Monday, September 15, 2014

Aulas (2.º período, 1.ª parte: 53-76)


Aula 47-48 bis [nas turmas 1.ª, 12.ª e 7.ª, a primeira aula do 2.º período (5 ou 7/jan) equivaleu à aula 47-48, dada no 1.º período nas turmas 8.ª e 5.ª (4 e 5/dez) — para se ver esta aula, consulte-se, por favor, a secção com as aulas do 1.º período, 2.ª parte, na aula 47-48]



Aula 53-54 (7 [8.ª, 1.ª], 8 [12.ª, 5.ª], 9/jan [7.ª]) Situa-te nas pp. 76-77, face ao texto «Quero», de José Luís Peixoto. Primeiro, lê só até à linha 14 e responde:

O período «Uma vez que o tema da identidade portuguesa nunca foi tratado pela nossa literatura, acredito que o texto que se segue é da maior atualidade» (ll. 4-9)

a) significa que o cronista considera importante o assunto que vai tratar.

b) significa que a identidade portuguesa é tema inabitual na nossa literatura.

c) é irónico, querendo, no fundo, dizer que o cronista acha o contrário.

Nas linhas 9-14, o cronista equipara o episódio que vai contar ao fado, à saudade, ao vinho do Porto, ao galo de Barcelos. As expressões que sublinhei são co-hipónimos, podendo ter como hiperónimo «_____».

Lê agora as ll. 15-109 e sintetiza em cerca de oitenta palavras o que aí nos é narrado:

O cronista entrou numa pastelaria ...

....

....

Por fim, lê a partir da l. 110 e até ao fim. Embora o texto seja uma crónica (cfr. definição na p. 68), este final é quase delirante, um tanto inverosímil, o que o aproxima mais da ficção do que do género cronístico comum.

O que te peço é que troques esse final (ll. 110-140) por uma conclusão em que o cronista se limite a comentar o episódio que relatara até aí, embora tentando tirar dele uma lição. Não haverá portanto narração de agressões ao empregado, mas, como seria normal numa crónica mais convencional, uma breve reflexão de índole opinativa (em estilo incisivo, talvez, por ser o mais típico do fecho das crónicas). Não pretendo mais de cem palavras.

Automático, o empregado de mesa disse: queria?, já não quer?

...

...

...

O sketch «Concurso de empregados de mesa» (série Meireles) dá mais exemplos de respostas de criados de mesa que trocam o entendimento comum de um dado pedido de clientes (formulado segundo o princípio de cortesia) por uma sua interpretação literal (como se tudo o que disséssemos devesse obedecer apenas à máxima da qualidade, ou seja, a um suposto critério de factualidade).



O trecho de filme que vamos ver, de A invenção da mentira, mostra-nos como a máxima da qualidade e o princípio da cortesia são até, muitas vezes, incompatíveis. Numa sociedade como a ficcionada no filme, em que a expressão obedecesse sempre a um princípio de veracidade (‘tudo o que se diz deve corresponder à verdade, deve cumprir as máxima de qualidade’), constantemente se gerariam situações de grande indelicadeza.



TPC — (1) Vê em Gaveta de Nuvens a instrução para leitura de livros; (2) Prepara a leitura (a compreensão e a própria leitura em voz alta) de «Entrevistas» (pp. 79-80).



Aula 55-56 (8 [8.ª], 9 [5.ª], 14 [1.ª, 7.ª], 15/jan [12.ª]) Correção do trabalho de conclusão de crónica feito na última aula.
Depois de relanceares o texto de António Lobo Antunes «Entrevistas» (pp. 79-80), que pedira fossem lendo em casa, responde às perguntas 1 e 2 de Leitura/Compreensão (80). Responde de modo integrado, abordando ao mesmo tempo o que se pede nos dois itens. (Pode ser útil consultar as definições de crónica — p. 68 — e de entrevista — p. 81.)
1. & 2. ...
...
...
Imaginando-te António Lobo Antunes, responde a algumas (ou a todas) destas perguntas, supondo que se tratava de entrevista na imprensa escrita. Nota que as respostas a uma entrevista a publicar em jornal são revistas linguisticamente, não apresentando, em geral, características da gramática da oralidade. E também não costumam ser respostas de sim ou não, já que as perguntas são assumidas como pretexto para o comentário (longo) de quem responde.
O que representa a Europa para si?
...
Em que medida o facto de ter sido médico influiu na sua escrita?
...
Como encara o futuro do romance?
...
Qual a sua relação com Deus?
...
De que modo, no seu entender, o que deixou será lido daqui a cinquenta anos?
...
Os prémios literários são importantes para si?
...
Escuta a crónica de Fernando Alves (do programa «Sinais», da TSF) e diz se as afirmações na p. 81 são V(erdadeiras) ou F(alsas).
A. ___; B. ___; C. ___; D. ___; E. ___; F. ___; G. ___; H. ___; I. ___.

Responde à pergunta 2 da p. 81.
...

TPC — Resolve/estuda as perguntas sobre ‘Acentuação’ no Caderno de Atividades (pp. 7-11; soluções na p. 88). Em Gaveta de Nuvens (aqui) ficam reproduzidas estas páginas.

Aula 57-58 (14 [8.ª], 15 [5.ª], 16 [7.ª], 19/jan [1.ª, 12.ª]) Nas pp. 72-73 do livro, lê a crónica de Fernanda Câncio, «Bem-vindos ao submundo». Depois, passa à crónica aqui em baixo, de Miguel Esteves Cardoso, «Natal Fatal». Sintetiza-as, num texto de cem a cento e trinta palavras. Não deixes de pôr em confronto as conclusões a que chegam os dois cronistas.
(Conselhos: (1) usa palavras tuas, embora em registo formal; (2) não te fixes em pormenores: tenta perceber o essencial da defesa que é feita em cada crónica; (3) neste trabalho, interessa-me perceber se compreendeste os textos e se rediges com elegância e objetividade. Começa por ler o que se diz sobre a Síntese na p. 292.)
Nos sketches que veremos (Gato Fedorento, série Fonseca) caricaturam-se entrevistas e reportagens para televisão. Podemos ver em cada sketch um de cinco perfis de maus entrevistadores/repórteres: 
A — O que se limita a recolher depoimentos de ‘populares’, sem relevância informativa.
B — O que gosta de reportar acontecimentos curiosos, em vez de se ocupar com assuntos relevantes.
C — O que é agressivo com o entrevistado, a quem, no fundo, não quer ouvir (já se fixou o sentido da reportagem, o mais espetacular, e a entrevista serve apenas para lhe dar colorido e fingir cumprimento dum dever jornalístico).
D — O que não concede tempo suficiente às respostas do entrevistado (em geral, porque se considera que as audiências são menores quando há momentos mais discursivos).
E — O que pretende obter um «sound bite» a todo o custo e, de certo modo, não quer saber a opinião do entrevistado, mas apenas poder anunciar uma frase, ter uma «cacha».








