Sunday, September 07, 2014

Microfilmes autobiográficos (10.º 1.ª)


 
Carolina D.

Carolina D. (16,1) || Texto/Conceção Embora adote o formato ‘autobiografia-autorretrato apoiados em álbum de fotos de infância’, a Carolina não cai no erro de se limitar a arrolar datas e acontecimentos. O texto inclui alguns passos de escrita com certo valor estilístico (também aqui sem cair muito nos lugares comuns habituais destes textos — mas, aqui e ali, quase se aproximando  disso...). Corrigir: «são eles com quem eu partilho» [é com eles que partilho]; em «conquistas, conquistas essas que» ficava melhor apenas «conquistas, que» (mas, na oralidade, a recuperação até se justifica); «fins de semana» seria melhor do que «fins de semanas» (poosível, porém); «e, dificilmente, me apego» [e, dificilmente, me apego [a ...]». O filme está estética e tecnicamente bem acabado. Expressão oral Leitura em voz alta bastante perfeita (num estilo, pausado, que evitou grandes dificuldades — sem demasiado risco, portanto —, mas efetivamente boa).
 
Beatriz S.

Beatriz S. (15,9) || Texto/Conceção Também a Beatriz não se limitou ao elenco de factos/características pessoais típicos de certas abordagens autobiográficas e de autorretrato. A sua escrita procurou ter elegância, sofisticação (ver, por exemplo, a comparação-metáfora com que termina o filme), mesmo se o estilo é naturalmente sobretudo de fragmentos, definições e afirmações, mais do que de elaborações complexas em termos de redação. Talvez se pudesse ter pensado num modo de isolar mais as secções em que o texto se vai dividindo (momentos, música, viagens, etc.), criando, no filme, separadores, com ou sem títulos. As transições entre imagens sempre por ‘passagem de folha de pergaminho’ (é assim que me lembro de a caracterizar) tornam-se um pouco cansativas, mas as imagens estão muito bem escolhidas. Corrigir: «com os seus meros quinze anos» [com escassos quinze anos / com apenas quinze anos]; «como, no dia 21 de novembro, ao fazer o teste de Inglês, o autor do texto escreveu» [como se lê no texto do teste de inglês que fiz a 21 de novembro»; «0 que quererei fazer no futuro» [o que quero fazer no futuro / o que farei no futuro]; «desejar por mais» [desejar mais / ansiar por mais]. Expressão oral Sempre bem, num estilo pausado e claro, que é adequado (e torna a leitura mais controlável). Só uma ligeira hesitação em «em que me foi proporcionado».
 
Catarina C.

Catarina (17,2) || Texto/Conceção Texto é de autorretrato, mais do que autobiográfico (embora haja alusões que vão também construindo breve esquema factual —hesitação sobre o nome de batismo, irmão, verões, Lolita). O texto da Catarina nunca cai nas frases feitas que encontramos, por vezes, nestes retratos. Consegue transmitir traços específicos, embora se mostre — como, felizmente, todos — embevecida com a sua própria biografia e quotidiano, olhados com confiança e ternura. Há muita coerência entre o que o texto diz, a forma serena como se diz, as imagens de suave alegria que nos são mostradas, a articulação calma dessas imagens, a longínqua música que emoldura tudo. Corrigir: «por desejo do meu pai e se tal não fosse a rejeição da minha mãe» [por desejo do meu pai e se não fosse a rejeição da minha mãe / por desejo do meu pai e se tal não tivesse sido rejeitado pela minha mãe]. Expressão oral Leitura muito boa (embora se deva reconhecer que o estilo de texto, de afirmações justapostas sobretudo, não seria dos mais exigentes para quem é sempre boa leitora). Um «adoro» (é?) aos, aproximadamente, sete segundos não ficou nítido.
 
Beatriz Sá

Beatriz Sá (15,8) || Texto/Conceção Texto correto, bem escrito (ainda que, por vezes, cedendo um pouco ao que é recorrente nos relatos autobiográficos e nas entrevistas de autorretrato), bem ilustrado, bem musicado. Enfim, trata-se de objeto acabado com competência, agradável de seguir. Corrigir: «Este vai parecer um pouco estranho» [Este desejo/objetivo/projeto vai parecer um pouco estranho], «Todos os membros que fazem parte da minha família» [Todos os membros da minha família/Todos os que fazem parte da minha família]; «foi muito divertido e chocante» é quase inverosímil, não é?. Expressão oral A Beatriz tem facilidade na leitura mas, por vezes, devia ter sido ligeiramente mais lenta (nestas gravações, devemos ser mais pausados do que nos parece ser o mais natural — a formalidade de estarmos a gravar leva-nos a sermos ansiosos e a ir mais rápido do que percecionamos). Duas hesitações («conhecer, conhecer»; «me dei [...] melhor com».
 
