Sunday, September 16, 2012

Quatro



Miguel D.


Miguel D. (18) Pontos fortes Boa escrita. Apesar de a parte do resumo poder parecer extensa, na verdade, como está bem redigida, e associada a breves alusões às categorias narratológicas, não resulta mal. Também há outra razão para o resumo nos não aborrecer: o proporcional enquadramento na experiência pessoal, antes e depois da referência à obra. A leitura em voz alta, de um texto que não era nada fácil, há de ter sido bastante preparada. A entoação é sempre correta, a velocidade adequada (há talvez, aqui e ali, exagerada velocidade ao nível de palavras, com pouca definição de sílabas, mas não ao nível frásico; e saiu mal «bisbilhotar»). O slide é já uma informação enquadradora (e olhos menos míopes do que os meus  conseguem ver, encostado à lombada do livro, um símile de Poirot). Prazo mais recomendado foi cumprido. Aspetos melhoráveis Notei uma única agramaticalidade («e não *lhe havia escapatória»). E é discutível a expressão «de forma clichê» («clichê» como adjetivo?; melhor: «de forma que nos parece um clichê»). Hesito ainda em «para que apontaria o dedo» [apontasse].


Lena





Lena (14,8) Pontos fortes Leitura em voz alta sem incorreções (o que, dada a extensão do texto, já é bastante meritório), embora acabe por sobrevir certa monotonia, que momentos em que se tentou maior expressividade (com entoações típicas dos narradores de histórias) não conseguiram esbater completamente, porque o resumo se torna demasiado imbricado. Slide criativo. Aspetos melhoráveis Abordagem foi sobretudo narrativa, de resumo (conviria ter entretecido isto com com considerações subjetivas, com alguma apreciação do livro, etc.). Em vários momentos, o tempo verbal usado poderia respeitar maior distância (é um relato de história passada). Exemplos: em ver de «a discussão deveu-se», era melhor «a discussão devera-se»; por «um deles confiou», «um deles confiara» (como se estava a narrar no perfeito, nestas ações ainda anteriores, passadas dentro do passado, fica mais elegante o mais-que-perfeito). Trocaria ainda «o desenlace passa-se a descobrir» por «o desenlace inclui/implica descobrir».

 

Núria





Núria (17,3) Pontos fortes Abordagem que cruza a experiência pessoal e a alusão à obra, de modo que se torna apelativo. Leitura em voz alta bastante expressiva (com teatralidade que tem vantagens, embora também implica maiores dificuldades — por o registo ser difícil de manter). Aspetos melhoráveis Na redação, algumas regências: «aos quais nos propôs a leitura» («cuja leitura nos propôs»); «aquela rua que tão bem conheço e que, numa provável antiga adega,» («aquela rua que tão bem conheço e em que, numa provável [presumível] antiga adega,»), («a figura ridícula de que só imaginamos nos desenhos animados» («a figura ridícula que só imaginamos nos desenhos animados»).

 

Alexandre C.





Alexandre C. (17,8) Pontos fortes Bom texto, conseguindo-se associar estilo confessional (leituras anteriores), breve resumo da obra escolhida e sua análise (ancorada numa comparação Poirot/Hastings vs. Holmes/Watson). Leitura em voz alta sem erros, embora com certo «lisboetismo» (tendência para comer vogais ou sílabas inteiras). Boas pronúncias francesas. Slide funcional. Aspetos melhoráveis Uso excessivo de «seu(s)/sua(s)» e de «este/a» (quase sempre, salvo erro, justificar-se-ia a simples elipse). Duas fragilidades de sintaxe: «aparentando ter sido por causas naturais» («aparentando a morte ter sido por causas naturais»); «como muitas vezes Agatha Christie o refere» (preferível sem anáfora: «como muitas vezes Agatha Christie refere»).