Sketch
Perfil
«Testemunhas de acidente»

«Cão gigante»

«O que quer dizer com isso?»

«Padre Carla»

«Tempo de satélite»

«Vai candidatar-se, sotor?»


Comenta o que se diz na notícia «Robôs a fazer entrevistas» (saída no Público), articulando-a com o que defendia  Fernando Alves na sua crónica radiofónica «O homem que mordeu a maçã» (Sinais, TSF).

Fernando Alves, «O homem que mordeu a maçã», Sinais, TSF, 17 de maio de 2006:
A BBC já pediu desculpas pelo equívoco que pode ter sido a sorte grande de Guy Goma. O que se passou foi que Guy Goma, um cidadão congolês, recém-licenciado em Economia mas desempregado, que se encontrava na recepção da BBC à espera de uma entrevista de trabalho, foi confundido com o director de um portal de Internet sobre tecnologia e levado à emissão de economia do canal «24 Horas» onde a apresentadora lhe perguntou, em direto, se estava surpreendido com a decisão de um tribunal favorável à companhia Apple. A cara de Guy Goma nesse momento é indescritível. Num inglês com forte sotaque francês ele, contudo, não se desmanchou. Ainda que surpreendido, mordeu a maçã (I’m very surprised to see...). Guy Goma talvez tenha conseguido, devido a este equívoco, um emprego na televisão e é provável que o mereça. O homem que mordeu a maçã do paraíso está involuntariamente no centro do que parece um equívoco feliz.
Nem é preciso que comparemos este equívoco com aquele outro, contado há uma semana na TV Justiça do Brasil, sobre um desempregado preso por engano. E a BBC fez aquilo que uma grande televisão tem a fazer: pediu desculpa por um deslize, que não resulta de uma negligência transformada em norma, como diariamente vemos nos serviços noticiosos das televisões, que se socorrem do transeunte desprevenido ou posto a jeito. A propósito do calor que faz na praia ou do acidente na curva perigosa, não há transeunte ou desocupado que não seja chamado a dar palpite. Informação sem crivo tomada como boa, opinião não qualificada. O equívoco é, neste caso, a regra. No país do acho, todos acham em directo ou diferido. O caso de Guy Goma é, neste tempo em que até o território do jornalismo foi invadido pelo mais pobre reality show, a parábola feliz.
Onde o critério não é o da negligência até os erros são lições. Os jornalistas transeuntes deviam parar e pensar. Em quê? Antes de mais na necessidade de voltar a morder a maçã.
TPC — Escreve um texto suscetível de concorrer ao concurso «A melhor carta» (CTT/ANACOM), cujo regulamento pus no blogue. Nem todos os textos poderão depois concorrer efetivamente — até pela idade-limite, que é de 15 anos em 31 de janeiro —, mas pretendo que façam todos esta tarefa enquanto tepecê (que pode ser entregue na próxima ou na aula seguinte à próxima).
O essencial da indicação é «Escreve uma carta a descrever o mundo onde gostarias de crescer». O texto deve ter a forma epistolar, seguindo a estrutura de uma carta, com 300 a 800 palavras. Quanto a mim, vale a pena adotar abordagem original, evitando as banalidades a que o tema em causa facilmente nos leva.
Podes trazer-me a carta à mão ou a computador, embora, para efeitos de eventual envio ao concurso, me pareça conveniente a escrita em computador. Como já terei dito, para este e para todos os nossos trabalhos, considerarei falta grave «picarem-se» coisas da net ou de outros lados.

Aula 59-60 (15 [8.ª], 16/jan [5.ª]; nas restantes turmas esta aula fica adiada ou será diluída em outras) Há duas aulas, pedi que estudassem umas páginas do Caderno de Atividades sobre acentuação. Retomamos agora essa matéria.
As formas erradas que se seguem são retiradas de redações (vossas ou de colegas). Todas têm problemas de acentos. Escreve a forma já corrigida, ao lado da regra que lhe corresponda (escreve, portanto, na coluna da direita, onde já pus alguns exemplos).
[o] porque [das coisas] / intíma [adjetivo] / tentão [Presente do Indicativo] / provavél / tambem / contrario [adjetivo ou nome] / brincavamos / cardiaco / acreditára [Mais-que-perfeito] / proximo / unica / so / relogio / neuronios / fôra / saira [Mais-que-perfeito] / passeavamos /estáva / príncipal / ultimo [adjetivo] / dificil / alguem / estadio / sotão / iría / faceis / Africa / páis [‘parentes’] / [ontem] juramos / alí / e [Presente de «Ser»] / [quis] deixa-los / pensão [Presente] / possivel / tivémos / ninguem / podera [Futuro] / dár-me / hipotese / acabára / sonambula / [eles] mantém / saíu / imprevísivel / irónicamente / começaram [Futuro] / familia / passáros / musica / incrivel /faziamos / noticias [nome] / chegármos / iamos / lêem

regra que as grafias em cima não cumprem
formas já corrigidas
Palavra aguda terminada em a, e ou o (com ou sem -s) leva acento.
Palavra aguda terminada em ditongo nasal [ãw] leva til.
verão
Palavra aguda terminada em i ou u (com ou sem s) precedidos de vogal com que não formem ditongo leva acento.
Luís
Palavra aguda terminada em -em ou ens, se tem mais de uma sílaba, leva acento.
parabéns
Palavra aguda terminada em ditongo aberto leva acento.
céu
3.ª pessoa do plural de «ter» ou «vir» leva acento circunflexo (para se distinguir da forma do singular).
vêm
Palavras agudas fora das condições acima descritas não levam acento.
peru
Palavras graves, não havendo outra condição especial, não levam acento.
vemos
Palavras graves terminadas em -l, -n, -r, -s, -x e -ps levam acento.
nível
Palavra grave terminada em ditongo oral (seguido ou não de -s) leva acento.
fúteis
Palavra grave terminada em ou -ão (seguidos ou não de s) leva acento.
órfã
Palavra cuja sílaba tónica i ou u não forma ditongo com a vogal anterior (a não ser se seguir um -nh ou -m, -n e -r) leva acento.
constituído, sair
1.ª pessoa do plural do pretérito perfeito da 1.ª conjugação leva acento (para se distinguir do presente). [para os nortenhos, precindível]
andámos
3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo «poder» leva acento (para se distinguir do presente).
pôde
Não se emprega acento antes de ditongos iu ou ui precedidos de vogal.
caiu
Todas as palavras esdrúxulas (verdadeiras ou aparentes) têm acento.
esdrúxula, Flávio

De anos anteriores, já conhecerás a estrutura típica de uma notícia. Transcrevo de um manual de 9.º ano (Aula Viva, p. 70):
«A elaboração de uma notícia, ordenando os factos por ordem descrescente de importância, criou no jornalismo a técnica conhecida por pirâmide invertida. A notícia é constituída por duas partes: a primeira denomina-se lead (ou cabeça) e a segunda, corpo ou desenvolvimento da notícia.
Como se faz o lead? Embora as opiniões variem, a cabeça de uma notícia deve conter os elementos resultantes das respostas a quatro perguntas: Quem?, O quê?, Quando?, Onde?»

