Tuesday, September 13, 2011

Aulas (3.º período)

Aula 49 (11 [10.º 6.ª], 12 [10.º 4.ª], 13 [10.º 9.ª], 16 [10.º 3.ª], 18 [10.º 1.ª]/abril)



Recursos estilísticos

A tabela integra as figuras de estilo referidas no sketch «Jesus ensaia figuras de estilo» (série Barbosa) e em «Que figura de estilo está Manuela Ferreira Leite a usar?» (Zé Carlos), arrumadas segundo a classificação em «Recursos estilísticos» (manual, pp. 333-335).
Completa as definições. Deixei ficar algumas figuras de estilo que não surgem nos sketches. Nuns casos, exemplifico-as com frases de filme que veremos depois; nos restantes, criarás tu uma abonação (podes aproveitar ainda o contexto ‘Jesus e apóstolos’).






[TPC — Aguardo ainda muitos dos verbetes de dicionário de palavras inventadas (passados a computador), que constituíam o tepecê da aula 47.]




Aula 50 (12 [10.º 3.ª], 13 [10.º 1.ª, 4.ª, 6.ª], 16/abril [10.º 9.ª]) Na p. 88 do manual, centra-te no «artigo de divulgação científica e técnica» redigido por Ana Markl. Na verdade, «Um robô chamado Wall.E» não é bem um típico artigo de divulgação, é mais uma recensão de filme pensada para revista juvenil (e, por isso, com marcas pedagógicas, em estilo coloquial).
Reformula o texto, tornando-o adequado a um público adulto. Sem prejudicares os dados sobre o enredo (o teu texto deve ter, pelo menos, a mesma extensão do original), usarás linguagem mais cuidada, mais formal. Substituirás as partes de diálogo quase didático, as marcas de oralidade e certo tom infantil.

_______________________

A ação de Wall.E decorre num futuro longínquo, em 2700.



TPC — Estudar (resolvendo partes, experimentando outras, relanceando correções) páginas sobre acentuação no Caderno de Atividades (pp. 7-11).


Aula 51 (18, 19, 20/abril) Leitura do «Regulamento 2008» do Prémio Pessoa (p. 62) e do «Regulamento do Concurso Literário José Gomes Ferreira», para preenchimento de comparação; resolução de item 7 da p. 63.





Compara os dois regulamentos na tabela (o da p. 62 do manual e o do verso desta folha), preenchendo as quadrículas vagas:




Prémio Pessoa 2008
Concurso Literário José Gomes Ferreira 2011/2012
Destinatários

alunos, pais, funcionários da ESJGF
Área
arte, literatura, ciência


objeto do concurso
toda a obra passada do candidato

apresentação das candidaturas


presencial (no CRE)
prazo das candidaturas

8 de junho de 2012
processo da candidatura

entrega de dois exemplares do trabalho (com pseudónimo e indicação de escalão) e preenchimento de identificação (chave do pseudónimo, nomeadamente)
constituição do júri
personalidades a convidar pelo jornal

prerrogativas do júri
escolha de alguém que não esteja entre os candidatos; excecionalmente, atribuição do prémio a duas personalidades, dividindo-o

informação pública dos resultados
não explicitada

Prémio


não explicitado


            Resolve o ponto 7 da p. 63:



A «Os originais que integrem essa documentação não serão devolvidos» | _____________


B «Quem pode participar?» | ____________


C «Espero que ganhes o prémio!» | _____________


D «Não esperes mais, concorre!» | _____________



Depois de assistires ao sketch «No chão, não: no velhão!», lerás o poema «Velho» (p. 209), letra de uma canção de Mafalda Veiga.





Escreve um comentário (de cem a cento e vinte palavras) em que estabeleças alguma analogia entre os dois textos. Sobretudo no caso do sketch, não te iludas com a interpretação literal: parece-me óbvio que a «publicidade institucional» aí feita tem intenção irónica (e, portanto, a haver alguma mensagem no sketch, ela irá até em sentido contrário do aparentemente afirmado ao longo do sketch).


Faz de maneira a que haja, pelo menos, uma ou duas curtas transcrições do texto de Mafalda Veiga (entre parênteses e entre aspas).



Tanto o sketch dos Gato Fedorento como a canção de Mafalda Veiga abordam _________
...


Reformula as primeiras estrofes do poema de Mafalda Veiga, reescrevendo o texto agora sob o título «Jovem» e, naturalmente, criando versos «antónimos» dos da cantora.


Jovem



Frases da parte de Uivo que veremos hoje
Figura de estilo
«a sopa de massinhas do tempo»

«que provaram as pássaras de um milhão de catraias»

«para verificar se eu tenho uma visão ou se tu tinhas uma visão ou se ele tinha uma visão para descobrir a Eternidade»

«Denver tem saudades dos seus heróis»

«o cabelo da alma iluminou-se»



TPC — Lê o verbete sobre regulamentos (p. 37). Relanceia o «Regulamento do Clube de Rádio Escolar» (pp. 38-39), para lhe acrescentar três artigos (inseridos em qualquer ponto dos actuais trinta). Esses novos artigos seguirão a redação esperável num regulamento, mas, com mais ou menos subtileza, serão risivelmente absurdos (ou surpreendentes, ou ridículos).


Aula 52 (20, 23, 26, 27/abril) 


Processos irregulares de formação de palavras


(ou Neologia ou Processos de inovação lexical)




            Além dos processos morfológicos de formação de palavras, arrumáveis grosso modo em derivação e composição (p. 298) — que já conhecerás mas que reveremos um dia destes, porque houve reclassificações importantes entretanto —, no domínio da formação de palavras temos de contar ainda com os chamados «processos irregulares» («neológicos» ou «de inovação lexical»), cujas definições não se alteraram nestes anos mas que é menos seguro tenham sido muito abordadas no 3.º ciclo.


            Vamos, portanto, até à p. 316. Vê as sete definições, e respetivos exemplos, no ponto 2, «Processos irregulares de formação de palavras». (Acrescentarei eu a cunhagem, a criação de palavras por pura invenção, a partir do nada.) Depois lança no quadro as palavras «neológicas» seguintes (cada quadrícula ficará com uma, duas ou três palavras).


coaxar


tiquetaque


navegar (na net)


nega (‘nota negativa’)


ESJGF


pizza


ovni


portunhol


 CEE


 scanear


otorrino


besidróglio


chumbo (‘reprovação’)


 zoo


CRE


motel



Processos de neologia
Exemplos
Extensão semântica

Empréstimo

Amálgama (ou palavra entrecruzada)

Sigla

Acrónimo

Onomatopeia

Truncação (ou redução)

Cunhagem


            Depois de vermos «Novo dicionário» (série Barbosa), preenche a coluna ‘classe’ e as lacunas do texto que se segue.






Neologismo
Significado
Classe
Abonação
Feni
‘irritado por causa da meia que resvalou para debaixo do calcanhar’

«Eu hoje estou completamente feni».
poete [poe:te]
‘frustrado por não ter encontrado leite no frigorífico’

‘Fiquei mesmo poete’.
[não consigo grafar]
‘frustrado por não ter encontrado sumo no frigorífico’
adjetivo
«Agora é que eu fiquei mesmo [?]»
Brenaca
‘[algum sítio feio]’

 «Vá para o brenaca»
Baúte
[também não convém definir]

«Pegue no barute e enfie-o no aúba»
Aúba




            As palavras propostas por Juvenal Barbosa aproveitam  pouco o léxico já existente. Poderiam esses neologismos seguir os processos descritos na p. 316 do manual, mas isso não acontece. O Dr. Juvenal usa sobretudo a cunhagem, um processo também de neologia, mas bastante raro. Ainda por cima, as palavras cunhadas costumam ser criadas segundo os padrões da língua em que se vão integrar, o que não sucede com duas das palavras de Juvenal (a que nem conseguimos grafar e a que tem um alongamento numa das vogais).



            Se houvesse em outras línguas palavras tão específicas como pretende, o linguista-afinal-físico-químico poderia importá-las (seriam ________, mais ou menos adaptados ao padrão português — e, na fase em que estivessem a ser introduzidos, chamar-lhes-íamos, quase pejorativamente, _______).


            Se preferisse as ________ — designadas também palavras entrecruzadas —, Juvenal poderia juntar o início de «irritação» e o final de «peúgo», formando o adjetivo «________», que serviria para ‘irritado com as meias que descaem no calcanhar’.


            Para o impropério com que termina o diálogo — «Vai para o brenaca» — era aceitável um ________ ou uma _______ (às vezes, eufemística e ironicamente substituem-se as ordinarices por iniciais).


            Uma das criações de Juvenal, o adjetivo correspondente à frustração por não haver sumo no frigorífico, talvez se possa considerar uma ________, na medida em que parece basear-se num som ligado à surpresa desagradável de não haver o que se procura.