 

Francisco Hipólito



Fran Hipólito (15,4) Pontos fortes Equilíbrio entre crítica do livro, aproximação memorialística, relato do enredo. Leitura em voz alta clara e em velocidade adequada (embora um tanto altissonante e com uma ou outra raras hesitações). Slide simples mas esteticamente agradável. Aspetos melhoráveis «Entreter» é verbo derivado de «ter», o que faz que seja «entretive, entretiveste, entreteve» (e não «entreteu»). Em «A. C. é exímia a criar intriga», não sei se não terá havido confusão advinda da polissemia de «intriga» — «intriga», neste caso, corresponderia a ‘enredo’, ‘história’, ‘ação’, mas parece estar a ser usada, involuntariamente, no sentido de ‘coscuvilhice, etc.’. Também tenho dúvidas quanto a «o cruzeiro onde estive» (prefiro: «o cruzeiro em que estive», já que não sei se «cruzeiro» pode ser assumido como lugar— é mais tempo-lugar). Na leitura em voz alta, teria de haver pausa em «No início [,] em que as personagens são apresentadas,».

 

Inês B.



Inês B. (15,7) Pontos fortes Leitura em voz alta, calma, clara, com entoação pertinente e quase sem falhas (apenas uma hesitação em «optei por», cerca de 0.18). Slide original. Aspetos melhoráveis Por seis segundos não se atingiu o tempo mínimo (talvez pudesse esse tempo em falta, e mais algum, servir para abordagem analítica, crítica, já menos focada no resumo — devo dizer, porém, que, nos momentos em que escapou ao resumo, conseguiu a Inês ter ideias acertadas). Algumas falhas na coesão (frásica, referencial e lexical): «uma história muito simples em que todos os seus acontecimentos se passam numa tarde» («uma história simples cujas ações se concentram numa tarde»); «o desprezo que demonstravam perante os habitantes da vila» («o desprezo que mostravam pelos habitantes da vila»); «esta obra retrata uma história» («esta obra narra uma história«);«como já havia referenciado» («como já havia referido»); e há uns dois «estes» que podiam dar lugar a simples elipses.

 

Inês M.



Inês M. (18) Pontos fortes Boa escrita (que aliás, por a complexificar, tornou a leitura em voz alta muito exigente), com adequada alternância entre a voz da autora e o resumo do livro. (Ainda assim, um erro de léxico — «era capaz de me absorver do resto do mundo» deveria ser «era capaz de me abstrair do resto do mundo» — e uma regência discutível — «sem dúvida de que o caminho» talvez devesse ser «sem dúvida que o caminho».) Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta, ainda que sem erros de pronúncia ou hesitações (apenas uma, a dois segundos do fim), poderia estar melhor: há uma tentativa de encontrar entoações adequadas a um estilo coloquial que nem sempre foi bem sucedida (alguns alongamentos e ênfase parecem artificiais). Provavelmente, a melhor solução passaria por se assumir um estilo neutro, quase isento de expressividade — uma apreciação crítica implica um grau leve de presença do locutor (nas partes nitidamente confessionais, não por acaso, as entoações já resultaram bem).

 

Marta



Marta (18) Pontos fortes Escrita, em estilo levemente irónico, transmitindo bem a experiência, as experiências, de leitora sem se deixar de aludir a livros em causa. (Engraçado o argumento de, sendo a leitura para trabalho de uma disciplina, se tornar mais prazerosa, por não haver o remorso de se estar a desperdiçar tempo. Fica desfeito o mito de, para criar o gosto por leitura, se dever evitar conotá-la com tarefas escolares.) Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta, ainda que reveladora de muita capacidade — e talvez por isso mesmo —, foi por vezes demasiado rápida na metade final. É preciso ter em conta que quem ouve precisa de certo tempo para ir acompanhando o que o texto diz. Cerca de 2.40, interrogação saiu pouco natural. Na redação, há estes pontos emendáveis: «decidi ir dormir numa parte em que não devia ter escolhido para parar» («decidi ir dormir numa parte que não devia ter escolhido para parar» ou «decidi ir dormir numa parte em que não devia ter parado»); «angustiada com o que poderá acontecer» («angustiada com o que poderia acontecer» — depende de verbo no perfeito: logo o que, em discurso não reportado, ficaria no futuro passa agora a condicional); «vai de encontro» («vai ao encontro» ou «encontra»; ou era mesmo ‘choca com’? se sim, estava bem); «na descrição da história» («no resumo da história», «nas alusões à intriga»). Na segunda parte há alguns cortes (pausas) na gravação, o desvirtua ligeiramente o conjunto.