Vejamos também esta notícia, que adaptei de um Público de 2006.

            Engano na recepção da empresa

Erro na BBC transforma candidato a emprego em perito em tecnologias

A estação britânica BBC News convidou um especialista em novas tecnologias para comentar a batalha legal entre as empresas Apple Corps e Apple Computer, mas, em vez de um homem branco chamado Guy Kewney, a jornalista da BBC entrevistou um homem negro chamado Guy Goma, que não sabia o que estava a fazer num estúdio de televisão.
Segundo o jornal The Mail, Goma foi levado para o estúdio, onde lhe colocaram um microfone, depois de ter levantado a mão quando um produtor chamou por Guy Kewney. A BBC já admitiu o erro e indicou que Guy Goma é um cidadão do Congo, licenciado, que estava na empresa à espera de uma entrevista de emprego.
De acordo com a estação, tudo começou quando um produtor da BBC foi buscar Guy Kewney, director de um site especializado em novas tecnologias, à recepção errada no edifício da empresa. Quando perguntou pelo especialista, um rececionista apontou na direcção de Guy Goma. «Você é Guy Kewney?», perguntou o produtor, que já tinha visto uma foto do verdadeiro perito. Goma respondeu que sim e foi conduzido ao estúdio, onde ainda respondeu a três questões, em directo, mas a apresentadora conseguiu informar o editor de que o convidado parecia «sem fôlego e muito nervoso» e a emissão mudou rapidamente para um correspondente no exterior. Só então se descobriu que Guy Kewney estava ainda à espera na recepção. «Foi tudo um mal-entendido. Vamos tomar todas as medidas para garantir que isto não volta a acontecer», disse uma porta-voz da BBC.

Escreve uma notícia inspirada no soneto de Camões que está na p. 148. O que no poema surge como um pedido, uma ordem, do poeta é o que a tua notícia assumirá como acontecimento a reportar — os vários cataclismos daquele dia. A notícia terá título (e, opcionalmente, um antetítulo), um primeiro parágrafo (o lead) e mais um ou dois parágrafos de desenvolvimento. Pode servir de modelo da estrutura típica de uma notícia o texto «Erro na BBC transforma candidato a emprego em perito de tecnologia».
Os factos serão essencialmente os enunciados no soneto, embora em registo atual, o que deve obrigar a acrescentos para melhor contextualização (criados por ti, naturalmente). A eventual alusão a um nascimento assim e assado poderá constar, mas só no último parágrafo e como dado ainda pouco confirmado.
TPC — Lembro o último — carta para concurso dos CTT —, que é para ser entregue na próxima aula. Lembraria ainda o de há duas aulas — páginas sobre acentuação no Caderno de Atividades (que podem ser estudadas também agora).


Aula 61-62 (21 [7.ª, 8.ª, 1.ª], 22/jan [12.ª, 5.ª]) O assunto será atos ilocutórios. Podes abrir o livro nas pp. 321-322. Lê o que pus a seguir e vai completando.
Os atos de fala dividem-se em locutórios (o próprio facto de se falar), ilocutórios (o tipo de ação que se pretende realizar: uma ordem, uma promessa, uma constatação, uma ameaça, etc.) e perlocutórios (o efeito produzido no interlocutor: ficar o ouvinte ofendido, envergonhado, convencido, etc.).
Nos atos ilocutórios diretos, a intenção comunicativa fica explícita no que é dito; nos atos ilocutórios indiretos, a intenção comunicativa tem de ser captada pelo interlocutor. Por exemplo, em «Leiam o texto tal» há um ato ilocutório _______; mas, se, no contexto de uma aula, o professor disser «É na p. 321», temos um ato ilocutório ______, cuja _______ (‘ordem para se começar a ler’) tem de ser inferida pelos interlocutores.
O entendimento de um ato de fala está dependente do contexto comunicativo. O que possibilita que a frase «É na p. 321» seja percebida como ordem para que se leia é o facto de se estar numa ________ de _______.
Os atos ilocutórios podem ser agrupados consoante a força ilocutória (o objetivo ilocutório) que apresentam:
diretivos (pretende-se que o interlocutor actue de acordo com a vontade do locutor) — «Querem abrir os livros na p. 321?»; «Abram os livros na p. 321».
assertivos (assinala-se a posição do locutor relativamente à verdade do que diz) — «Não há dúvida de que esta é a melhor frase»; «Admito que haja aqui um equívoco meu».
expressivos (traduz-se o estado de espírito do locutor relativamente ao que diz) — «Entristece-me que tenha partido»; «Muitos parabéns pelo teu teste».
compromissivos (responsabilizam o locutor relativamente a uma ação futura) — «Não darei aula esta terça»; «Prometo entregar os prémios Tia Albertina».
declarativos (aquilo que se diz cria, por si só, uma nova realidade) — «Absolvo-te das falhas cometidas»; «Fica aprovado com catorze valores».
O conteúdo proposicional pode não ser determinante no objetivo ilocutório. Há que contar também com o tipo de frase (interrogativo, imperativo, declarativo, exclamativo) e com o contexto: «Estou constipadíssima», num contexto em que há uma porta aberta, pode ser um ato ilocutório {escolhe} direto / indireto que corresponda ao objetivo ilocutório (à força ilocutória) ________ (com a locutora a pretender que ________).
Indica o tipo dos actos ilocutórios (diretivo / assertivo / expressivo / compromissivo / declarativo):
1. Fala com o diretor de turma. ______
2. Gostei que fizesses cocó no penico. ______
3. Sei que Gedeão era Rómulo de Carvalho, professor de Física. ______
4. Ficam isentos do pagamento os menores de setenta e três anos. ______
5. A hipótese mais provável é que tenha perdido o comboio. ______
6. Duvido que te interesse. ______
7. Chegarei às onze e sessenta e dois. ______
8. Detesto que me estejam sempre a pressionar. ______
9. Vou pensar no que me propõe. ______
10. É inadmissível que te impeçam de ires ao jogo. ______
[fundado em M. Olga Azevedo, M. Isabel Pinto & M. Carmo Lopes, Exercícios — Gramática Prática de Português — Da Comunicação à Expressão]
Preenche as quadrículas em branco, interpretando os atos de fala dos três sketches (série Barbosa). Por vezes, previ duas interpretações (uma, direta; a outra, indireta, aliás mais verosímil). No tipo (segundo a força ilocutória), porás assertivo, diretivo, expressivo, compromissivo. (Nenhum exemplo é de ato declarativo.)
Ato de fala
direto / indireto
tipo (segundo a força ilocutória)
modo verbal, etc.
«Últimos desejos»
Julgava que eras meu amigo...
direto
assertivo
«julgar» + imperfeito do indicativo
indireto