            Poderia ainda Juvenal ter recorrido à ________ (passamos a usar uma palavra num contexto tão diferente do original, que, na verdade, se trata também de um neologismo). «Estou ________ {pensa tu num adjetivo}» inclui um adjetivo que, por metáfora, daria satisfatoriamente a noção de ‘estar frustrado por não encontrar leite’.



 
            Vai até à p. 227. O poema de Saramago pretende ridicularizar certos textos de lírica amorosa. Os ingredientes da receita para fazer um amor de poeta seriam os lugares-comuns que costumam aparecer na má poesia amorosa («um poeta não cansado», «uma nuvem de sonho», «uma flor», «[três gotas de] tristeza», «um tom dourado», «uma veia sangrando de pavor», «a luz de um corpo de mulher», «[uma pitada de] morte»).


            Por outro lado, esta abordagem em formato de receita (segundo o tipo textual instrucional, no fim de contas) inspira-se no que já tinham feito outros escritores. Repara, em baixo, no texto de Reinaldo Ferreira, menos irónico mas fortemente crítico.




            Receita para fazer um herói



Tome-se um homem,

Feito de nada, como nós,

E em tamanho natural.

Embeba-se-lhe a carne,

Lentamente,

Duma certeza aguda, irracional,

Intensa como o ódio ou como a fome.

Depois, perto do fim,

Agite-se um pendão,

E toque-se um clarim.


Serve-se morto.

                                                            Reinaldo Ferreira, Poemas


            Plasmado sobre um dos poemas (quase com a sua estrutura sintática) escreve um texto poético cujo título seja




                        Receita para ______________

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Frases da parte de Uivo que veremos hoje
Figura de estilo
«[Moloch] cujos olhos são mil janelas cegas»
                   
«cujo amor é pedra e petróleo sem fim»

«ficaram apenas com a sua insanidade e as suas mãos e um júri anulado»

«a quem foi dado um vazio concreto de insulina, Metrazol, eletricidade, hidroterapia, psicoterapia, terapia ocupacional, pingue-pongue e amnésia»

«cujas fábricas sonham e morrem no nevoeiro»


TPC — Resolver, ou estudar, as pp. 42-44 do Caderno de Atividades.


Aula 53 (26, 27/abril, 2/maio) O sketch «Encorning» (série Fonseca) brinca com um hábito que encontramos nas profissões em que convém parecer muito atualizado: o uso despropositado de palavras inglesas. É certo que, por vezes, o anglicismo é mesmo necessário para referir conceitos para que não há equivalente em português; mas, em muitos outros casos, usa-se o estrangeirismo apenas para conferir ao que se diz uma aparência de modernidade.



O ridículo da situação vem destas características:


(i)         exagero do número de anglicismos proferidos em todas as falas;


(ii)        a partir de certa altura, as personagens, passarem a dizer supostos estrangeirismos (constituídos por palavra portuguesa + ing);


(iii)        num momento quase final, essas falsas palavras inglesas serem derivadas a partir de palavras portuguesas de nível popular (+ sufixo inglês -ing).




Depois de veres o sketch, entre as palavras que transcrevi na tabela, distingue:


(1)        anglicismos propriamente ditos;


(2)        falsos anglicismos, criados a partir de palavras portuguesas de nível corrente;


(3)        falsos anglicismos, inventados a partir de palavras portuguesas de nível popular.



anglicismo

tradução / palavra verdadeira
anglicismo

tradução / palavra verdadeira
downsizing
1
Abaixamento
raspaneting


merchandizing

Promoção
preguicing


Factoring

cobrança de créditos por intermediário
desautorizing


outsourcing

subcontratação externa
respeiting


Holding

sociedade gestora de participações sociais
retracting
2
retra[c]tar ('desdizer')
benchmarking

avaliação relativamente à concorrência
sarilhing


Marketing

Mercadologia
encorning


Leasing

aluguer de bens
aldrabing


Renting

Aluguer
lixating


Upgrading

Atualização
enxerting


networking

ligação em rede
larguing


[outsourcing]

subcontratação externa
desculping


Encorning


melhoring


Despeding


geraling


Viding


filhodaputing
3
filho da puta


            Algumas das palavras que integrámos no tipo 1 podem considerar-se já verdadeiros empréstimos (mais do que estrangeirismos  temporários). Se admitíssemos o critério de os empréstimos já estarem dicionarizados e os estrangeirismos não, diríamos ainda serem meros estrangeirismos ________, _______, ________, já que encontro as outras palavras no Grande Dicionário Língua Portuguesa (Porto Editora).


O protagonista de «Polícia que se quer vestir de mulher» (série Fonseca) usa alguns empréstimos e estrangeirismos. São, em geral, palavras relacionadas com a moda.


Põe nas duas primeiras colunas a tradução ou o empréstimo que ouviste. Na terceira coluna, decide entre «anglicismo» ou, se a palavra vier do francês, «galicismo».


Por fim, à esquerda da primeira coluna, ordena (1-6) as palavras segundo o grau de integração no português (de empréstimo quase já não reconhecível como tal — e, claro, dicionarizado há muito — até ao estrangeirismo raramente ouvido).



Empréstimo/Estrangeirismo
Significado / Tradução
Origem          | étimo
Tailleur
_____________________
galicismo        | tailleur

chapéu com abas largas e leves
_________ _ | capeline + «chapelina»

cosméticos aplicados para embelezar
___________ | maquillage

_____________________
anglicismo       | gloss

mulher ordinária, promíscua
___________ | slut

espécie de «cachecol» largo
___________ | écharpe



            Relativamente às palavras ou expressões em «Indivíduo que é javardola, menos quando fala francês» (Lopes da Silva), adivinha se estão dicionarizadas e, nesse caso, dá palpite sobre as grafias com que a palavra foi registada em dois dicionários (o português Grande Dicionário Língua Portuguesa e a edição brasileira do Dicionário Houaiss).






GDLP (Porto Ed.)
Houaiss brasileiro
étimo
Galicismos
(francesismos)

Ø
partenaire
Lingerie

lingerie

soutien-gorge / sutiã
soutien-gorge

Réveillon
réveillon
Champanhe

champagne

chantilly / chantili
chantilly

Marquise
marquise

Croissant
croissant
roulotte / rulote

roulotte

Tricô
tricot

ménage à trois
ménage à trois
Anglicismos;
termos ingleses

Timing
timing

Feedback
feedback
OK
o.k.
o.k. (oll korrect)

Ø
boxer shorts

Ø
[Manchester United]

Ø
[Bobby Charlton]


            Na p. 35, relanceia o «Contrato de trabalho a termo certo». Aproveitando-o como guia — quase como uma espécie de formulário —, escreve um contrato relativo a uma destas situações:


contratação de um dado animal para fazer figuração num filme (contrato seria estabelecido entre o dono do animal e uma empresa de audiovisuais);


contratação de um artista (ator, cantor, etc.) para um dado espetáculo de televisão;


contratação para algum serviço (ascensorista, porteiro, etc.) num dado hotel;


contratação para posar para um pintor ou para posar numa escola de Belas-Artes;


contratação de precetora para educar e acompanhar uma criança difícil;


contratação de indivíduo para serviços de segurança de ... ;


[qualquer outra contratação suscetível de contrato a termo certo].


            Relativamente ao contrato no manual, haverá diferenças grandes nas identificações (1 e 2). Em cada uma das cláusulas primeira a sétima, só se manterão talvez as cinco primeiras palavras. A cláusula oitava deve manter-se toda. Localidade, data e assinaturas também serão novas.


            O contrato deve ser verosímil, adotar a linguagem formal adequada a este tipo de textos, mas não são proibidos subtis exageros, ligeiras absurdidades, etc.



TPC — Conclusão (ou melhoramento) do contrato muito adiantado em aula. [Também no caso do 10.º 3.ª — acabei por me decidir por este tepecê, apesar de lhes ter dito que pensaria em tarefa mais especial.]




Aula 54 (30/abril, 2, 3/maio) Dá um relance ao texto informativo sobre resumo nas pp. 290-291 (vê sobretudo o enquadrado da p. 290).


            Resume depois «A presença dos livros» (p. 13), crónica de Guilherme de Oliveira Martins. Não havendo outra indicação — diz-se no texto explicativo que relanceaste —, o resumo contrairá o texto-fonte para cerca de um terço ou um quarto. Mantêm-se enunciador, tempos, modos, sequência; evitam-se transcrições próximas.



[1.º parágrafo]      Gosto das casas com muitos livros, cuja presença considero imprescindível a um ambiente hospitaleiro. É um grande prazer _________________________. Porém, ...

[2.º parágrafo]      As minhas mais antigas recordações ...

[3.º parágrafo]      ...

[4.º parágrafo]      ...



            Ponho a seguir os começos de várias das obras narrativas a que aludia Guilherme de Oliveira Martins no final da sua crónica (uso traduções, no caso das não portuguesas). Adivinha as correspondências, escrevendo à esquerda dos trechos o título da obra que iniciam. Depois, ao mesmo estilo de cada passo, cria o par de linhas que se lhe seguiria.