 

Rita S.



Rita S. (17,7) Pontos fortes Boa escrita (sobretudo no primeiro minuto, o mais pessoal, mas também no restante). Leitura em voz alta sem erros, diria até quase demasiado eficiente (explico-me: como há muita facilidade na leitura, Rita tende a ser rápida, monotonamente rápida, acabando por faltar fôlego, nem tanto a quem lê, mas a quem ouve — a leitura, de tão ritmada, de tão perfeita, torna o texto demasiado linear). Slide elegante. Aspetos melhoráveis Texto (que aliás ultrapassa ligeiramente o máximo recomendado) torna-se demasiado imbricado, à medida que se tenta fazer o resumo das obras (uma abordagem mais leve resultaria melhor). Reparos de sintaxe: «já teria lido» («já tinha lido» é que parece ter de ser); «houvessem pessoas» («houvesse pessoas» — o sujeito não é «pessoas»: com o verbo «haver», temos sempre sujeito nulo expletivo, logo singular); «apercebi-me que» («apercebi-me de que»); «percebi que foi um erro» (melhor: «percebi que fora um erro»).

 

Mar





Mar (16) Pontos fortes Boa ligação entre a abordagem autobiográfica e a de apreciação crítica. Leitura em voz alta muito clara e, quase sempre, na velocidade ideal. Aspetos melhoráveis Texto segue-se com bem mas merecia ser mais burilado, mais trabalhado (evitar algumas repetições; sofisticar um pouco o discurso, ainda que mantendo o conseguido estilo coloquial; evitar o presente narrativo, preferindo perfeito e mais-que-perfeito; rebuscar mais o léxico). Alguns segmentos emendáveis: «do Sherlock» («de Sherlock»; «da Agatha» («de Agatha»); repete-se demasiado «o livro» (há que usar anáforas ou algum outro mecanismo de coesão referencial ou lexical); «pedi à minha mãe para que me emprestasse o livro» («pedi à minha mãe que me emprestasse o livro» ou « pedi à minha mãe para me emprestar o livro»).

 

Catarina





Catarina (18,5) Pontos fortes Muito boa escrita (capaz de servir uma apreciação severa do livro, sem que o texto nos pareça pretensioso). Muito boa leitura em voz alta (se excetuarmos o que digo em baixo). Bom slide. Aspetos melhoráveis Quase todas as pronúncias francesas: «monsieur» lê-se «m[e]ssieur»; «femme», «f[á]mme»; «suspense», «susp[ã]se» (também «S[i]menon» está indevidamente lido à inglesa) — a minha representação não se socorre dos carateres fonéticos, mas tenta imitar os sons segundo as grafias portugueses correntes. Pronúncia de «arqui-inimigo» deve ser «[α]rqui-inimigo» (e não com [a] aberto). Tempo máximo foi ultrapassado em um minuto.

 

Daniel





Daniel (17,5) Pontos fortes Boa compreensão do livro de que se tratava, boa perceção das idiossincrasias do estilo de Rubem Fonseca. Escrita e leitura em voz alta quase sem erros. Slide pertinente. Aspetos melhoráveis Na segunda parte da gravação, a leitura em voz alta parece-me pouco coloquial, demasiado «gritada» (menos calma, menos natural, do que até aí). Pronúncia de «Mandrake» deve ser com «a» aberto, à portuguesa: «Mandr[á]ke». Em vez de «tem um vício por se relacionar», poria «tem o vício de se relacionar»; logo a seguir, «realçando assim» deveria ficar «realçando-se assim». Cerca de 2.00, não percebo bem uma frase (problema técnico? de pronúncia? de sintaxe?).