Por favor, promete que passas para açúcar mascavado.
direto

imperativo + «por favor»
Eu mudo para açúcar mascavado.
direto


Gostava de ouvir o mar.

expressivo
imperfeito do indicativo
indireto

Carlos, descansa.
direto


indireto
expressivo
«Velha que faz apartes longuíssimos»
Sr. Aurélio, quando puder, era dois quilos de maçã reineta.
(in)direto

imperfeito do indica-tivo + «quando puder»
E não se deve discriminar as pessoas só porque têm gonorreia.
direto
diretivo
presente de «dever» + infinitivo
indireto

Todo o aparte é assertivo (e serve para relatar anteriores atos de fala assertivos — da velha e do seu marido). O estranho é que a entoação não corresponde à esperável neste tipo de força ilocutória e que não haja atos de fala expressivos em reação.
«Condutor de ambulância»
Pronto. Está bem.
direto

advérbio e presente do indicativo
Arranca. Depressa. Já.
direto
diretivo

Há aqui indivíduos que devem estar cheios de pressa.
direto

«dever» no presente
A sensação que me dá é que está verde há muito tempo
direto

«dá-me a sensação» + presente do indicativo
Não podia ir um pouco mais rápido?
indireto

imperfeito de «poder» + infinitivo
Morreu.
direto


indireto
expressivo

Escreve uma resposta a 1.1 (p. 149). Procura aproveitar a perspetiva crítica acerca do papel da comunicação social com que nos temos deparado em textos recentes.
...
Põe no discurso indireto as falas do cartoon:
O rapaz ruivo perguntou ____
O miúdo mulato e com um três na camisola _____
O catraio mais à direita ____
TPC — Estuda exercícios sobre ‘Atos ilocutórios’no Caderno de Atividades, pp. 60-62. (Ainda aceitarei, mas só até à próxima aula, a carta pedida em recente tepecê.)

Aula 63-64 (22 [8.ª], 23 [5.ª, 7.ª], 26/jan [12.ª, 1.ª]) Lê a crónica nas pp. 69-70, «Eles que», de João Aguiar. Em cada item, circunda a letra da melhor alínea.
No período que abre o texto (ll. 1-5), reconhecemos dois objetivos ilocutórios (correspondentes a cada uma das metades em que a vírgula os divide):
a) declarativo; compromissivo.
b) assertivo; compromissivo.
c) expressivo; declarativo.
d) expressivo; assertivo.

Em «E não será a despropósito, como os leitores verão» (5-7),
a) a forma de tratamento corresponde a artigo definido + nome + 3.ª pessoa.
b) a forma de tratamento corresponde a artigo definido + nome + 2.ª pessoa.
c) a forma de tratamento corresponde a você + 3.ª pessoa.
d) o narrador não se dirige a ninguém.

No terceiro parágrafo (10-20), o cronista
a) permite que depreendamos ter havido críticas à delegação portuguesa.
b) ironiza com o facto de ter havido poucos comentadores.
c) critica o facto de não se verem imagens de quem comenta os Jogos.
d) ridiculariza a semelhança das opiniões dos comentadores.

Nas falas em discurso direto a que o cronista recorre nas ll. 22-29, o que se satiriza é
a) a estranheza dos nomes dos atletas concorrentes.
b) a irrelevância de algumas modalidades nos Jogos.
c) a linguagem dos que comentavam os Jogos.
d) o excesso de repetições das mesmas reportagens.

«E com isto sagraram-se, todos, campeões mundiais da Bengala Idiota, em todas as categorias» (33-36) reporta-se
a) aos atletas.
b) aos comentadores.
c) aos membros da delegação portuguesa.
d) a todos os participantes.

«Isto é a rapaziada do desporto, há que dar-lhes o desconto...» (43-44) refere-se
a) à delegação portuguesa e aos atletas.
b) aos atletas portugueses.
c) aos atletas de todos os países.
d) aos comentadores.

O parágrafo entre parênteses nas linhas 45-51 critica
a) a condescendência que se costuma ter com a linguagem do jornalismo desportivo.
b) o facto de se ser mais exigente em termos linguísticos com os desportistas do que com outros grupos.
c) a linguagem de muitos com responsabilidades, o que quase tornaria legítima a complacência com outros erros.
d) o desprezo a que se tem votado a linguagem desportiva.

Nas ll. 52-59, o narrador assume que o bordão linguístico «sempre igual a si próprio»
a) já não é corrente.
b) ainda perdura.
c) ainda tem surtos.
d) é uma verdadeira epidemia.

Para o cronista, conforme se anuncia nas ll. 61-62, o mais trágico é que
a) também na Antena 2, em programas culturais, se ouve já « sempre igual a si próprio».
b) a praga do «sempre igual a si próprio» já passou aos programas culturais.
c) «ele que» já extravasou dos programas desportivos para os culturais.
d) estes tiques linguísticos se revelam definitivos.

Nas ll. 76-78 alude-se a
a) produtos com prazos de validade curtos.
b) um negregado dia.
c) epidemias breves.
d) modismos efémeros.

O que incomodou João Aguiar, aquando da divulgação de Mulheres à beira de um ataque de nervos, foi
a) o próprio filme de Almodovar.
b) a menção que o título continha a «nervos».
c) o trocadilho fácil que o título do filme inspirou.
d) a escola jornalística dos totós que palravam diante de microfones.

O «vírus» na l. 101 corresponde
a) ao bordão «ele que».
b) ao bordão «eles que».
c) aos apresentadores-robôs.
d) aos comentadores-robôs e aos apresentadores-robôs.

As formas corretas das palavras em itálico nas linhas 109-112 seriam:
a) «membro»; «quaisquer»; «aversão».
b) «membrana»; «qualquer»; «medo».
c) «membro»; «quaisquer»; «medo».
d) «membro»; «quaisquer»; «atração».

Nas últimas três linhas do texto (115-117), recorre-se a
a) três das expressões em moda que o texto mencionara.
b) duas das expressões em moda que o texto mencionara.
c) uma das expressões em moda que o texto mencionara.
d) quatro das expressões em moda que o texto mencionara.

Identificam este texto com o género cronístico as seguintes características:
a) linguagem informativa e objetiva; atualidade do tema.
b) preocupação com o quotidiano; tom pedagógico.
c) existência de lead; referência à atualidade.
d) linguagem literária; predomínio da subjetividade.