Homero, Odisseia                       Homero, Ilíada                          Vergílio, Eneida

Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver                  Daniel Defoe, As Aventuras de Robinson Crusoe

Júlio Verne, Vinte Mil Léguas submarinas

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição                         Eça de Queirós, A Cidade e as Serras

Eça de Queirós, Os Maias                      Eça de Queirós, O Primo Basílio



            Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:


            Canto as armas e o varão que nos primórdios veio das costas de Tróia para Itália [...]

            A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete.


            Nasci em 1632, na cidade de Iorque, no seio de uma boa família. Esta, porém, não era oriunda da terra, pois o meu pai era um estrangeiro de Bremen que começou por se fixar em Hull.



            Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou, / depois que de Tróia destruiu a cidadela sagrada.



            O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.



            Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, [...]



            Espero que estejas preparado para admitir publicamente, sempre que fores chamado a fazê-lo, que foi por grande insistência tua que decidi autorizar a publicação de uma narrativa pouco cuidada e incorreta das minhas viagens [...]



            O ano de 1866 ficou marcado por um acontecimento estranho, um fenómeno inexplicado e inexplicável, que certamente ninguém ainda esqueceu.


            Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila Real de Trás-os-Montes, era, em 1779, juiz de fora de Cascais, e nesse mesmo ano casara com uma dama do paço, D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco [...]




Trechos em Uivo
Recursos estilísticos
Ó legiões magras, corram lá para fora

Ó choque misericordioso de estradas ornado, a guerra eterna chegou

Ó vitória, esquece as tuas ceroulas

Estou contigo em Rockland, onde irás cindir os céus... / Estou contigo em Rockland, onde os vinte... / Estou contigo em Rockland, onde achamos e beijamos... / Estou contigo em Rockland, onde acordamos eletrificados...

... sagrado. /... sagrado. /... sagrado.

viera lançar bombas angélicas



TPC — Redação de pequenas continuações de cada um dos começos de livros.

Aula 55 (3, 4, 9/maio) Explicação de poucos conceitos de prosódia (os referidos na p. 297 do manual): tom, duração, intensidade; entoações (declarativa, imperativa, interrogativa, exclamativa, persuasiva); pausas (silenciosas e preenchida); audição  de «Amor é fogo [...]» com pausas preenchidas.




















Ouvida a crónica radiofónica de Fernando Alves («A lâmpada, os livros»), escreve V(erdadeiro) ou F(also) à esquerda de cada afirmação.



Fernando Alves encontrou a notícia que lhe inspirou a crónica depois de comprar um jornal.



A notícia saíra no jornal Folha de São Paulo.



A notícia relatava uma iniciativa de venda de livros quase de borla.



O título da notícia era «Metrô mexicano vira biblioteca circulante».



Habitualmente, o cronista nem concorda com este tipo de iniciativas.



Na primeira leva, quase um terço dos livros postos a circular foram devolvidos.



A devolução dos livros era uma exigência da campanha.



Idêntica iniciativa já fora experimentada em Palermo.



Segundo um dos entrevistados pelo jornal, a leitura cria ambiente amistoso.



O dinheiro para a compra dos livros envolvidos na operação veio de empresa privada.



Estudos parecem indicar que medidas do mesmo tipo só trazem frutos a longo prazo.



Foi à Câmara de Nova Iorque que foi pedido um estudo sobre a redução da criminalidade na Cidade do México.



À data da crónica, o mayor de Nova Iorque era Rudolph Giulani.



Nova Iorque experimentou também uma iniciativa idêntica.



Segundo o cronista, um dos objetivos da ideia era criar no metro uma atmosfera mais securizante.



Estudos parecem indiciar haver uma redução da criminalidade com medidas deste tipo.



Fernando Alves defende que os autarcas portugueses devem ter ideias para promoção da leitura, mas sem plagiar as das outras cidades.



Os «milhões de passageiros pobres da megacidade» referidos pelo cronista são os utentes do metro da Cidade do México.



Tóquio será a próxima cidade a acolher atividades do mesmo género.



A lâmpada de Aladino a que se reporta Fernando Alves é o livro.


            Vai até à p. 237. «O conto», de José Luís Peixoto, é uma crónica em que se nos conta como o autor construiu um conto. É uma espécie de sinopse de conto, com comentários acerca da elaboração daquela narrativa (ou suposta narrativa, porque, na verdade, o conto que dá pretexto à crónica nem nunca terá sido propriamente desenvolvido). Este processo de fazer resumos de obras que não existem é muito característico de alguns escritores cujos livros aliás participam na narrativa-crónica de Peixoto (Adolfo Bioy Casares, Júlio Cortázar, Jorge Luis Borges — este último não aparece neste passo mas é o exemplo ideal desse género de abordagens).


            Lê o texto, que nos fala de um conto em que os livros, leitores, bibliotecárias são o essencial da intriga. Repara, nas zonas marcadas com «(...)» (entre o primeiro e o segundo parágrafos; e entre o segundo e o terceiro parágrafos).


            Cria o texto que poderia estar no primeiro (a seguir a «Casares.») e no segundo (após «extravagante.») destes cortes. Farás de maneira a fazer entrar aí alusões a algum, ou alguns, dos livros que leste, ou estás a ler, no âmbito das leituras que pedi fosses tentando fazer. Essas alusões não terão de procurar exibir conhecimentos acerca das obras, mas não fará mal que o façam, desde que sem exibicionismos. (Mesmo que não tenhas lido nenhuma obra, podes sempre criar os passos que peço, porventura até aproveitando para mencionar as tuas hesitações, gostos, mas sempre de modo conformado ao conto a completar.)



da autoria de Adolfo Bioy Casares. ______________


extravagante. ____________



            Já fora do contexto da tarefa com o «O conto», completa:


            Li / Estou a ler / Na verdade, ainda não comecei a leitura, mas vou ler {riscar o que não interessa} ___________{autor, título [como não há itálico, sublinhas o título]}, que é um/uma __________ {autobiografia, livro de memórias, livro de viagens, diário, narrativa na 1.ª pessoa não integrável nos géneros anteriores; biografia; livro de crónicas, etc.}.



            Um «pró» do livro lido: ________

            Um «contra»: ______


Se tiveres lido outras obras desde, mais ou menos, Dezembro, indica-as:

__________________

__________________

__________________

__________________



            Como sucede em tantos filmes (e narrativas), O Leitor começa em época mais recente (Berlim, 1995), recuando depois ao passado, numa analepse de quase quarenta anos (Neustadt, 1958). O pretexto para a analepse, neste caso, é um elétrico avistado da janela. Como se verá, em O Leitor não faltam citações de autores da literatura universal.


TPC — Vê em Gaveta de Nuvens instruções para duas tarefas: bibliofilme (a entregar em maio), aqui; comentário-análise de canção (a entregar durante a próxima semana ou pouco mais), aqui.

Aula 56 (7, 9, 10, 11/maio) Vai lendo a entrevista nas pp. 82-84 («Não queria que fizessem de mim um bicho racional»). Em cada item circunda a melhor alínea. Antes dos itens estão, a negro e em corpo menor, as perguntas dos entrevistadores que encimam os trechos a que me reporto.



[«Onde estava há sete anos, antes de publicar o primeiro de 23 livros?»]



Ao responder, Gonçalo M. Tavares preocupou-se em explicar que

a) já tinha publicado ainda mais intensamente antes dos trinta e um anos.

b) editara livros que não fora ele que escrevera.

c) não escrevera todos os livros que publicara.

d) já escrevera antes parte do que publicara.



[«Como conseguiu ter tal intensidade criativa nesse período, entre os 20 e os 30 anos, uma idade ainda muito verde?»]



Foi importante para a atividade criativa de Gonçalo M. Tavares ter lido

a) os autores da sua geração.

b) sobretudo os autores clássicos.

c) autores que sobreviveram ao teste do tempo.

d) os autores antigos.



Para o escritor, «clássicos» são as obras

a) greco-latinas.

b) gregas.

c) importantes mesmo que relativamente contemporâneas.

d) antigas.



A frase de Nietzsche «o que este povo deve ter sofrido para conseguir ser tão sábio»

a) é irónica.

b) significa que o conhecimento cultural implica esforço.

c) significa que o exercício da arte é aborrecido.

d) significa que a cultura é aborrecida.



[«É preciso então sofrer para ser criativo?»]



Para Gonçalo M. Tavares,

a) é ao contrário: mais vale ter tido poucas experiências (como Pessoa, por exemplo).

b) tudo depende de como somos capazes de aproveitar as experiências que tivemos.

c) só tendo muitas experiências pessoais é que se pode ser bom escritor.

d) tudo depende do tipo de experiências por que se passou.



[«Ainda assim busca alimento para a sua escrita nalgum sítio ou circunstância específicas?»]