 

Beatriz





Beatriz (16,4) Pontos fortes Leitura em voz alta (um pouco prejudicada por a captação de som não ser extraordinária). Texto conjugando bem apreciação do livro e considerações pessoais. Aspetos melhoráveis Redação poderia ter sido mais revista, mais elaborada. Dou exemplos de passos em que era fácil requintar o discurso: «é um livro falado na 1.ª pessoa» («é um livro narrado na 1.ª pessoa» ou «é um livro cujo narrador é homodiegético»); «não é mais um livro que tem o objetivo de nos pôr a chorar» («não é mais um livro que tenha o objetivo de nos pôr a chorar»); a certa altura, repete-se bastante «[este] livro» (haveria que usar os mecanismos de coesão referencial ou lexical)»; «condições tão baixas de vida» («condições de vida tão baixas»); «decidi fugir ao que me foi pedido» («decidi fugir ao que me fora pedido»). Não se percebe uma palavra em 0.40 («e não é [?] a todos os que leram sobre este tema»); também parece haver problemas de sintaxe cerca de 1.10-1.15, mas não consigo ouvir tudo bem.

 

Joana



Joana (16) Pontos fortes Leitura em voz alta, calma e quase sempre com boas entoações (emendaria, porém, a pronúncia de «amabilidade» — que deveria ser menos soletrada, já que, sobretudo em Lisboa, não dizemos as vogais todas —, uma hesitação — em «frontal» — e «Sir», que saiu quase «Shir», talvez por assimilação a «Sherlock»).  Aspetos melhoráveis Escrita está bastante elaborada, mas, aqui e ali, com vocabulário que a Joana não domina na íntegra. Alterações que faria: «este livro com Sherlock Holmes foi a minha primeira experiência com palavras escritas» passaria a «este livro foi a minha primeira experiência com Sherlock Holmes através de palavras escritas»; «detalhista» é palavra possível, ainda que não dicionarizada, mas eu defenderia um simples «detalhado», «pormenorizado», «descritivo».

 

Raquel



Raquel (15) Pontos fortes Estruturação do texto, sua planificação, preocupação em descrever com detalhe o objeto de que se ocupará (o que, porém, também constituiu uma desvantagem, já que impossibilitou um estilo mais pessoal, menos formal). Slide agradável. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta pareceu, por vezes, pouco ensaiada, pouco repetida (pronúncias hesitantes das seguintes palavras: «incluídos», «naval», «intérprete» (é esdrúxula!), «homicídio» — as pausas-cortes na gravação também desvirtuam um tanto a tarefa de leitura. Na escrita, corrigiria: «bastantes acessíveis» («bastante»); nesta frase começa-se por um sujeito singular («esta obra») mas prossegue-se com verbo no plural, «são bastante acessíveis» (percebo que se estivesse a a pensar em «contos», mas, na verdade, esse sujeito não chega a aparecer); «foi um dos únicos» («foi um dos poucos»); «que aí se aproximava» («que se aproximava» — o deítico só se justifica dentro da narrativa); «colega de estudo» («colega de estudos»).

 

Tomás



Tomás (13) Pontos fortes O próprio livro escolhido. Informalidade e um estilo de quem conversa que acabam por despertar quem ouve (no entanto, essa espontaneidade tem também as suas desvantagens, notando-se falhas na expressão oral — vê-se que não houve efetivamente suficiente preparação, independentemente de se ter apostado porventura numa abordagem mais coloquial). Aspetos melhoráveis Demasiado resumo (em prejuízo de considerações pessoais e de apreciação da obra). Problemas de redação: «político e prisioneiro a quem lhe foi dada permissão» (era: «político e prisioneiro a quem foi dada permissão»); «quando vai a visitar a sua mãe» («quando vai visitar a sua mãe»); «o tinham cego» («o tinham cegado» — com o verbo «ter» é sempre a forma regular do particípio passado); «na cidade de Irkutsk onde o governador» («na cidade de Irkutsk cujo governador»). Captação do som. 