Carolina S.

Carolina S. (14) || Texto/Conceção Foi solução interessante centrar-se tudo num interesse (a zoologia). O texto está correto, até bem escrito, muitas vezes levemente irónico e, até cerca dos quarenta segundos, bem ilustrado. Corrigir: «ao início» [no início]. Crítica que posso fazer é o facto de não se ter tido em conta o que eu advertia nas instruções dos trabalhos (aí escrevi eu: «se usarem imagens fichas, evitem abusar de imagens googladas alusivas ao que se vai dizendo (exemplo: fala-se em nascimento, surge a imagem de um bebé qualquer; fala-se em praia, surge uma foto com mar; em amor, aparece um coração; etc.)»; também não terás visto, Carolina, que eu dizia que o filme devia ter, pelo menos, dois minutos; ou mesmo que, nos exemplos de lugares comuns que deviam evitar, fazia alusão a «tenho objetivos para cumprir e vou cumpri-los», que se aproxima bastante do que é dito no filme, embora se recorra a fórmula mais elegante). Expressão oral É uma leitura quase sempre boa, devidamente pausada e clara (só em «E aí vou ter um novo sonho» é que me pareceu ter havido pausa excessiva após «aí» — foi propositado?).
 
Gonçalo

Gonçalo (14) || Texto/Conceção Texto e imagens estão bem conjugados (houve boa planificação). Abordagem é simples, mas coerente, realçando aspetos marcantes (e destacando particularmente a amizade por outros), numa síntese que nos parece agradável de seguir. Boa realização, boa montagem, embora sempre num registo económico (por exemplo, «o meu filme» é o título proposto pelo programa, não é?; não se poderia ter criado um outro, mais original e específico). Eu pedira que os trabalhos tivessem pelo menos dois minutos... Não há erros de redação, mas «entretenimento» é preferível a «entretém». Expressão oral A leitura não tem erros, mas parece pouco formal, entre o registo de conversa e o de leitura, apesar de se ter pedido leitura mesmo. Curiosamente, esse estilo até torna o texto mais fácil de seguir, porque nos parece o mais natural.
 
Inês

Inês (14,3) || Texto/Conceção Resulta bem o facto de o texto começar por ser uma autobiografia, evoluir depois para um quase autorretrato e terminar num registo diarístico (começa-se por uma narrativa focada no passado e termina-se com o centro na própria enunciadora, no presente e na escola a que o trabalho, no fundo, se destina). A escrita da Inês não é de simples repetição de lugares comuns, é pessoal e revela sensibilidade, mas o texto ficou relativamente curto. Aos cinquenta e cinco segundos, há frase que não percebo bem mas parece ter má sintaxe: «em criança tinha uma amiga principalmente de uma rapariga»? Na legenda «Fim», não poria dois pontos de exclamação: só um, ou três, ou, o que prefiro, nenhum. Expressão oral A velocidade foi a adequada, suficientemente calma (por vezes, talvez até demasiado). A parte final da leitura do texto pareceu pouco ensaiada. Houve também pausa excessiva antes de«apesar de só a ver uma vez por ano».
 
Isabela

Isabela (13,9) || Texto/Conceção O texto da Isabela gira em torno do gosto pelos animais. Consegue dar conta com razoável detalhe desse seu interesse, que é também bem ilustrado (quase sempre com imagens da autora com algum animal, ou dos próprios cães e gatos, e, no final, com fotos da União Zoófila). Texto está bem planificado, mas o registo é próximo do de uma conversa espontânea, não é muito elaborado. Trabalho ficou um pouco curto (eu pedira dois minutos, pelo menos). Expressão oral A leitura foi calma, pausada, mas não perderia em ser mais ensaiada. A pronúncia de «Zoófila saiu um pouco atrapalhada.
 
Madalena A.

Madalena A.  (14) || Texto/Conceção Optou-se por uma solução que não tem sido muito usada, a filmagem da leitura mesmo em direto, por assim dizer. É uma estratégia que até pode traduzir-se em economia de tempo (não há montagens); só que o tempo sobrante poderia ser aproveitado em muitas repetições, o que não me parece ter acontecido. O texto é razoável, mas pouco complexo, não me parecendo estar ao nível de que seria capaz a autora, que costuma escrever muito bem. «Mas isso faz parte» é da linguagem coloquial recente mas não é sintaticamente correto (seria: «mas isso é inerente a qualquer infância» / «mas isso já era esperável»). Expressão oral Como disse atrás, era preciso ensaiar mais (Madalena terá lido logo à primeira?). É claro que a leitura de texto, ao mesmo tempo que se é filmado, é mais constrangedora (o que talvez explique a tendência para se ir demasiado rápido).
 