Os risos correspondentes à expressão entre parênteses retos ter-se-ão devido a

a) estar o entrevistado a referir aspeto quase doentio.

b) ser a frase irónica (na verdade, Tavares considera-se pouco observador).

c) estarem os entrevistadores a beber chá.

d) ter «absorvido por mim» uma conotação um pouco brejeira.



[«Não há um cenário de predisposição?»]



Na fase de preparação das suas obras, Gonçalo M. Tavares

a) estabelece um plano de modo a confrontar-se com circunstâncias em que possa observar os outros.

b) escreve nos cafés, o que já o aproxima das fontes de inspiração.

c) depara-se com as suas fontes de inspiração sem o planear, já que costuma andar a pé.

d) recorre a cafés, como aconteceu quando escreveu Água, Cocó de Cão, Cavalo, Cabeça.



[«Isso muda muito quando está em casa a escrever ao computador?»]



Para Tavares, o uso do computador ou a frequência de cafés correspondem, respetivamente, a

a) observações fragmentárias; romances e revisão de texto.

b) romances; observações fragmentárias e revisão de texto.

c) romances e observação fragmentárias; revisão de texto.

d) romances e revisão de texto; observações fragmentárias.



[«Diz que quando começou a ler jogou pelo seguro e escolheu livros que atravessaram três ou quatro gerações. Se o público tivesse seguido essa lógica, não começaria pelo Gonçalo M. Tavares...»]



O entrevistador faz notar um paradoxo (relacionado com uma anterior confissão do escritor):

a) se os outros tivessem seguido os critérios de Gonçalo M. Tavares enquanto leitor, ele não teria sido lido.

b) se os leitores tivessem só lido o que era bom, não teriam conhecido a escrita de Gonçalo M. Tavares.

c) se o público só tivesse lido as novidades, não teria lido a obra de Gonçalo M. Tavares.

d) se os leitores só tivessem lido o que era claramente português, não teriam lido Gonçalo M. Tavares.



Nas suas leituras, Gonçalo M. Tavares foi guiado

a) apenas pela regra da novidade.

b) também por parte da família.

c) pelo facto de os autores serem portugueses.

d) por algumas pessoas com quem se cruzou e o aconselharam.



[«Como se sente ao ser incluído numa nova geração de escritores?»]



O autor de Jerusalém

a) não acredita no conceito de «geração».

b) sente orgulho por ser considerado um dos melhores.

c) considera que os da nova geração têm características demasiado individualizáveis.

d) julga que cada um absorve de modo diferente.



[«Sente-se mais próximo de artistas de outras áreas do que de outros escritores?»]



Gonçalo M. Tavares considera que

a) já não há escolas ou correntes literárias.

b) se identifica com certas artes.

c) é preciso reencontrar um adversário comum.

d) lhe interessam mais as outras artes.



[«Mas o fascínio pelo cruzamento com outras artes é comum aos escritores mais novos...»]



O entrevistado responde que

a) as atividades por outras artes a partir das suas obras não lhe interessam, são-lhe indiferentes.

b) as atividades de outros escritores a partir das suas obras são como estar a martelar.

c) lhe agrada que outras artes reinterpretem as suas obras, mesmo se não considera esses trabalhos já os seus.

d) os escritores compreendem-se bem entre si.



Os quatro poemas que se seguem foram escritos por Jorge de Sena, em 1961 («Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena», Metamorfoses, Lisboa, Moraes, 1963).

Se excetuarmos as palavras «gramaticais» (preposições, _____, determinantes, pronomes), há sobretudo vocábulos criados pelo poeta, ainda que seguindo os padrões morfológicos do português (palavras ______, portanto). Também as características de versificação esperáveis são efetivamente cumpridas, já que, em termos de métrica, temos versos _____, e a rima das quadras é ______ e emparelhada, enquanto que, nas duas estrofes finais dos sonetos, surgem os esquemas rimáticos C-C-_______ (para o primeiro e último poemas) e C-D-_____, C-D-______ (no segundo e terceiro sonetos).

Reconhecemos também as classes da maioria das palavras inventadas por Sena («sussúrica» será ______; «escalca», verbo; «transcêndia», _____), bem como percebemos certas categorias («palquitonará» há de ser uma 3.ª pessoa do singular do _____ do Indicativo; «fissivirão», uma 3.ª pessoa do ____ do mesmo tempo; «refucarai», a 2.ª pessoa do plural do _____).

Quanto a mim, há dois casos em que Sena decidiu mal as grafias. No terceiro soneto há uma acentuação impossível no sistema ortográfico português: «_____» nunca poderia ter o acento gráfico que lhe foi posto, já que, mesmo sem ele, era já uma palavra grave. Também não concordo com a grafia «______», no segundo soneto, pois que a formação do plural implicava um «res» (compare-se: «júnior», «juniores»). No último soneto, torço o nariz à acentuação gráfica de «meláina» e «Hefáistos».



I — PANDEMOS



Dentífona apriuna a veste iguana

de que se escalca auroma e tentavela.

Como superta e buritânea amela

se palquitonará transcêndia inana!



Que vúlcios defuratos, que inumana

sussúrica donstália penicela

às trícotas relesta demiquela,

fissivirão boíneos, ó primana!



Dentívolos palpículos, baissai!

Lingâmicos dolins, refucarai!

Por mamivornas contumai a veste!



E, quando prolifarem as sangrárias,

lambidonai tutílicos anárias,

tão placitantes como o pedipeste.



II — ANÓSIA



Que marinais sob tão pora luva

de esbranforida pela retinada

não dão volpúcia de imajar anteada

a que moltínea se adamenta ocuva?



Bocam dedetos calcurando a fuva

que arfala e dúpia de antegor tutada,

e que tessalta de nigrors nevada.

Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!



Labiliperta-se infanal a esvebe,

agluta, acedirasma, sucamina,

e maniter suavira o termidodo.



Que marinais dulcífima contebe,

ejacicasto, ejacifasto, arina!...

Que marinais, tão pora luva, todo...



III — URÂNIA



Purília amancivalva emergidanto,

imarculado e rósea, alviridente,

na azúrea juventil conquinomente

transcurva de aste o fido corpo tanto...



Tenras nadáguas que oculvivam quanto

palidiscuro, retradito e olente

é mínimo desfincta, repente,

rasga e sedente ao duro latipranto.



Adónica se esvolve na ambolia

de terso antena avante palpinado.

Fímbril, filível, viridorna, gia



em túlida mancia, vaivinado.

Transcorre uníflo e suspentreme o dia

noturno ao lia e luçardente ao cado.



IV — AMÁTIA



Timbórica, morfia, ó persefessa,

meláina, andrófona, repitimbídia,

ó basilissa, ó scótia, masturlídia,

amata cíprea, calipígea, tressa



de jardinatas nigras, pasifessa,

luni-rosácea lambidando erídia,

erínea, erítia, erótia, erânia, egídia,

eurínoma, ambológera, donlessa.



Ares, Hefáistos, Adonísio, tutos

alipigmaios, atilícios, futos

da lívia damitada, organissanta,



agonimais se esforem morituros,

necrotentavos de escancárias duros,

tantisqua abradimembra a teia canta.



TPC — Prepara a leitura em voz alta dos sonetos que não lemos em aula.





Aula 57 (10, 11, 16/maio) Nas pp. 42-46 do manual aborda-se um novo tipo de texto transacional, a declaração. Podes dar um relance ao enquadrado na p. 42.

Na p. 43 estão duas declarações (melhor, dois formulários para declarações). Nas pp. 44-45, também não se trata propriamente de uma declaração, mas de um texto político, ou mesmo jurídico.  De qualquer modo, preenche as quadrículas vagas:




Declaração A (p. 43)
Declaração B (43)
Declaração dos Direitos Humanos (44-45)
Tipo de declaração

de conhecimento de regulamento e veracidade de dados

Declarante
Organização das Olimpíadas de Leitura


Finalidade


fixar uma série de princípios, valores
[Destinatário]



um público universal



Imaginemos a seguinte situação.

Uns anos depois da sua separação de Hanna (que, como vimos, mudou de cidade sem o avisar), Michael Berg, agora estudante de direito, escreve uma declaração a atestar que Hanna Schmitz não sabia ler. Nesse texto, destinado a abonar alguém a braços com a justiça (e, no caso em apreço, ser analfabeta seria, como veremos, uma atenuante decisiva ou mesmo um alibi), o declarante teria de relatar também as circunstâncias em que conhecera Hanna, leituras que lhe fizera, indícios da sua iliteracia, etc., mas sempre num registo de texto formal — de depoimento escrito para efeitos de um processo judicial.

O formato e as fórmulas são as de uma declaração, que, porém, incluirá uma parte um pouco mais narrativa, ainda que enxuta (como convém a um texto com estes fins).



DECLARAÇÃO

...