Como a crónica de João Aguiar, também «Dicionário Português-Manuelmachadês» caricatura a linguagem de alguém do meio desportivo. O tipo de discurso que é designado como «manuelmachadês» resulta de numa série de infrações à máxima conversacional de ______, já que é sobretudo a clareza da mensagem que sai prejudicada.
Porém, não podemos dizer que o princípio de _______ seja verdadeiramente posto em causa, porque a linguagem de Manuel Machado será compreensível para as pessoas do meio futebolístico, a quem se dirige. É certo que há um exagero de sinónimos mais «aperaltados» (usuais na gíria do futebol), mas percebemos que esse esforço de enfeitar o que podia dizer-se de forma simples até obedece à vontade de cumprir bem o papel de entrevistado. (Ou seja: é o princípio de _______ que leva o treinador a ser tão complicativo. Se ele respondesse liminarmente, o jornalista não teria grande entrevista e considerá-lo-ia convencido e descortês.)
Quais são os recursos estilísticos (as _______ de estilo) usados por Manuel Machado para conseguir a tal complexificação? Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases (circunlóquios; isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito em poucas). Vendo mais de perto, essas perífrases resultam de:
(1) troca de palavras/expressões por outras suas sinónimas mas de registo mais cuidado (nestes casos, pode surgir uma ou outra expressão com origem em metafóra).
(2) troca de palavras/expressões por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas, por eufemismo (evitando ‘ferir susceptibilidades’).

sentido denotativo
manuelmachadês
recurso
{1 ou 2}
como ganhámos, fizemos bem em jogar assim
a pontuação obtida, de alguma maneira, ratifica as opções tomadas

corrigiu os erros
retificou alguns procedimentos que tinha denunciado como deficitários

uma estratégia atacante
uma estratégia que não pressupunha uma metodologia muito defensiva

fim do jogo
parte terminal do encontro

últimos lugares do campeonato
lugares da parte terminal da tabela

o árbitro decidiu mal
o critério disciplinar foi extremamente agudo

não digo que o árbitro seja desonesto
nada do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus direitos, tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo

tentar não perder o jogo
obstar a que o Porto leve os pontos em disputa


Na última fala — «este tipo que andou no meio do terreno não presta» —, o inesperado é Machado não ter recorrido a um _____ que adocicasse a crítica ao árbitro.

Numa síntese do texto «Elogio da velhice enquanto verdadeira» (p. 68), comenta o modo como o seu autor encara o género jornalístico «crónica». (Tenta incluir uma ou duas citações, mas sem descurar a sua articulação com o resto do teu texto.)
...
Escreve um comentário que interprete o cartoon no cimo da p. 72, descrevendo-o no essencial e explicando a sua intenção crítica.
...
TPC Conclui (melhora) os comentários que começámos em aula. (Não esqueças a necessidade de ir  lendo algum livro dentro de perfil que lhes tracei. Se for caso disso, pede-me ajuda na escolha.)


Aula 65-66 (28 [7.ª, 8.ª, 1.ª], 29/jan [12.ª, 5.ª]) Correção dos questionários de compreensão de «Eles que» (feitos na última aula).
No final da aula vamos ver excertos de Bean, um autêntico desastre. Interessa-nos sobretudo o discurso de Bean acerca do quadro conhecido como «A mãe de Whistler», do pintor James Whistler (1834-1903), nascido no Massachusetts. O comentário de Bean é pertinente, ainda que não seja como o que faria um verdadeiro especialista em pintura.
Para se perceber o discurso, convém saber que foi proferido perante uma plateia de cidadãos americanos, na presença do milionário benfeitor que tinha adquirido o quadro para o doar a um museu. Ao falar, Bean tinha a pintura à vista e para ela ia apontando.

Bem... Olá. Eu sou o Dr. Bean (pelo que parece).
O meu trabalho consiste em sentar-me a olhar os quadros. Portanto, o que aprendi eu que possa dizer sobre este quadro?
Bem, primeiro que tudo, que ele é muito grande. O que é magnífico, pois, se ele fosse muito pequeno — microscópico, estão a ver —, ninguém conseguiria vê-lo, o que seria lastimável.
Em segundo lugar — e estou a aproximar-me do fim desta análise do quadro —, em segundo lugar, porque é que se justifica que este homem tenha gasto 50 milhões dos vossos dólares na sua compra?
E a resposta é... Bem, este quadro vale tanto dinheiro, porque é um retrato da mãe de Whistler e, como eu aprendi ao ficar em casa do meu melhor amigo, David Langley, e da sua família, as famílias são muito importantes e, apesar de o Sr. Whistler saber perfeitamente que a sua mãe era uma avantesma atroz com ar de quem se sentara num cato, ele não a abandonou e até se deu ao trabalho de pintar este extraordinário retrato dela. Não é apenas um quadro, é um retrato de uma velha taralhoca e feiosa que ele estimava acima de tudo.
E isso é maravilhoso. Pelo menos é o que eu penso.

Numa versão puramente escrita deste discurso — destinada, por exemplo, a sair junto de notícia de jornal relativa à cerimónia —, depurada de tiques orais, o que eliminaríamos da transcrição que fiz? Circunda essas partes desnecessárias (marcas de oralidade, no fundo).
Assinala com uma letra os deíticos (E[spaciais], T[emporais], P[essoais]). Vê também se haverá deíticos textuais (v. exemplos de deixis textual na p. 320).
Sublinha os antecedentes das expressões que sublinhei e marquei a negro.

Escreve uma análise — até certo ponto, semelhante à de Bean — do quadro «Os pais do artista» (p. 134). Diferentemente do discurso de Bean, o teu texto evitará as marcas de oralidade e o vocabulário ingénuo. Ficará também na 1.ª pessoa, mas esse «enunciador»/narrador será o próprio Otto Dix, chamado a analisar o seu quadro.
Pretende-se que se comece por uma aproximação sobretudo descritiva, objetiva, e se termine com explicação já mais subjetiva, emotiva, quase poética, como acontecia na análise de «A mãe de Whistler». que transcrevi.

Do Diário de Notícias (21-8-2012):
espanha
Idosa decide 'restaurar' fresco em igreja
Uma senhora na casa dos oitenta anos decidiu 'restaurar' um fresco que está exposto na Igreja do Santuário da Misericórdia em Borja (Aragão), Espanha. A intenção era boa mas o resultado, que aqui mostramos... foi hoje divulgado pela autarquia.
A pintura, da autoria do espanhol Elias García Martínez, foi realizada nos primeiros anos do século passado (XX) e decora uma das paredes da Igreja do Santuário da Misericórdia em Borja (Aragão), Espanha."Uma idosa, muito bem intencionada, decidiu, por sua conta própria e risco [no passado mês de julho], restaurar o fresco que, na realidade, estava em mau estado por causa da humidade", explicou Juan María Ojeda, conselheiro de cultura de Borja, ao programa "Queremos Falar" da ABC Punto Radio.
Agora, resta reparar o mal feito. "Uma vez avaliados os prejuízos, a pintura irá ser restaurada", garantiu o conselheiro de cultura de Borja.