Madalena J.

Madalena J. (16,5) || Texto/Conceção É um autorretrato que não deixa de incluir algumas alusões biográficas (os verões, os natais, os primos, as histórias pelo avô, os passeios à Baixa, o violino e o ballet). Está bem escrito, com raríssimas concessões a lugares comuns deste formato. Inagens bem escolhidas e bem montadas, incluindo uma parte final em filme propriamente dito (todo o fecho, a partir dos dois minutos está muito bem concebido, com articulação entre imagem, texto (in)conclusivo, música, entrada da legenda final). Também música escolhida fica bem, embora pudesse estar ligeiramente mais baixa. Corrigir: «que outrora fora» [que outrora fui]. Expressão oral Boa leitura, na velocidade certa e sem erros (só um momento menos claro: «e genuinidade» ou «e de ingenuidade»?).
 
Maria

Maria (15) || Texto/Conceção «O meu pequeno grande mundo» é uma autobiografia bastante cronológica, muito documentada por imagens (que, passando rápidas, quase adquirem, por vezes, movimento de filme). Como sucede com outros textos segundo o mesmo formato, a redação tende a ser sobretudo de relato, sem demasiada complexidade. Porém, é narrativa coerente, franca, bem distribuída pelas várias fases da vida de Maria. Corrigir: «um amor onde aprendi a acreditar» [um amor através do qual aprendi a acreditar / um amor que me fez acreditar]; «competições, onde cheguei a representar o Sporting na Gimnaestrada» [competições, entre as quais a Gimnaestrada, em que representei o Sporting»]; «esta perca» [esta perda]; «à qual achei particularmente imensa piada» [à qual achei particular piada / a que achei imensa piada]. Expressão oral Leitura no tom e velocidade certos, só com duas ou três pequenas hesitações.
 
Marta

Marta (15,8) || Texto/Conceção É um autorretrato. Em geral, a Marta conseguiu redigir sem cair demasiado na abordagem mais estereotipada destes perfis. Facto de se focar (em imagens e em relato) na Marta ainda bebé ou criança faz que seja possível escapar-se à tal definição que considero banalizada e encontro em outros trabalhos. Há alguns momentos de escrita até leve e irónica (o princípio, por exemplo; ou a referência à muita atividade que leva à fratura do braço). Ritmo das imagens, que sugerem movimento, e o da própria música são apropriados. Expressão oral Não há erros na leitura em voz alta. Fez-se bem em ler pausadamente (porventura até, por vezes, com excessiva calma); entre 2.10 e 2.20, duas hesitações.
 
Rodrigo Leal

R. Leal (15) || Texto/Conceção Em termos de estrutura, de argumento, de ideias, de escolha de imagens, montagem e até do texto, o trabalho está bom. Na escrita há leve ironia e agradável lhaneza; e o filme revela bastante intuição, capacidade de síntese, noção de como deve ser um clip (talvez valesse a pena fazer separadores, com títulos, à medida que são introduzidas novas secções — ou então não dizer o título na leitura). Falha um pouco o som (a captação da voz) e a própria leitura em voz alta. A corrigir: «Sou mais um gajo», só se for por assunção de certa ironia (porque, de outro modo, é demasiado informal); «Sou uma pessoa que adoro comer» [Sou uma pessoa que adora comer]; «mais maturo» [«mais maduro» é mais comum, embora se aceite o «maturo»]; «é das coisas que mais me dá prazer» [é das coisas que mais me dão prazer]. Expressão oral A captação do som tem problemas. A leitura em voz alta merecia ser mais ensaiada. Numa gravação, se temos «tropeções», repetimos até ficar bem (por exemplo, cerca de 0.14, 1.27, cerca de 1.40, há hesitações; entre 0.25 e 0.28, não se percebe o texto lido).
 