Livros de o O Leitor



Autor
Obra
Data
País
Personagens
Género
Horácio
Epodos
30 a.C.
Roma

Poesia lírica
G. E. Lessing
Emilia Galotti
1772
Alemanha
Emilia Galotti
Drama
Homero
Odisseia
séc. VIII a.C.
Grécia
Ulisses, Penélope, Telémaco
Poema épico
Mark Twain
Aventuras de Huckleberry Finn
1884
EUA
Huckleberry Finn,
Tom Sawyer
Novela de aventuras
D. H. Lawrence
O amante de Lady Chatterley
1928
Reino Unido
Constance Chatterley, Clifford Chatterley, Oliver Mellors
Novela passional, psicológica
Hergé
[série de Tintin]
1929-...
Bélgica
Tintin, Haddock, Milou
BD
Anton Tchekov
A dama do cachorrinho
1899
Rússia
Dimitri Gurov,
Ana Siergueievna
Conto
Leão Tolstoi
Guerra e Paz
1865-1869
Rússia
Pedro Bezukov, entre muitas
Romance-fresco


Aula 58 (14, 16, 17, 18/maio) Lê os poemas que refiro no quadro em baixo. A cada um atribuirás um aforismo/máxima que lhe possa servir de título-lema-divisa. Essas frases — que transcreverás com as devidas aspas — procurá-las-ás nos livros que te tenham calhado:



Poema
Citação alusiva
«O seu santo nome» (Carlos Drummond de Andrade), p. 219





«Para ti» (Mia Couto), p. 226




«Paixão» (José Craveirinha), p. 226




«Poético» (Álvaro Alves de Faria), p. 229







Livros que te calharam {referência dos livros, apoiada, como se deve fazer sempre, no frontispício (rosto, portada), e, em caso de falta de algum dado, também na ficha técnica ou no colofão}:

….



Correção possível da declaração ensaiada na última aula:



DECLARAÇÃO



            Michael Berg, estudante de Direito na Universidade de Heidelberg, residente na Rua do Moinho, n.º 23,2, declara estar em condições de assegurar que Hanna Schmitz, atualmente em julgamento no tribunal de Hgytr, até há poucos anos não sabia ler.

            O declarante travou conhecimento com Hanna Schmitz na cidade de Neustad, em 1959, em circunstâncias que recorda com saudade mas que se escusará a detalhar. O que é relevante é ter-se então apercebido de que a Senhora Schmitz era analfabeta. Durante meses, leu em voz alta a Hanna obras fundamentais da literatura universal, para visível deleite desta, que, no entanto, nunca pôde prosseguir sozinha a leitura dos livros que tanto a entusiasmavam. Em outras ocasiões, a mesma Hanna Schmitz mostrou-se incapaz de ler textos informativos simples (uma ementa, um guia, um caderno de apontamentos).

            Acrescenta ainda o subscritor que lhe pareceu que Schmitz, por vergonha, procurava esconder a sua evidente iliteracia.



Heidelberg, 11 de maio de 1966



(Michael Berg)



TPC — [O trabalho de análise de canção (com instruções no blogue, a que acrescento apenas o seguinte: a letra da música tem de ser em português, europeu ou brasileiro) deve ser-me enviado, ou entregue por pen, ainda durante esta semana.]




Aula 59 (17, 18, 23/maio)  Já demos os processos irregulares de formação de palavras. Veremos hoje os considerados «regulares», os processos morfológicos de formação de palavras.

            Reencontraremos um quadro de classificações que se assemelha à antiga «formação de palavras por derivação e composição», mas, sobretudo no se refere à composição, com diferenças razoáveis.



            Vai seguindo a p. 298 do manual. Na derivação não há grande novidade:



            Na derivação afixal (ou por afixação), distinguimos



Prefixação

Sufixação

Parassíntese




            Depois, no nosso livro, referem-se dois processos que não envolvem afixos. No entanto, note-se que a derivação não-afixal (ou derivação regressiva) implica ter havido a ideia — errada, é certo — de que uma dada palavra era já uma derivada por afixação, dela se podendo deduzir, por subtração dos supostos afixos, uma também suposta palavra primitiva, que é afinal a palavra derivada regressivamente. A conversão (ou derivação imprópria) é que nada tem a ver com afixos: é apenas a situação em que uma palavra passa a ser usada numa nova classe.



conversão (derivação imprópria)

derivação não-afixal (derivação regressiva)




            Na composição deixaram de se usar termos que terás ainda aprendido no 3.º ciclo («justaposição, aglutinação»). Distingue-se a composição morfossintática, que implica a associação de duas palavras (ou mais); e a composição morfológica, em que se associam dois radicais ou radical e palavra.



composição morfológica

composição morfossintática



            Distribui pelos quadros em cima estas catorze palavras:


gajo (< gajão)       entristecer       alindar         saca-rolhas        pesca (< pescar)         socioeconómico         apicultura         bomba-relógio          guerrear       reler incompleto         um porto (< Porto)         burro (< burro)         amável


            Nesta parte final do ano, vamos ler contos, ou partes de contos. A partir da p. 234 do manual, desenvolve-se a unidade «Conto eu», que inclui esses trechos, bem como passos ensaísticos sobre a índole deste género do modo narrativo. Na p. 282 há um glossário de narratologia a que também muito recorreremos.

            Entretanto, na parte do filme O leitor que estivemos a ver na última aula, a protagonista aprendia a ler precisamente com um texto que é excelente exemplo da técnica dos grandes contos, «A senhora do cãozinho», Tchékhov (ou Chekov). No filme, a tradução do título do original, russo, surge como ‘A dama do cachorrinho’, mas a mais recente tradução portuguesa (Anton Tchékhov, Contos, II, Lisboa, Relógio d’Água, 2001), de Nina Guerra e Filipe Guerra, opta por aquela solução (que me parece preferível).

O que se segue é o início de «A senhora do cãozinho». No entanto, a alguns parágrafos foi retirado o lado direito das linhas.

Vai lendo o conto e completando o que está em falta, na medida do que possas adivinhar e em estilo próximo do do original. Não acertarás em tudo (ou mesmo em nada), mas procura que as frases fiquem com sentido e gramaticalmente correctas. Tenta também que o que fores escrevendo não tenha extensão demasiado diferente da da parte suprimida das linhas (mas, claro, a letra manuscrita ocupa sempre mais espaço que a impressa).








TPC — Para estudares o ponto de gramática explicado hoje, vê os exercícios de «Processos morfológicos de formação de palavras», nas pp. 24-27 do Caderno de Atividades.

Aula 60 (21, 23, 24, 25/maio) Entre as páginas 250 e 253 do manual está o conto «Asclépio, o “Caçador de Eclipses”». Vai lendo o texto a pouco e pouco e circundando logo a melhor alínea de cada item (creio que não há tempo para leres primeiro todo o conto).



No título, «o “Caçador de Eclipses”» é um

a) sujeito.

b) modificador apositivo.

c) vocativo.

d) complemento direto.



O segmento «embora graduado com distinção nestes últimos» (1-2), implica que Asclépio

a) era especialista em eclipses, mas tinha especial certificação para os solares.

b) não conseguia acalmar a multidão, apesar de graduado em eclipses solares.

c) não conseguia acalmar a multidão, apesar de graduado em eclipses lunares e solares.

d) não sabia afinal assim tanto de eclipses.



O «Padre Santinho» (5) seria

a) uma ironia.

b) Deus.

c) um padre com apelido «Santinho».

d) alcunha de padre que espirrava muito.



Em «a luz de Deus, essa, decerto jamais se apagará aos seus fiéis!» (5-6) temos uma

a) anáfora.

b) hipérbole.

c) hipálage.

d) metáfora.



«[d]a dita» (7-8) reporta-se a

a) «Letícia Catarata».

b) «a palavra».

c) «sua colega de bancada».

d) «Catarata».



«Tão rotundamente como a noite que daí a três dias, em pleno meio-dia, engoliria a quase totalidade da luz solar» (11-12) constitui

a) uma analepse.

b) uma prolepse.

c) uma cadeia de referência.

d) um futuro.



«o país travava-se de razões com o segundo grande eclipse solar do século» (12-13) significa que o país

a) lutava contra o eclipse.

b) argumentava em torno do eclipse.

c) estava prestes a observar um eclipse.

d) zangava-se com o eclipse.



«Pio» (16) é

a) correferente de «Asclépio Euclides».

b) masculino de «sanita».

c) uma onomatopeia.

d) personagem só introduzida neste segundo parágrafo.



A expressão «falta de memória», usada pelos médicos que observaram Lupino (28-29), constituía um

a) hipónimo de «esquecimento».

b) holónimo de «cérebro».

c) eufemismo.

d) referente de «cabeça.



O sujeito de «esqueceria» (63) é correferente de

a) «o jovem Asclépio».

b) «o Comandante Lupino».

c) «Governador-Geral de Colónia».

d) «a infância».



«horas após horas, tardes após tardes, dias após dias, meses e anos por fim» (72-73) é uma

a) apóstrofe.

b) metáfora.

c) anáfora.

d) gradação.