 

Sara







Sara (17,5) Pontos fortes Todo o início do texto, dando conta das hesitações quanto à obra a ler e da opção tomada. Equilíbrio entre parte introdutória (mais pessoal), o miolo do texto (resumo do próprio livro) e a conclusão (apreciativa). Leitura em voz alta sempre certa, embora prejudicada por o som da gravação não ter ficado impecável. Aspetos melhoráveis Duas fragilidades de sintaxe: «dá conta que um dos cadáveres» («dá conta de que um dos cadáveres»); «foi o primeiro livro de ... e recomendo» («foi o primeiro livro de ... e recomendo-o»).

 

Maria Inês





Maria Inês ([não é fácil atribuir uma classificação, porque o formato, dados os onze minutos e trinta, é bastante diferente do que eu já interiorizara]) Pontos fortes Relação com obras lidas (e associação entre ambos os livros). Escrita, com vários bons achados: «estava tão cega daquele livro»; «começa-se por começar, mas eu começo pelo fim»; «faz que corramos, mas atentos, pelas páginas fora»; até o começo por frase da contracapa; etc. (No entanto, noto que há segmentos muito inspirados em recensões na net, o que me desilude e me deixa na incerteza quanto ao que devo mesmo elogiar.) Slide agradável. Aspetos melhoráveis Desleixo relativamente ao que se combinara (prazo — gravação chegou-me já depois do conselho de turma, pelo que nem a pude ter em conta para efeitos de avaliação; tempo — mais do dobro do tempo máximo estipulado; e até, ainda que mais perdoável, a presença de música de fundo). Algumas falhas de revisão da redação (conselho para o futuro: investir na releitura, na microscopia, em prejuízo da prolixidade): «Que me fizeram pegar nele e começar *o a lê-lo» (se bem oiço); «descreve os acontecimentos» («narra os acontecimentos»); «a escrita é feita como se fosse o correr do pensamento» («a escrita simula o correr/o curso do pensamento»; «o texto está escrito de maneira a imitar o curso...»); «os diálogos são apenas intermediários [se ouvi bem] por pontos ou vírgulas» («os diálogos são apenas intermediados por pontos ou vírgulas»»); «imaginarmos uma história [?]» (cerca de 1.50, não consigo perceber); «é aqui onde ocorre boa parte da história» («é aqui que ocorre boa parte da história»); «as casas estão desabitadas, ocupadas por outros habitantes» («as casas estão abandonadas ou ocupadas por outros habitantes»); «analogia àquilo que» («analogia com aquilo que»); «chamar efetivamente de homens» («chamar efetivamente homens»). A leitura em voz alta, sendo o texto tão longo, não poderia ter saído impecável (mesmo assim, até se evidencia a capacidade de Maria Inês, mas, é claro, deveria ter havido mais ensaios — o que era exequível se o tempo máximo tivesse sido observado).

 

Gonçalo V.





Gonçalo V. (12,5) Pontos fortes Leitura clara, embora com demasiada «pontuação» (nem todos os sinais de pontuação significam pausas na transposição oral: boa parte da pontuação é mera convenção sintática sem implicações na oralidade). Aspetos melhoráveis Incumprimento de regras que combináramos (gravação não vinha no formato estipulado — e até eu fui capaz de fazer as conversões necessárias... —, tempo ficou ligeiramente aquém do mínimo estipulado, pedira que se trasse de obra lida agora e não em anos anteriores). Correções à redação: «um dos livros que mais me marcou» (é: «um dos livros que mais me marcaram»); «todas as pessoas desta sociedade ficam cegas» (em princípio, deveríamos assumir o distanciamento do discurso reportado: «todas as pessoas daquela sociedade ficavam cegas»); «penso que, com esta personagem, o autor cria-a para» (penso que o autor cria esta personagem para»); «acontecimentos que se vão realizando» («acontecimentos que se vão sucedendo»); «manicómio, que, aos poucos, se vai tornando cada vez mais insuportável de se viver» (manicómio, onde a vida, aos poucos, se vai tornado mais insuportável»). Algumas repetições que uma boa revisão evitaria: perto do final, em poucos segundos e sem que pareça propositado, dois «jamais esquecerei» e dois «aos poucos».

 

Miguel B.