Do Público (2?-1-2015):
TPC — (1) Se já te tiver devolvido a carta que foi pedida em recente tepecê, lança as emendas que fiz e traz-me de novo o texto (acompanhado da versão que emendei para poder verificar se as correções foram todas bem incorporadas). [Creio que um texto destes, para efeito de concurso, deve ser feito a computador; por isso, se a primeira versão fora manuscrita, deverias passá-la agora a computador.] (2) Lê, para estudo, as páginas sobre ‘Atos de fala’ (tiradas da Gramática Prática de Português) que reproduzi em Gaveta de Nuvens, aqui. (Já houvera também estudo desta parte através das folhas do Caderno de Atividades, que ainda poderás relancear.) (3) Não esqueças de ir lendo o livro que porventura tenhas escolhido (ou pede-me ajuda, se for caso disso — em Gaveta de Nuvens, ‘Leituras’, está longo texto que explica o que se pretende).

Aula 67-68 (29 [8.ª], 30/jan [7.ª, 5.ª], 2/fev [12.ª, 1.ª]) Trataremos de variação linguística. Em Expressões, vai até à p. 296 e cimo da p. 297, para relanceares o ponto B., Variação e normalização linguística.
A matéria deste ponto visa explicar que o português — como qualquer língua — está sujeito a ____. Essa variação, essa mudança, verificamo-la quer diacronicamente (ou seja, analisando diferentes momentos do português), quer sincronicamente (isto é, verificando que, mesmo num só momento histórico, o português varia em função da origem geográfica do falante, do seu perfil social — cultura, idade — e da situação de comunicação).
O ponto 1.3 define as «variedades ____»; o 1.2 trata das «variedades ____» (ou socioletos); o 1.1 tem como título «variedades ____» (ou dialetos). No ponto 1.1.1 mostram-se três resultados da história do português também muito relacionados com a própria geografia: as variedades (ou variantes) ____, ____ (ou sul-americana) e ____ (s) do português.
No parágrafo 1.4, menciona-se a variação histórica (ou ____), dizendo-se-nos ainda que a mudança linguística (que está na base quer da diversidade a que se aludiu nos pontos 1.1 a 1.3 quer das várias fases históricas do português) é observável até numa mesma sincronia (já que nesta podem coexistir uma gramática mais arcaizante e outra em que se vão já notando resultados de ____ linguísticas em curso).
No primeiro sketch que vamos ver ficam salientadas as três variantes (ou variedades) do português, mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação ____. No segundo sketch alude-se à diversidade de registos (ou níveis) e à formalidade ou informalidade do uso da língua, o que já se relaciona quer com a variação _____ quer com a variação _____.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:

Pronúncia ideal para um padre
da Beira, da Guarda.
pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»;
2.ª pessoa do plural: «percebeis».



Pronúncias tentadas pelo seminarista

ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».

alongamento das vogais finais: «padriii»;
nasalizações: «v[ã]mos».

supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».

vogais átonas mais abertas.

paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:

Pronúncia ...
Casos no sketch
de determinada variedade regional (dialeto)
beirão; ______; ______.
de variante do português (europeia, sul-americana, africana)
______; ______.
reveladora de a língua materna do falante não ser o português
______.

Relativamente ao sketch «Policiês/Português» (série Fonseca), procura resumir a situação, completando o texto com os termos que ponho. Relanceia também o ponto «3. Registo formal e informal», no pé da p. 322 e no cimo da 323.
popular / familiar / corrente / cuidado / gíria / variedade regional / escrito / oral / formal / informal
Um polícia parece querer multar um automobilista. Ao descrever a manobra incorreta efectuada e a sanção que vai aplicar, recorre a um nível de língua _____, usando linguagem mais típica do meio ______ (que, em geral, segue um registo ____) do que do meio _____ (quase sempre, mais ______). Ainda por cima, adota termos que talvez se possam considerar de uma ______ própria, específica dos polícias. Por isso, o automobilista nada percebe.
Um indivíduo que está por ali vem então traduzir o discurso do polícia para um nível de língua ______ e, às vezes, até ______ ou mesmo ______. Acaba por se perceber que o polícia aceita ser subornado, e fica tudo resolvido.
Diga-se ainda que, pela pronúncia de três palavras («gra[b]e», «indi[b]íduo», «de[rr]espeito»), percebemos que o polícia fala conforme uma determinada _____, provavelmente a beirã (ou, então, a transmontana).

Depois de uma observação das imagens reproduzidas na p. 145, completa as duas análises — os textos de apreciação crítica — que se seguem, usando as palavras a negro.
fundo / fecundidade / estruturados / contraste / frente / enigmática / rostos / chapéu / contrastes / contornos / crescimento / castanho / formas / enérgica / azul-claro / olhos / marcantes / vivas / auréola / camélias / inteligente / cores

Autorretrato A
Autorretrato com uma Camélia faz parte daquilo que a introspeção artística produziu de melhor, introspeção essa que será sempre capital para o pintor. Ao mesmo tempo, o pequeno quadro testemunha o seu conhecimento das reproduções dos ______ que ornamentam os caixões das múmias egípcias dos séculos II a IV da nossa era, tão impressionante com os seus enormes _______ pintados, os seus rostos claramente _______, as suas _______ reduzidas e a sua expressão mística _______. Para além destas considerações arcaizantes, Modersohn-Becker acentua o _______ de cores nitidamente delimitadas entre os tons sonoros de _______ da figura em busto vista de ______ e colocada na sombra e o ________ do plano de _______ que irradia em redor da sua cabeça como uma _______. O ramo de ______ que a artista coloca de maneira demonstrativa no eixo mediano é considerado como um símbolo de _______ e de ______.

Autorretrato B
A atitude ______, os traços ______, o _______ extravagante dizem muito sobre a personalidade da pintora, uma mulher _______ e com grande experiência do mundo. As cores ________ aplicadas em grandes pinceladas e os _______ que rodeiam as formas revelam as influências artísticas essenciais para Werefkin: a dos Nabis, evidentemente, mas também a da «pintura da alma» de Edvard Münch. Partindo destas premissas, o autorretrato exalta as _______, baseadas em ______ brilhantes para atingir uma veemência tipicamente expressionista.
Norbert Wolf, Expressionismo, Colónia, Taschen-Público, 2005 (texto adaptado)
[Tarefa dos autores do manual]
Escreve um curto trecho a propósito de cada um dos autorretratos na p. 144, de maneira a ficares com um exemplo dos quatro principais tipos de objetivo ilocutório (assertivo, compromissivo, expressivo, diretivo). Eu próprio fiz frases para os cinco tipos, relativas porém aos autorretratos da p. 145.
As frases podem ter vários registos, como se vê pelos exemplos, mas não deverão ser preguiçosas. (A matéria em causa — actos ilocutórios — está resumida no manual, pp. 321-322.)

p. 145
A. Paula Modersohn-Becker
Sairei deste quadro quando as camélias murcharem. (Compromissivo)
Detesto a porcaria das camélias. (Expressivo)
Não me sabem dizer que Amélia é esta? (Diretivo)
B. Marianne von Werefkin
Creio que o chapéu de Marianne é vermelho, mas tenho dúvidas acerca da flor no cimo. (Assertivo)
Por um milhão de euros, está arrematado o quadro «Autorretrato», de Marianne von Werefkin, por aquele senhor de óculos ali. [proclamado pelo leiloeiro] (Declarativo)

p. 144
A. Albrecht Dürer
...
B. Joan Miró
...
C. Pablo Picasso
...
D. Fernando Botero
...
TPC — Em folha solta, resolve o ponto 1 da p. 145. (Podes usar um pouco mais — mas não muito mais — do que as cem palavras pedidas.)