O último período do parágrafo delimitado pelas linhas 58 e 81 significa que

a) tio e sobrinho estudaram biologia, botânica, astronomia, geologia, geografia.

b) o «Museu» foi visitado por cientistas de várias disciplinas.

c) tio e sobrinho pediram informações a diversos cientistas.

d) diversos cientistas se encarregaram da formação de Asclépio.



«Tio Lupino» (86) é

a) sujeito.

b) modificador temporal.

c) vocativo.

d) modificador apositivo.



Ficar a «igreja tão cheia de ovelhas» (98-99) deveu-se

a) à fuga dos animais, atarantados com o eclipse.

b) à admiração por Deus, suscitada nos não-católicos pelo eclipse.

c) a ser essa a melhor plateia para observar o eclipse.

d) ao medo dos indígenas.



Padre Maciel (98) era

a) o Padre Santinho.

b) o Padre Diabinho.

c) Kalunga.

d) um padre que tinha de rivalizar com os deuses pagãos.



Quanto à sua formação, «solares» é uma palavra derivada por

a) parassíntese.

b) conversão.

c) sufixação.

d) prefixação e sufixação.



«um radiofonista de nome Igrejas qualquer coisa» (115-116) seria

a) o Padre Maciel.

b) Igrejas Caeiro, falecido há pouco tempo.

c) brincadeira do autor para fazer crítica ao catolicismo.

d) um locutor da Rádio Renascença.



Do parágrafo das ll. 118-129 se depreende que

a) assistentes saíram da palestra receosos.

b) assistentes perceberam o essencial das explicações de Euclides e Catarata.

c) brancos perceberam as explicações; os negros, não.

d) se acentuaram os temores dos assistentes à palestra.



À data do eclipse de 1968,

a) Moçambique já era independente.

b) o tio Lupino já morrera.

c) o tio Lupino ainda era vivo.

d) o tio Lupino ainda não se reformara.



Na p. 210, lê o poema «O nosso mundo é este...», de José Gomes Ferreira. Faz a tarefa de escrita indicada no final da p. 211 (nota que o texto pedido aí, «expressivo», não tem de ser, obrigatoriamente, em verso).




Veremos hoje o início de Os Coristas, que trataremos também quanto a aspetos de narratologia (no manual, pp. 282-283, há um glossário de termos deste domínio).



O filme começa num espaço (_____) e num tempo (____) que serão abandonados pouco depois. Nesse primeiro nível narrativo, a figura principal parece ser o maestro Pierre Morhange. Ficamos a saber que é pessoa bem sucedida. Mesmo antes de terminado o concerto e sair, intuímos que a sua mãe terá morrido. Por isso, quando vemos depois um enterro, percebemos que estamos agora noutro espaço, em França, mas ainda no presente.

O funeral é o pretexto natural para conhecermos mais uma personagem, Pépinot. Até aqui não há narrador (num conto, haveria decerto um narrador de 3.ª pessoa, _______, mas talvez com focalização através de Pierre — isto é, que nos apresentasse os acontecimentos filtrados sobretudo pela perspetiva do maestro). O reencontro dos dois colegas permite datar a ação da narrativa encaixada que se vai seguir: foi há «uns cinquenta anos».

Antes de chegarmos a esse segundo nível narrativo, a personagem secundária Pépinot funciona — brevemente — como narrador _______ (narrador de ação testemunhada mas não vivida como herói), ao explicar como lhe chegou às mãos o diário-álbum que vai constituir a narrativa encaixada. Faz uma ponte entre os dois níveis narrativos.

Aberto o diário, olhada a foto de conjunto (que favorece a identificação das personagens e a transição entre tempos e espaços), o narrador passa a ser Clément Mathieu. É um narrador homodiegético (aliás, ________, já que é a personagem principal do que vai contar). Entramos numa ________, que nos faz recuar até 1949, e, por bastante tempo, vamos esquecer os dois sexagenários que abriram o diário do antigo professor.



TPC — Prepara leitura expressiva dos seguintes dois poemas (fica entre parênteses retos por quem a leitura dos poemas deve ser preparada):



«Poética» (199) [participantes nos jogos I e K da Liga dos Campeões]

«Conheço esse sentimento» (220) [participantes nos jogos I e K]

«Discurso ao Príncipe de Epaminondas, mancebo de grande futuro» (215) [participantes nos jogos J e L]

«Encontro» (223) [participantes nos jogos J e L]



«Depoimento [Miguel Torga]» (206) [Liga Europa, grupos I e II]

«Cordial» (207) [Liga Europa, grupos I e II]

«O relógio [Vinicius de Moraes]» (208) [Liga Europa, grupos III e IV]

«O relógio — adereço conceptual para usar no pulso» (208) [Liga Europa, grupos III e IV]



Os infelizes que já só estão a disputar jogos particulares devem preparar dois poemas dos da Liga Europa ou um dos da Champions.







Aula 61 (24, 25, 30/maio) Uma das classes de palavras que, na nova terminologia, têm mais diferenças relativamente ao que conhecíamos do terceiro ciclo é a do advérbio.

Costuma dizer-se que os advérbios qualificam verbos (como os adjetivos qualificariam, modificariam, os nomes). Não é uma verdade exata, como se verá a seguir. As frases que usarei como exemplos são de «Advérbios de modo não combinam com amor» (série Carlos). Completa as lacunas com advérbio, frase, verbo, adjetivo.


Em «Você é jovem e moderadamente bela», o advérbio «moderadamente» modifica o ______ «bela». Identicamente, em «você me deixou completamente ***», o _____ «completamente» está a modificar o adjetivo eufemisticamente traduzido por ***.

Em «Efetivamente, gosto de aparências», o ____ «efetivamente» modifica toda uma frase («gosto de aparências»). Tal como em «Contrariamente ao que dizem, nunca pus os pés no Finalmente» o grupo adverbial «contrariamente ao que dizem» modifica a _______ «nunca pus os pés no Finalmente».

Mas é verdade que o caso mais comum será o de o advérbio modificar o grupo verbal. Em «Gosto extremamente de você», «extremamente» modifica «gosto (de você)». Em «Qual é o mal de falar precisamente?» e em «Eu falo assim», os advérbios «precisamente» e «assim» reportam-se ao _____ que os precede.

Os advérbios podem até modificar outros advérbios. No sketch não há nenhum caso desses, mas, por exemplo, em «Ricardo Araújo Pereira canta pouco afinadamente», o ____ «pouco» reporta-se ao advérbio «afinadamente».



Vejamos as subclasses do advérbio. Como se percebe pela p. 302 do manual, a arrumação é diferente da tradicional. Teremos de ir experimentando as novas classificações, nada fáceis, a pouco e pouco (por sinal, este «a pouco e pouco» é uma locução adverbial). Tendo em conta as nove (sub)classes de advérbio na p. 302, completa com predicado, frase, conectivo, negação, quantidade/grau, inclusão/exclusão:



Em «Principalmente, a tendência que eu tenho para adverbiar», «principalmente» é um advérbio _____ (tem função de conexão, serve para ligar frases ou constituintes).

Já vimos advérbios de _____: «falar com modificadores verbais persistentemente»; «falar precisamente»; «eu falo assim»; «nunca pus os pés no Finalmente».

E advérbios de _______: «Efectivamente, gosto de aparências».

Em «Escolheu um cara que, estupidamente, somente adjetiva», «somente» é advérbio de _________ (enquanto «estupidamente», que se reporta a «somente adjetiva», é um advérbio de predicado).

Em «Eu gosto extremamente de você», teríamos um advérbio de ________.

Por fim, em «Advérbios de modo não combinam com amor», «não» é advérbio de _______.



Refira-se ainda uma característica dos advérbios em «mente» com que, a certa altura, se brinca na canção: a possibilidade de, em séries, se omitir o «mente» dos primeiros advérbios: «estudarei gramática abnegada e esforçadamente».

Só que os Gato Fedorento usam uma série demasiado grande, por isso implausível: «E me deixou, designadamente, nomeada, exata e mormente, completamente ...» (além de que o primeiro elemento da série não teria o «mente», só o último).




Aula 62 (28, 30, 31/mai, 1/jun) Correção do questionário de leitura feito há duas aulas.

Resolução de questionário de gramática.



Circunda a melhor alínea.



A palavra «choro», provinda de «chorar», é formada por

a) derivação não afixal.

b) conversão.

c) derivação imprópria.

d) parassíntese.



Em «menos ais, menos ais, menos ais» e «o Estado tem de emagrecer», temos exemplos de

a) conversão e derivação não afixal.

b) derivação não afixal e conversão.

c) derivação imprópria e parassíntese.

d) conversão e derivação por prefixação.



As palavras «ineficazmente» e «couve-flor» são, respetivamente,

a) derivada por prefixação e sufixação e composto morfológico.

b) derivada por parassíntese e composto morfossintático.

c) derivada por prefixação e sufixação e composto morfossintático.

d) derivada por parassíntese e composto morfológico.