Miguel B. (12,5) Pontos fortes Slide (conseguindo associar capa e o próprio autor da apreciação —aparecendo este a produzir gesto simbólico, a representação de uma pistola, que, simbolicamente, consegue também voltar a cruzar os dois planos, o do policial e o da sua apreciação). Alguns momentos com bons achados de linguagem criativa («um livro inteligente, com personagens inteligentes»; «a história vai aquecendo e os detetives vão ficando queimados»; «sem um bode para pôr na panela»  — um bode expiatório, portanto —; etc.). Aspetos melhoráveis Tudo foi feito decerto apressadamente. Quantas vezes se experimentou a leitura em voz alta? Na verdade, a leitura em voz alta parece quase «à primeira», chega a parecer a de quem está a reconhecer o que vai ler e ainda não ensaiou. Também a escrita está pouco elaborada, pouco revista («para o ajudarem com o seu problema» (era: «para o ajudarem no seu problema» ou «para o ajudarem a resolver o seu problema»); «que foram contratados por ..., que os contratou» (óbvia falta de revisão); «falado na internet». Além disso, teria sido preferível fugir ao simples resumo da intriga (note-se: a intriga é o enredo — ao longo da gravação, intriga surge com outro sentido: «a intriga não desaparece até à última página»; «continuou a aumentar a intriga»), adotando uma abordagem mais pessoal ou apreciativa. Tempo mínimo não chegou a ser todo aproveitado.

 

João





João (13) Pontos fortes Gostei sobretudo do primeiro minuto, mais memorialístico. Está bem escrito, embora essa redação não tivesse sido muito pensada em termos de leitura em voz alta (há frases compridas, porco naturais na expressão oral). Fica também a noção de que o livros, e outros da mesma autora, foram efetivamente lidos. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta decerto poderia ter sido mais ensaiada. A redação da parte de resumo-síntese do livro é menos elegante do que a do minuto inicial (talvez fosse de a reduzir e ampliar os momentos mais pessoais ou de apreciação crítica). Notei haver demasiados «seus» e «suas». Em geral, era mais pertinente o Mais-que-perfeito do que o Perfeito: «quando eram mais novos, fugiu» (era melhor: «fugira»); «sempre foi» («sempre fora»). Não está bem também «Poirot lembra-me de um pinguim» («lembra um pinguim»). Em «No dia seguinte, esta aparece» (creio que a anáfora está demasiado longe do referente: talvez se tivesse de usar mesmo o nome). Solução do slide foi pouco imaginativa. Futuramente, prazo deve ser mais tido em conta.

 

Alexandre F.





Alexandre F. (11,5) Pontos fortes Relação com o livro lido (percebemos que a apreciação é genuína, que as considerações acerca da obra são espontâneas). Consegue-se, aqui e ali, um esboço de justificação teórica para o sucesso ou para as dificuldades postas pelo livro (livro sobre livro; o excesso de itálico; as revelações diferentes das do cinema). O próprio livro escolhido, saindo já das leituras mais breves que eram exigidas. Aspetos melhoráveis Houve pouco ensaio (da leitura em voz alta), pouca elaboração (da escrita). Poderia dizer-se que assim o texto fica mais natural, «mais real», mas, num trabalho destes, pretende-se formalidade na redação e uma leitura em voz alta mais perfeita (mesmo que seja no sentido de imitar a coloquialidade — são aqueles improvisos que dão muito trabalho a preparar...). Uso nem sempre aceitável de «este» (e outros problemas de sintaxe). Slide podia ser mais criativo.

 

Gonçalo C.



Gonçalo C. (13,5) Pontos fortes Não era fácil fazer uma apreciação do livro, que implica conhecer vários dados da história mais ou menos recente do Chile. Creio que estas crónicas serão aliás difíceis (e talvez devesse eu ter aconselhado outro livro). Mesmo assim, o Gonçalo conseguiu encontrar o tema agregador e explicá-lo aceitavelmente. Slide criativo e informativo.  Aspetos melhoráveis A leitura tentou ser muito pausada, o que foi boa solução, mas talvez, aqui e ali, exagerada. Há algumas imperfeições de escrita: em vez de «Este livro trata-se», seria «Trata-se de...»; Cerca de 1.20, a redação tem sintaxe um pouco embrulhada. A pronúncia de «Allende» é «A[lh]end[é]». Prazo, no futuro, deve ser mais cumprido.