Aula 69-70 (4 [7.ª, 8.ª, 1.ª], 5/fev [12.ª, 5.ª]) O assunto é Termos antecedente, sucedente, referencial; Anáfora, catáfora; Referente; Correferentes; Cadeia de referência. Lê e completa. (No manual, esta matéria é o ponto «1.4 Coesão referencial», na p. 328.)
Na p. 96 do manual, lê na diagonal a notícia «Parecer europeu alerta para alto risco dos MP3». Repara que, além do título, tem um ou dois pós-títulos («Comissão pede [...]» e «O executivo [...]»), um lead (as primeiras linhas do primeiro parágrafo, que sintetizam o essencial da informação) e, depois desse primeiro parágrafo bastante seco, dois outros parágrafos já com mais pormenores (incluindo trechos de discurso citado).
Aqui estão alguns títulos de notícias assinadas por Stephen Glass, a personagem principal de Verdade ou mentira, que começámos a ver há pouco tempo.
Repara que são bastante mais livres — mais «literários», talvez brincalhões, menos informativos — do que costuma ser recomendado para a redação de notícias-reportagens. (Era habitual defender-se que o título fosse uma condensação do «lead», o período inicial da notícia, o qual, por sua vez, conteria o essencial do acontecimento.)
Paraíso dos hackers
Férias de Páscoa
Provável Claus
A selva
Uma boa alhada
Encharcado
Abanem os imbecis
Nada é de graça
Não se atrevam
Sagrada trindade
Fatos baratos
Mónica vende
O estado da natureza
Após a queda
Papoilas para todos
No olho da rua

Escreve uma notícia com um destes títulos. Como são mais apelativos do que informativos, para imaginares uma situação que lhes corresponda talvez não te devas concentrar demasiado na sua interpretação.
A situação que cries deve ser verosímil (isto é, sentida como verdadeira — não parecer estapafúrdia, mesmo se relatar ocorrência um pouco estranha). Por outro lado, também não se deve tratar de acontecimento demasiado banal (que não pudesse ser assunto de um jornal com boa divulgação).
[título:] __________
[pós-título] _______________________
[lead (= 1.º período deste 1.º parágrafo):] ...
...
[2.º parágrafo:] ...
...
[3.º parágrafo:] ...
...
Passa para discurso indireto as falas do cartoon na p. 96:
Então, como é que vão as coisas na escola, filho?
O pai perguntou ...

Ouvi dizer que aterraram marcianos em New Jersey hoje de manhã.
O pai disse ...

Sabes? A mãe e eu estamos a pensar fazer-te um upgrade do computador com os gigacoisos... Estás interessado?
...
TPC — Lê as páginas sobre ‘Variação e normalização linguística’ — reproduzidas de uma boa gramática — que pus em Gaveta de Nuvensaqui. (Para efeitos de próximos trabalhos acrca de gramática, assume-se que estas e outras páginas que vou recomendando estão razoavelmente estudadas.)
[Para os que ainda tenham quinze anos (ou só tivessem feito os dezasseis já esta semana) e que já me entregaram reformulação da primeira versão da carta sobre «O mundo onde gostarias de crescer»:]
Se quiseres, posso enviar carta para o concurso dos CTT/ANACOM, se me for trazida uma versão limpa da mesma (pode ser a última versão que vi, mas também pode haver ainda algum retoque de ordem tipográfica que queiras fazer).
Deve haver também identificação (nome completo, data de nascimento, morada, escola) — que, aparentemente, pode figurar na própria folha da carta, mas eu sugeria que ficasse em folha solta, e fotocópia do cartão de cidadão. Eu encarrego-me de trazer os envelopes onde tudo isto ficará encerrado.
Terei de enviar as cartas até 13 de fevereiro, pelo que as aulas convenientes para este efeito serão as de 11 de fevereiro (10.º 1.ª, 7.ª, 8.ª) e 12 de fevereiro (5.ª, 12.ª).

Aula 71-72 (5 [8.ª], 6 [5.ª], 9 [12.ª, 1.ª], 11/fev [7.ª]) Os textos expositivos nas páginas 152-154 podem reduzir-se ao esquema em baixo (a partir de «lírico», já que não tratam nem da épica nem do teatro de Camões, apenas da lírica). Vai lendo esses textos (sobretudo «Aspetos gerais da lírica de Camões» e «A lírica de Camões, entre a medida velha e a medida nova») para completares o que se segue.
O texto B da p. 155, «Erros meus, má fortuna amor ardente», pode exemplificar a chamada medida nova. Com efeito, cada verso seu tem dez sílabas métricas, como a escansão do primeiro verso nos mostra {procede a essa divisão em sílabas métricas}:

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Também coerente com a vertente clássica, renascentista, da lírica camoniana é a composição: um ____ (catorze versos, distribuídos duas quadras e dois tercetos). Neste caso, o esquema rimático é: A B B A | A _ _ _ | C _ _ | _ _ _.
Quanto a tema, podemos dizer que o texto exprime, em termos complexos, a _______ do poeta com o seu percurso de vida (e, talvez, sobretudo com as desilusões amorosas).