A palavra «geologia» (geo + logia), é formada por

a) composição morfológica.

b) composição morfossintática.

c) truncação.

d) derivação por prefixação e sufixação.



São palavras derivadas por derivação não afixal

a) «amanhecer», «fotografia», «engordar».

b) «alcance», «debate», «compra».

c) «amor», «corte», «andamento».

d) «burro», «conquista», «apara».



São palavras derivadas por prefixação

a) «infeliz», «inexato», «rever».

b) «filósofo», «anormal», «alindar».

c) «recocó», «repente», «apor».

d) «índio», «interior», «Inglaterra».



Uma das diferenças entre a derivação com constituintes morfológicos e a composição é

a) na composição haver mais do que uma forma de base.

b) na derivação haver sufixos.

c) na composição a base serem radicais e, na derivação, palavras.

d) na derivação haver radicais e afixos.



As palavras «tira-nódoas» e «girassol» são

a) compostos morfológicos.

b) compostos morfossintáticos.

c) palavras compostas por justaposição e aglutinação, respetivamente.

d) composto morfossintático e composto morfológico, respetivamente.



As palavras «profe» (< professor) «informática» (informação + automática) são exemplos, respetivamente, de

a) truncação e empréstimo.

b) cunhagem e empréstimo.

c) cunhagem e extensão semântica.

d) truncação e amálgama.



«Unicef» e «AMI» são exemplos de

a) siglas.

b) acrónimos.

c) truncações.

d) empréstimos.



«Yaros» (< Yaroslav), «Gi» (< Gisela), «Bia» (< Beatriz), «Sol» (< Solange), «Dani» (< Daniel) são exemplos de

a) onomatopeia.

b) truncação.

c) derivação não afixal.

d) derivação imprópria.



«Sumás de ananol» é brincadeira que implica o processo de

a) amálgama.

b) truncação.

c) composição morfológica.

d) derivação não afixal.



A palavra «leitor» (de DVD’s), resultante de analogia com um «leitor» (de textos), exemplifica o processo de

a) Hanna Schmitz.

b) empréstimo.

c) estrangeirismo.

d) extensão semântica.



«Corista» (< coro) é uma palavra derivada por

a) parassíntese.

b) prefixação.

c) sufixação.

d) derivação não afixal.



«SOS» (< Save Our Souls) e «PJ» são, respetivamente,

a) sigla, sigla.

b) sigla, acrónimo.

c) acrónimo, sigla.

d) acrónimo, acrónimo.



«Empréstimo» e «estrangeirismo»

a) podem ser palavras sinónimas, mas «estrangeirismos» tem conotação depreciativa.

b) são sinónimos exatos.

c) supõem, respetivamente, grafias aportuguesada e a da língua original.

d) correspondem a palavras entradas no português recentemente e a palavras em curso de acomodação.



Galicismos são palavras

a) francesas.

b) portuguesas provindas do francês.

c) de origem galesa.

d) da família de «galo» («ovo», «Roberto», «crista», etc.).



A palavra «feni», inventada por um lexicógrafo afinal engenheiro, era

a) uma cunhagem.

b) uma onomatopeia.

c) uma composição.

d) um empréstimo.



A grafia «cócó» é

a) correta, porque o acento gráfico visa marca a abertura do «o» da primeira sílaba.

b) incorreta, porque uma palavra aguda não teria nunca acento na penúltima sílaba.

c) correta, porque a palavra, sendo grave, tem de ter acento na antepenúltima sílaba.

d) correta, porque a palavra é grave e aguda, resultando de composição.



A palavra «Abú» está

a) mal escrita, porque «u» final nunca é tónico.

b) bem escrita.

c) mal escrito, porque nenhuma palavra pode terminar com «u» acentuado graficamente.

d) mal escrita, porque esta palavra seria já aguda sem acento gráfico.



«alvedrio» é uma palavra

a) esdrúxula.

b) grave.

c) aguda.

d) certamente mal grafada.



«Imbele» é uma palavra

a) aguda.

b) grave.

c) esdrúxula.

d) que inventei eu.



A grafia «baínha» é

a) correta, porque o acento desfaz o ditongo («ai»).

b) errada, porque não se usa acento no «i» tónico antes de «nh».

c) incorreta, porque nas palavras graves não é preciso acento.

d) errada, por desfaz um ditongo que deveria existir.



«Ninguém» tem acento gráfico, porque

a) é palavra esdrúxula.

b) é palavra aguda.

c) as palavras agudas terminadas em consoante nasal têm acento gráfico.

d) as palavras agudas terminadas «-em» têm acento quando dissílabas.



O acento grave

a) usa-se apenas em palavras graves.

b) usa-se em palavras agudas e esdrúxulas.

c) marca a sílaba tónica.

d) indica vogal aberta.



Pausas preenchidas são

a) silêncios num discurso.

b) intervalos nas frases completados com palavras.

c) ateliês de tempos livres.

d) alongamentos enquanto não ocorre a palavra a usar.



Em «Fulano está bué calmo», «bué» é um advérbio de

a) frase.

b) predicado.

c) quantidade/grau.

d) modo.



Em «Devorei o salmão sofregamente», «sofregamente» está a modificar

a) toda a frase.

b) o predicado.

c) um adjetivo.

d) um nome.



Em «Inicialmente, lemos um texto; depois, estudámos gramática; por fim, vimos um filme», os advérbios e a locução adverbial pertencem à subclasse dos

a) advérbios conectivos.

b) advérbios de frase.

c) advérbios de tempo.

d) advérbios de predicado.



Em «Possivelmente, considerarão esta pergunta sobre advérbios demasiado fácil» há

a) um advérbio de frase e um advérbio de quantidade.

b) um advérbio de predicado e um advérbio de quantidade.

c) um advérbio conectivo e um advérbio de grau.

d) um advérbio conectivo e um advérbio de predicado.



Em «Vale bem a pena verem algumas análises a letras de músicas escolhidas por colegas, embora haja muitos ‘anda comigo ver os aviões’», temos

a) um advérbio.

b) dois advérbios.

c) três advérbios.

d) zero advérbios.



Em «Bruno Alves cortou rápida e meigamente a jogada», as duas palavras em itálico são

a) adjetivo e advérbio.

b) dois adjetivos.

c) dois advérbios.

d) um adjetivo e uma mentira.



Num contrato usa-se

a) a 3.ª pessoa e identificam-se os dois outorgantes mas só no final.

b) a 2.ª ou a 1.ª pessoa, podendo haver identificação dos outorgantes.

c) a 3.ª pessoa e revelam-se os dois outorgantes logo no início.

d) a 1.ª pessoa e identificam-se os dois outorgantes.



Numa declaração, o declarante é

a) um serviço oficial.

b) o subscritor.

c) o destinatário.

d) o requerente.



Um regulamento divide-se em

a) cláusulas.

b) artigos.

c) outorgantes.

d) itens.



Há uma hipérbole em

a) «fumei um cigarro pensativo».

b) «em 1755 boa parte de Lisboa ficou destruída».

c) «o Barcelona goleou por 5-0».

d) «este trabalho de gramática será uma derrocada».



Uma apóstrofe é

a) a repetição de uma palavra no início de vários versos ou frases.

b) um vocativo.

c) a repetição de uma palavra ou expressão no final de versos ou frases.

d) o sinal usado para marcar sinalefas («morr’amor!»).



Em «Estudámos figuras de estilo e advérbios e processos de formação de palavras e o diabo a quatro», temos

a) um assíndeto.

b) um polissíndeto.

c) uma gradação.

d) uma metonímia.



A frase em que não há nenhuma metáfora é

a) «O blogue é uma gaveta de textos úteis».

b) «Não havia nuvens na sua alegria».

c) «A tua impertinência funciona como uma seta que me apontas».

d) «As dificuldades económicas são desafios ou espinhos ou faróis».



Em «Bebi o cheiro verde dos teus acalantos», além de má poesia, há

a) uma antítese.

b) um oxímoro.

c) um paradoxo.

d) uma sinestesia.



TPC — Prepara leitura expressiva dos seguintes dois poemas (fica entre parênteses retos por quem a leitura dos poemas deve ser preparada):



«Curiosidades estéticas » (183) [participantes nos jogos A e B da Liga Europa]

«Se alguém respirasse e cantasse uma palavra» (195) [participantes nos jogos A e B]

«Para atravessar contigo o deserto do mundo» (222) [participantes nos jogos C e D]

«Monólogo» (223) [participantes nos jogos C e D]



«O poema» (192) [Liga dos Campeões, jogos M e N]

«O poeta» (196) [Liga dos Campeões, jogos M e N]



                Os infelizes que já só estão a disputar jogos particulares (digamos, todos os que não estão nos jogos supracitados) devem preparar dois poemas dos da Liga Europa ou um dos da Champions.