Tiago

Tiago (13) || Texto/Conceção É um autorretrato (com alusões autobiográficas). A linguagem é simples, demasiado simples, lembrando mais o depoimento oral do que o texto oral guiado por uma redação (cai-se um pouco naquelas caracterizações banalizadas que pedi que evitassem; o próprio título — «o meu filme» — mostra que foi tudo um pouco feito sobre o joelho). A duração (pouco mais do que um minuto) fica aquém do que estipulara eu (mínimo de dois minutos). A documentação de imagens, o som, a montagem, mostram que o Tiago faria facilmente filme mais longo. A corrigir: «Temos as nossas brincadeiras onde [em que / através das quais / ...] eu me divirto muito» Expressão oral Não há falhas nem hesitações fortes. Lê-se com as devidas clareza e calma, embora também sem arriscar em entoações expressivas. Note-se, no entanto, que o texto era simples e fragmentado, pelo que não punha muitas dificuldades à leitura em voz alta.
 

João C.





João C. (14) || Texto/Conceção O João não cai nos lugares comuns que atraem estas biografias, porque consegue escrever numa linguagem inteligente, irónica. Foi pena que não se tivesse evitado, como eu pedira, as imagens googladas (com um pouco mais de esforço, decerto teria sido possível encontrar mais fotografias próprias que ilustrassem tudo sem a incoerência que é misturar imagens de banda desenhada com outras de bom arquivo fotográfico). Por um segundo, também não se chega ao mínimo que pedira. Na legenda com o título, a seguir a «ou seja» haveria vírgula. Expressão oral Não há falhas relevantes, mas creio que teria sido vantajosa uma leitura mais ensaiada (menos rápida, mais familiarizada com a própria captação de som — o volume parece ser o de quem fala para uma plateia, o que também torna a voz menos «maleável», menos adaptável às entoações necessárias).


 



Mariana





Mariana (14) || Texto/Conceção Um dos pontos fortes do filme é a exaustiva documentação, que permite que a narrativa possa percorrer os factos biográficos que a Mariana quis salientar, sem que pareça que há momentos forçados. Depois, é também também interessante o facto de se recorrer mais a detalhes (a crista na maternidade; o facto de se pensar que o cavalo é que teria o trabalho todo; etc.), que evitam os relatos muitos repetidos de outras memórias. Em geral, portanto, escrita agradável. A corrigir: «depressa apercebi-me» [depressa me apercebi]; «cuidando-os» [cuidando deles]. Expressão oral A leitura pareceu-me pouco repetida, pouco ensaiada (como se o texto ainda estivesse a ser reconhecido), é verdade que se tratava de texto longo e posso estar a sere injusto. Por vezes, há «pontuação» a mais (ou seja, há vírgulas da redação que são demasiado tidas em conta na leitura — nem toda a pontuação gráfica é para ser lida). A primeira sílaba de «eterna preguiçosa» saiu um pouco nasalizada.


 



Miguel





Miguel (15) || Texto/Conceção Bom título («Memórias e decisões»). Aliás, toda a redação do filme do Miguel tem este lado sintético e inteligente, embora pouco revisto (ver, a seguir, algumas correções à sintaxe). Diria que o texto e, ainda mais, a leitura foram feitos quase à primeira. Final do filme funciona muito bem, com trecho do final do jogo e os festejos a coincidir com o fecho do filme também. Toda a montagem mostra boas capacidades técnicas. A corrigir: «Foi na primária em que criei» [Foi na primária que criei]; «Foi a melhor decisão em que tomei» [Foi a melhor decisão que tomei]; «algo que só quem vive conhece a sensação» [algo cujas sensações só conhece quem o vive / algo que levas a sensações só conhecidas por quem o vive]; cerca de 1.45-150, a sintaxe parece-me agramatical. Expressão oral Leitura em voz alta parece-me pouco ensaiada. E, como se pretendeu ler com certa velocidade, há muitas frases que saíram pouco nítidas.
 






Bruno





Bruno (12) || Texto/Conceção A ideia era simples e podia ser muito eficaz, mas ficou comprometida por não ter sido preparada com mais planificação. Como imagens, um jogo (no campo de treinos da Tapadinha, o Atlético C. P.-Futebol Benfica), o que dá sempre bons efeitos, sobretudo no momento dos golos ou pontos de jogo (ver, por exemplo, o filme de Miguel, em jogo de voleibol, ou, num jogo de futsal, o filme de Bea S., do 10.º 5.ª). Na locução, o narrador — que é também  um dos jogadores em campo — reflete sobre a importância que tem o futebol na sua vida. Aqui é que era preciso ter feito o texto com mais cuidado (segundo sei, o texto original não tinha o tempo necessário, pelo que, ao ler, o Bruno foi procurando ampliá-lo; só que, assim, o texto deixa de ser formal, como se pedira). O provérbio é «Quem corre por gosto não cansa». Expressão oral Pretendia-se leitura formal, mas acabou por se adotar um estilo de leitura comentada ou mesmo de conversa espontânea.