 

Rodrigo








Rodrigo (14) Pontos fortes Leitura em voz alta clara e pausada (por vezes, esse rtimo pausado confunde-se com uma leitura demasiado pontuada, quase se percebendo as vírgulas do original, e aí o que era mérito passa a demérito). Redação é interessante, com alguma tentativa de analisar narratologicamente, embora haja relativamente pouco texto (cfr. lentidão e tempo da gravação) e certo recurso a bordões («recomendo vivamente»; «leitura íntima»; «livro carismático»). Aspetos melhoráveis Incumprimentos de indicações (prazo; tempo mínimo — três minutos; falta de capa do livro inteiramente visível no slide). «Estreou» foi pronunciado «[Ex]treou» Redação: «a maioria dos detalhes que nos era proporcionada» («eram proporcionados»); «proveniessem» («proviessem»).

 

Gonçalo N.





Gonçalo N. (9) Pontos fortes Leitura em voz alta bastante aceitável Aspetos melhoráveis Tudo foi feito com pouco investimento. Depois de tantos meses de espera, a gravação vem com menos de metade do tempo mínimo estipulado, com uma imagem que nada tem de subjetivo e com um texto que plagia trechos tirados da net.

 

Manel



Manel (12,5) Pontos fortes Leitura em voz alta está muito audível, embora me pareça pouco espontânea (e também surgem hesitações, que mostram não ter havido ensaios suficientes). Redação revela bom vocabulário (para ser franco, fiquei com dúvidas sobre se não houve, sobretudo na parte que se debruça sobre Rex Stout e sobre Nero Wolfe, algum aproveitamento de textos prévios, da net ou outros). Imagem. Aspetos melhoráveis Não se terem decerto lido as instruções do trabalho (ver aqui). Estipulavam estas um tempo máximo de cinco minutos, que foi ultrapassado em dois minutos. Também aí se referia a necessidade de fugir ao simples resumo — o que aliás ficava exemplificado no modelo que eu próprio tentei —, mas essa acaba por ser a abordagem predominante do texto do Manel. Este género de texto, com o relato de todas as peripécias, implicou uma escrita nem sempre elegante e um tanto monótona. Só nos últimos segundos se chega à apreciação propriamente dita (muito leve, de resto, em contraste com o que ouvíramos até então). Até por o prazo ter sido tão ultrapassado, teria sido exequível, e vantajoso, ouvir gravações de outros colegas e ler alguns dos meus comentários.

 


Alexandre A.



Alexandre A. (Podes fazer melhor) Pontos fortes Ter-se cumprido a entrega deste trabalho, ainda que muito tarde. Deve dizer-se que o autor tem noção do desleixo em que algumas vezes incorre (vá lá, bastantes vezes) e percebe-se que há nisto tudo mais desarrumação, falta de tempo, do que má vontade. Noção de que a obra foi mesmo lida. Aspetos melhoráveis Como diz o Alexandre no início da gravação, foi só após «uma longa ponderação» que se decidiu a escolher a obra a ler (na verdade, foi tão longa essa ponderação que este trabalho só me chega agora no final do ano), o que me leva ao conselho: ponderar um pouco menos e despachar-se mais a entregar as tarefas (e despachar-se também para chegar às aulas a horas, já agora). Pronúncia de «Poirot», à inglesa, é um belo candidato ao Prémio ‘António José Seguro’, destinado a más pronúncias francesas (mas Catarina é capaz de obter o primeiro lugar). Pronúncia de «Mary», à bielorussa, é por sua vez, um convincente candidato a um prémio para más pronúncias inglesas. «Também conhecida como ‘Rainha do crime’, ..., entre outros» (entre outros epítetos / nomes). Na parte final da gravação há alguns problemas de sintaxe. Redação demasiado genérica (há pouco sobre o livro em causa). Leitura em voz alta devia ter sido mais ensaiada. Tempo mínimo não foi cumprido.

 

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