Aula 63 (31/mai, 1/jun, 6/jun) Iremos comparar o conto «A chama obsitinada da sorte», de Luis Sepúlveda, autor chileno, com o filme Feios, Porcos e Maus, do realizador italiano Ettore Scola.

            Para já, lê a parte 1 do conto (pp. 261-262) e completa a coluna esquerda da tabela.



«A chama obstinada da sorte»
Feios, Porcos e Maus
Dedicatória
Para o senhor Aladino Sepúlveda, primeiro __________.
[Não há]
Personagens
O protagonista, um velho de ________ anos, era o patriarca de uma família numerosa, que sob o teto da sua cabana se acolhia (pelo menos, nas épocas de _______).
O seu adjuvante (na verdade, segunda personagem, decerto mais que mero figurante) era ______, aparentemente mais estimado pelo velho do que o resto da família, «esses merdosos».
O velho segue um ritual repetido há ______ anos, quando «chega o tempo das vacas magras»:  põe na boca fatias de «charque», com que depois constitui um bolo que dá ao cão a engolir, ordenando-lhe, porém, que não o ______. Uma vez finda esta operação, velho e cão _______; e familiares regressam à cabana.
O protagonista, _____, também é o chefe da família. O seu poder sobre os outros provém do dinheiro que guarda, esconde, obsessivamente. Tem como oponentes quase todos os restantes parentes, que crê quererem roubá-lo.
Os outros (no fundo, a personagem coletiva ‘restante família’) conspiram contra ele, mas Giacinto também os ataca, não se chegando a um resultado que favoreça uma das partes.
Diga-se ainda que há uma personagem um pouco à parte do confronto dos dois pólos e, ver-se-á, sua vítima, que é a ______. Só talvez ela não seja propriamente uma personagem-tipo (todas as outras o são, já que os seus comportamentos são estilizados no sentido de representarem quase caricaturas).
Narrador
O narrador é _____________ {participante / não participante} e, na primeira parte do conto, parece ter focalização ________ {interna / externa /omnisciente}.
Na parte 2, quase parece que o narrador adota uma focalização interna. Isso decorre também da importância que ganha o monólogo do velho, (que é, na verdade, um diálogo em que _________ não chega a intervir explicitamente).
Não há narrador (nem voz off que faça o seu papel). Podemos dizer que, em muitos momentos, há focalização _______ em Giacinto, já que seguimos as peripécias através do seu olhar e temos os retratos das personagens filtrados pelas observações, pelos monólogos, do protagonista.
A miúda funciona um pouco como um «narrador de focalização externa». Quando ela surge, o que se nos mostra parece «menos comentado», como observado por alguém que só pudesse ver a superfície e desconhecesse quaisquer outras informações.
Espaço
A ação situa-se na Patagónia argentina. O centro é uma cabana, perdida na estepe, com pergaminhos históricos que serão relevantes na intriga: nela tinham vivido dois bandidos famosos, _______ e _______.
Quando termina a primeira parte, inicia-se uma ________, a Esquel, a grande cidade.
O conto irá terminar com o regresso à cabana (que, ver-se-á, é ela mesma parte do enredo).
A ação decorre em Roma (Itália), quase concentrada numa _______ e nos terrenos em redor. É um território que é disputado (o poder do protagonista advém também de ser o seu proprietário). Incrustado na cidade, o espaço em causa não deixa de estar à margem da urbe.
No final, há um regresso ao espaço inicial, um entrincheiramento da família, e até de outros, naquele espaço, cada vez  mais inverosímil.



            Lê agora a parte 2 (pp. 263-264).



Viagem
A viagem a Esquel (aquela concreta viagem, uma de muitas) vai ser pretexto para se rememorar toda a história. Logo na parte 2, à custa dos diálogos-monólogos do velho, se fará uma analepse um pouco intervalada, que constitui afinal o grosso da ficção. Quando terminarem estes trechos de analepse (já não na parte 2), termina também a viagem presente, e com ela o conto, e estamos prontos para o regresso à cabana.
Também há uma viagem — não anual, mas mensal — que tem um objetivo semelhante à peregrinação anual do velho e seus cães. Trata-se da ida à cidade, para efeitos de recebimento da reforma da avó. Em outra viagem, a comemoração do batizado, o herói acaba por se sair tão bem como sai o velho chileno das suas transações anuais. Na retoma da barraca, há o mesmo caráter cíclico que encontrámos no conto de Sepúlveda



TPC — Os finalistas (ou semifinalistas) da Liga dos Campeões e da Liga Europa devem preparar as partes 3 [p. 266: (vencedor de) E; 267: (vencedor de) F] e 4 [p. 269: vencedores de M e N] do conto que estivemos a ler.



Aula 64 (4, 6, 8/jun) [nas turmas 6.ª e 9.ª, em que ainda houve mais uma aula — 65 (8/jun) — a aula 64 foi, no fundo, desdobrada] Correção do trabalho de gramática (cfr. Apresentação).



Preenchimento de texto-síntese sobre categorias da narrativa (aplicadas ao conto e filme que temos acompanhado).



            A propósito de Os Coristas, mas também do conto «A chama obstinada da sorte» e de Feios, Porcos e Maus, fomos vendo algumas categorias da narrativa (cfr. glossário de narratologia, pp. 282-283).

            O narrador já foi suficientemente referido, quer quanto à participação como personagem — principal (autodiegético), secundária (homodiegético) — ou não (heterodiegético), quer quanto ao conhecimento revelado na narração (focalização omnisciente, interna, externa — ou seja, desde o conhecimento completo àquele que advém da pura _________ do que se desenrola à nossa frente).

            Não falámos numa figura mais rara. Imaginemos, por exemplo, que o diário de Clément Mathieu estava dirigido «aos meus alunos de 1949, no Fundo do Pântano», e que o narrador os ia invocando aqui e ali («lembram-se de quando começámos o nosso coro?»). Seriam os narratários. Não podemos confundir «narratário» e «leitor» (do mesmo modo que são diferentes «_______» e «autor»). Também o Aladino Sepúlveda a quem é dedicado o conto que estamos a ler não é um narratário, é apenas o destinatário da dedicatória.

            Referimos o espaço (físico), por causa da importância de cabana-Patagónia e barraca-Roma (respetivamente em «A chama» e em Feios, Porcos e Maus) e das próprias deslocações-viagens que ocorrem nas duas narrativas. Por vezes, considera-se também os conceito de espaço social (que reconheceríamos no ambiente dos camponeses da estepe, dos marginais do bairro de lata ou, no caso dos Coristas, das crianças estigmatizadas) e de espaço psicológico (ambos ______, quanto a mim).

            E há o tempo. Uma narrativa tem de dar conta representar o tempo da história (o tempo cronológico), numa extensão medida em linhas e páginas, o tempo do discurso. O discurso pode condensar o tempo da história, pode omitir até partes da diegese, pode também ampliar pequenos momentos. Frequentemente, altera a ________ da sua apresentação (analepses, prolepses). Na «Chama», de Luis Sepúlveda, a narração começa e acaba na mesma viagem anual e, no entanto, ao longo do curto conto, recuamos a todo um passado de décadas. Nos Coristas, a analepse que temos estado a seguir vai terminar com o desenlace no colégio, mas, regressados ao presente, Pépinot ainda irá resolver numa nova _____________ o que já não coubera no diário de Mathieu. Em Feios, Porcos e Maus, a ação parece concentrar-se em poucos dias, mas há um truque para se recuperar informações do passado, os monólogos e diálogos de Giacinto.

            Das personagens já salientámos a classificação quanto ao _________ que têm (protagonista, secundárias, figurantes). Já referimos a possibilidade de se considerar certas personagens como coletivas (o colégio, a família).

            No domínio da composição, haveria que distinguir as personagens planas (previsíveis, pouco trabalhadas psicologicamente) e as redondas (no fundo, mais verdadeiras). O extremo do desenho plano da personagem é a personagem-____, que obedece até a um perfil caricatural (como vimos em Feios, Porcos e Maus). Nos Coristas, as personagens adultas secundárias são personagens relativamente _______ (ou mesmo tipos: o diretor autoritário, o professor excêntrico, o empregado bondoso), mas talvez que Clément e a mãe de Pierre possam exemplificar as personagens redondas, mais densas psicologicamente. Creio que o velho de «A chama» é uma personagem ____________.

            As personagens podem ter caracterização direta ou indireta. Em «A chama obstinada da sorte» o retrato psicológico do velho decorre do que diz e faz (e não de alguma explicitação, de alguma definição,  que o narrador avançasse): é, portanto, uma carascterização ________. Nos filmes, o natural é a caracterização ser indireta, embora, no caso de Feios, Porcos e Maus e de Os Coristas, as observações dos dois heróis acerca das outras personagens favoreçam uma caracterização _________.

            Permita-se-me assinalar ainda que para o desenlace (para o desfecho da ação) concorre decisivamente o ______ de cão.