 



André





André (12,5) || Texto/Conceção Entre filme e texto há coerência. Creio que algumas das imagens serão googladas, mas houve, no resto, preocupação de ir articulando as imagens dos animais com o que o André nos vai dizendo sobre o seu gosto pela zoologia/ biologia. O texto tem uma estrutura geral bastante apropriada, mas tem também alguns lapsos de linguagem localizados: «uma grande bicharada onde eu me sinto muito feliz» [uma grande bicharada com que me sinto muito feliz»; «e me completa a voltar a realizar o meu sonho» [e me incita a realizar o meu sonho]; «que realmente gostamos» [de que realmente gostamos]; «tenho esperança que» [tenho esperança de que]. Expressão oral Devia ter-se ensaiado mais a leitura. A vantagem de uma gravação é podermos repetir até sair bem. Creio que o texto foi lido quase à primeira e, sobretudo, tendo havido claras hesitações na leitura, não houve já tempo para repetir a gravação. Enfim, no futuro, pode fazer-se tudo com mais preparação.


 



Carlota





Carlota (12,5) ||  Texto/Conceção Solução em termos de filme é bastante simples, parecendo ter havido pouco tempo para chegar ao formato ideal (creio que se justificaria mais um ficheiro áudio montado com uma única imagem fixa). Texto não se afasta muito do tipo de relato que encontramos na maioria dos textos mais correntes de autobiografia/autorretrato, mas terá uns momentos de maior criatividade. Está escrito sem grandes falhas (a corrigir, porém: «os meus pais sempre preocuparam-se» [os meus pais sempre se preocuparam]; «e eu adorava, e ainda adoro» [e eu adorava-as, e ainda (as) adoro]). Expressão oral A leitura pareceu-me demasiado rápida (não houve propriamente erros de entoação, hesitações ou repetições). Indo-se assim tão velozmente, alguma expressividade que poderia ter sido imprimida à leitura torna-se inviável (por exemplo, em «eu adoro o Natal», ainda se foi a tempo de fazer alguma pausa e usar entoação próxima da desejada, mas havia mais situações parecidas que passaram sem esse aproveitamento expressivo). «30 do sete» terá de ser lido «trinta de julho».


 


Sílvia





Sílvia (14,5) || Texto/Conceção Texto está bem escrito, não caindo demasiado nos lugares comuns do género. Está bem articulado com as imagens (de extenso arquivo pessoal). A corrigir: «acho que está na família» [acho que me foi transmitido pela minha família / está nos genes da minha família / é característico da minha família]. Expressão oral Segundo sei, a versão final deste filme implicou remontagem já em cima da hora, o que talvez explique que a leitura em voz alta tenha nível inferior ao de que, normalmente, seria capaz a Sílvia. Se não foi isso, terá havido pouco ensaio, poucas repetições.

 


Sofia



Sofia (15) || Texto/Conceção É uma breve autobiografia que tem o mérito de ser mais interpretativa, reflexiva, do que apenas focada nas referências cronológicas. Com efeito, Sofia consegue enquadrar os acontecimentos de modo a dar-lhes logo sentido, numa perspetiva que não se centra em si própria mas se preocupa com todo o grupo familiar. Texto em geral bem escrito e bem coordenado com imagens. Correções: «ter a capacidade de realizar [perceber] a evolução» («realizar», no sentido de ‘perceber, imaginar’, é um anglicismo evitável); «à conclusão que a vida passa» («à conclusão de que a vida passa»); «não temos a perceção que isso acontece» («não temos a perceção de que isso acontece»). Expressão oral Em geral, correta e clara (notei, porém, uma hesitação/paragem a seguir a «evolução», 1’33).

 

João S.



João S. (13) || Texto/Conceção Segue-se a ordem cronológica, numa redação simples, mas sem erros. Imagens — aliás bem escolhidas — não estão exatamente coordenadas com o texto, mas isso não é inconveniente. Expressão oral Talvez o João pudesse ter lido com um pouco mais de lentidão. Como há alguma pressa ou pouca letura prévia  (ao lermos «em público», por uma questão de ansiedade, somos sempre mais rápidos do que julgamos que estamos a ser), nem sempre se pode controlar bem a entoação e há por isso algumas falhas (hesitações em «ter feito # anos»; «mas # comecei a competir»; «e para # levar a natação»; «com a mudança # de casa»). Nestes casos, valia a pena ensaiar mais ou repetir a gravação até que saísse tudo perfeito.

 

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