Ao contrário, o texto da p. 167 serve para ilustrar a medida velha. Está em redondilha {escolhe} menor/maior, já que os seus versos têm ___ sílabas métricas, são pentassílabos {faz a escansão}:

Aquela cativa

O subgénero escolhido também é típico da poesia camoniana de raiz mais tradicional. Como está no título, trata-se de ___.
O tom é ___, mesmo se se trata de amor. Ao longo das cinco estrofes, esse caráter leve assenta bastante no trocadilho entre «cativa» (‘escrava’, a escrava Bárbara) e «cativo» (‘aprisionado’, metaforicamente, pela paixão).
Escreve um soneto mais otimista do que «Erros meus, má fortuna, amor ardente» (p. 155). Diria mesmo: um poema na direção emocional contrária, um poema em que desespero, lamento, desilusão dessem lugar a alegria, entusiasmo, fruição.
Respeitarás um esquema rimático ABBA ABBA CDE CDE. Os versos de rima B terminarão em –aram, como podes ver a seguir. Manterás também as poucas palavras que registei nas linhas, mas podes trocar-lhes género ou número. Não te preocupes com a métrica. E, claro, o soneto não tem de se reportar a Camões.
(Ao escolheres as primeiras rimas, tem em conta que ficas obrigado a obedecer-lhes em versos seguintes. Não ponhas, por isso, finais de palavras muito raros.)
TPC — Lê páginas sobre anáfora, catáfora, elipse, etc. reproduzidas em Gaveta de Nuvens (aqui, em ‘Coesão referencial’). Experimenta ainda estudar os exercícios do Caderno de Atividades nas pp. 65-67 (aqui; também sobre anáfora, catáfora, correferência — estes exercícios estão incluídos numa ficha sobre «Coesão», mas, para já, interessam só aquelas páginas).

Aula 73-74 (11 [8.ª, 1.ª], 12 [12.ª, 5.ª], 20/fev [7.ª]) Regressa ainda à p. 155 do livro, para releres «Erros meus, má fortuna, amor ardente». Compara esse soneto de Camões com o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, que ponho aqui em baixo, «Camões e a tença».
Nesse comentário comparado, que deve ter cerca de cem palavras, tem em conta:
— a pessoa verbal usada em cada poema;
— o que se lamenta/critica em cada poema;
— o aproveitamento, na 2.ª estrofe de «Camões e a tença», de trechos camonianos.

Camões e a tença

Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto

Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência

Este país te mata lentamente
Sophia de Mello Breyner Andresen
«tença» = ‘pensão dada como em remuneração de bons serviços prestados (ao reino)’; «Paço» = ‘palácio real, sede do governo’; «sobejar» = ‘sobrar’; «invocar» = ‘chamar’, ‘pedir em auxílio’
Vai até à cantiga na p. 169. Cá temos um exemplo de lírica de Camões mais tradicional, em verso redondilho. Nota que se trata de composição a partir de um mote. Olhemos sobretudo para as voltas (o desenvolvimento desse mote).
Há três vocativos, correspondentes aos elementos da natureza a que o poeta se dirige (no fundo, apenas para valorizar a mulher amada e resolver a comparação entre os olhos dessa sua paixão e o verde dos campos). Completa o quadro:

Vocativo
Pessoa verbal
Pronomes/Determinantes
Formas verbais


te

Ovelhas
2.ª plural





paceis (‘pastais’), entendeis, comeis

O esquema rimático de cada oitava é (escolhe uma delas; o esquema é igual):
A __ __ __ __ __ __ C.
Reportando-te a este esquema rimático, completa (dando prévia olhadela ao final da página 231, sobre rimas) o parágrafo a seguir:

Entre os versos 6 e 7 há rima emparelhada, tal como entre os versos __ e __. Os versos 5 e 8 fazem rima _______, já que entre eles há a tal parelha constituída pelos versos 6 e 7. As rimas em -ão (no antepenúltimo e no último versos de ambas as oitavas) exemplificam a rima ______. Há ainda um verso solto, ou branco, que é o _____.
Copia os versos de «Endechas a Bárbara escrava» (p. 167), mas acrescentando em cada verso a(s) palavra(s) suficiente(s) para transformar estas endechas — que estão em redondilha menor (versos pentassilábicos) — em versos de redondilha maior (heptassilábicos). A rima manter-se-á, pelo que deves intervir apenas no início ou no meio de cada verso.
...
TPC — (i) Em folha solta, escreve o poema (em duas quadras e um dístico) que é pedido no ponto 1.1/Escrita da p. 160. Lê bem as instruções. Se necessário, consulta as pp. 230-231 (versificação) e 334-335 (comparação, metáfora, paradoxo). (ii) Entretanto, aproveita os próximos tempos para prosseguir/iniciar leituras livres de livros.

Aula 75-76 (12 [8.ª], 13 [5.ª], 19/fev [12.ª], 23 [1.ª], 24/fev [7.ª]) Na última aula, transformaram versos de redondilha menor (pentassilábicos) em redondilhos maiores (heptassilábicos). Mantivemo-nos, portanto, na medida velha.
Agora, peço-te que transformes os versos de medida nova — decassilábicos — de «A fermosura desta fresca serra» (p. 170) em versos de medida velha. Dentro desta, sugiro o heptassílabo (redondilha maior), para suprimires apenas três sílabas em cada verso.
Haverá ainda outra alteração a fazer. Em vez de soneto, queria que os versos desenhassem agora uma oitava, como as estrofes da cantiga cujo mote era «Verdes são os campos» (p. 169). Para isso, terás de prescindir de alguns versos. E farás com que o esquema rimático seja, como o das oitavas de «Verdes são os campos», A B B A A C D C.
A regra será nada acrescentar (ou acrescentar o mínimo); usar apenas supressões.
...
Prepara uma leitura em voz alta decente da redondilha resultante do exercício em cima.
...
O quadro seguinte resume os chamados fenómenos, ou acidentes, fonéticos. Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português, mas também do latim ao português). Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras actuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.
* = forma incorrecta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. = português || ingl. = inglês || étimo latino
TPC — Para a próxima aula prepara a leitura expressiva, ou tendencialmente expressiva, destes sonetos de Camões. (Fiz aqui uma leitura de todos esses sonetos, mas apenas para esclarecer pronúncia de palavras menos usuais.) Os números entre parênteses retos reportam-se aos números dos alunos. Cada número aparece duas vezes, o que significa que cada um terá de preparar a leitura de dois poemas (um já estudado em aula; outro, ainda por estrear). No caso dos sonetos novos, além do ensaio em voz alta, bastante repetido, aconselha-se uma prévia compreensão do texto, ainda que, naturalmente, superficial.
[1, 5, 9, 13, 17, 21, 25, 29] // «O dia em que eu nasci, moura e pereça» (p. 148)
[2, 6, 10, 14, 18, 22, 26, 30] // «Erros meus, má fortuna, amor ardente» (p. 155)
[1, 6, 11, 16, 21, 26, 32] // «Grão tempo há já que soube da Ventura (p. 158)
[2, 7, 12, 17, 22, 27, 31] // «Busque Amor novas artes, novo engenho» (p. 159)
[3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, 31] // «Amor é um fogo que arde sem se ver» (p. 160)
[3, 8, 13, 18, 23, 28] // «Tanto de meu estado me acho incerto» (p. 161)
[4, 9, 14, 19, 24, 29] // «Leda serenidade deleitosa» (p. 164)
[5, 10, 15, 20, 25, 30] // «Um mover d’olhos, brando e piadoso» (p. 164)
[4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32] // «A fermosura desta fresca serra» (p. 170)

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