o conhecimento dos tempos verbais, deveria recorrer-se a um tempo mais inconfundível (os tempos compostos são caprichosos até nos seus nomes); das matérias de gramática foi a única que não revimos recentemente (mas, e já este ano lectivo, ainda tentáramos que os tempos fossem relanceados). Em geral, o que me desagrada neste grupo é que há o risco de não se diferenciar quem saiba e quem não saiba gramática: vão todos falhar um, dois ou três itens, independentemente do seu conhecimento nesta área.
Do grupo III não vale a pena dizer nada. Preocupa-me apenas o grau de cumprimento de um género que, neste caso, aparece apenas definido como «reflexão» (em rigor, o texto poderia até não ser convencional, estritamente argumentativo; mas refere-se a obrigação de se pôr dois argumentos). Espero que os critérios de correcção não rejeitem derivações menos formalmente argumentativas-expositivas.