Saturday, August 27, 2016

Comentário a filme e Felizmente há luar! no 12.º 1.ª



As classificações são, em geral, as da primeira versão. Quanto à segunda versão, verifiquei apenas se foram contempladas as emendas que aconselhara (note-se que, se essa reformulação estiver desleixada, a nota pode baixar).

Bea
Bea (Bom -) || Les Misérables (Os Miseráveis)
Enquanto lia Felizmente há luar!, as recorrentes didascálias, que são o que acaba por envolver o leitor no ambiente pretendido, fizeram-me de imediato recordar a obra que tratara no meu nono ano de escolaridade, na disciplina de francês: Les Misérables. Para meu agrado, em 2012, sob a direção de Tom Hooper, estreou uma versão baseada no livro de Hugo e, por isso, irei relacionar o filme Os Miseráveis (2012) com a obra de Luís de Sttau Monteiro.
Em ambos os casos sentimos o ambiente de revolta provocado pela pobreza do povo. Na obra de Luís Sttau Monteiro, o povo, passivo, fala em revolução, mas é tudo muito ambíguo, nunca se desencadeando nada de marcante (“V.ª Ex.a não pode ignorar que se fala de revolução.”). No filme, o povo é ativo, fazendo tudo o que pode para ser ouvido, como são exemplos as barricadas, que são o que potencia a queda do rei D. Carlos X.
Em ambas as cortes, portuguesa e francesa, a igreja assumiu ao longo da história um papel importantíssimo, estando presente e, por vezes, sendo ela a causadora, ainda que indiretamente, de revoltas. Matilde é a personagem que desempenha o papel de uma mulher que tenta apelar ao lado humano de alguns dos homens que ocupavam grandes cargos da sociedade portuguesa, para que o seu esposo,  Gomes Freire de Andrade, protetor do povo, homem justo que defendera os seus princípios e os da sua pátria (aos olhos do povo), fosse libertado e poupado à morte. Uma das pessoas com quem conversa é o principal Sousa, que não se mostra interessado em apoiar o que a igreja defende. No filme, o clero também não assume o lado do povo.
Entre Marius e Cosette existe um amor implacável que nos lembra o de Matilde e Gomes Freire de Andrade, mesmo não tendo este último participado diretamente na ação da peça, já que acaba por “intervir” através de Matilde e da forma como esta, no segundo ato, faz tudo para o proteger (“Ninguém me ouve? Estarão cegos e surdos para não compreenderem o que se passa à vossa volta?"), o facto de vestir a saia verde que Freire de Andrade lhe oferecera, em Paris, só para o receber depois de sua morte, tudo isto nos faz pensar no amor que tiveram um pelo outro (“A mulher ficou a chorar até de manhã. Passei-lhe à porta e ouvi-a soluçar.”). Marius e Cosette, vindos de meios diferentes (Cosette, em pequena, fora pobre e vivera com um casal que a maltratara, mas, a pedido da sua mãe biológica a Jean Valjean, que a auxiliara nos seus últimos dias de vida, fora adotada pelo mesmo, passando a viver confortavelmente) sempre se apoiaram, mesmo durante a revolução e os momentos mais difíceis. Mesmo pertencendo a uma classe social acima, defendeu os interesses do povo francês pois eram os interesses do seu amado.
Numa outra perspetiva, diferente da que expus no parágrafo anterior, identifico Gomes Freire de Andrade com a personagem principal d’Os Miseráveis, Jean Valjean. Este fora preso, libertado, reconstruíra a sua vida, tornara-se rico, adotara Cosette, sempre mantivera uma relação de proximidade com os homens do poder, porque sabia que ainda havia um homem que andava atrás dele, que representava um grande papel na sociedade e auxiliara o apaixonado de Cosette nas barricadas. Era por isso um homem com muita experiência de vida e altruísmo, que, a certa altura, atingira um patamar em que se podia ter importado só com ele próprio. Gomes Freire de Andrade, pertencente a outra classe social, nunca subira para o pedestal em que se poderia ter colocado e defendia o povo, cujos interesses punha em primeiro lugar.

Francisca

Francisca (Suficiente +/Suficiente (+)) || The Maze Runner (Maze Runner: Correr ou Morrer)
Escolhi The Maze Runner (em português, Maze Runner: Correr ou Morrer) depois de ter percorrido os filmes de 2014 a 2017 à procura de um que eu tivesse visto e se identificasse com este trabalho. Lembro-me que o cartaz deste filme foi o principal motivo para o ter visto – bem sei que não se deve julgar um livro pela capa, mas, desta vez, não me arrependi – também gostei das animações, dos cenários, das personagens, etc. o que, para o caso, não é chamado, porque, na verdade, apenas interessa para relacionar com teatro épico (que não possui animações, nem cenários).
Elegi este filme para comparar com Felizmente há luar! não pelo ambiente, nem propriamente por se relacionar com as personagens principais, mas porque se pode relacionar com o povo.
Na peça, o povo vê-se numa ditadura, não está feliz com as condições de vida e quer estar de qualquer outra forma menos como se encontra; por outro lado, no filme, temos a personagem principal Thomas, que se encontra num labirinto, não sabe como lá foi parar, mas sabe que quer sair, custe o que custar. Através das primeiras falas de Manuel (no ato I), podemos demonstrar isto mesmo, que eles se encontram sem saída e descontentes: “E enquanto eles andam para trás e para a frente, para a esquerda e para a direita, nós não passamos do mesmo sítio”.
Ao longo da peça podemos também observar que o povo desvaloriza Matilde (mulher de Gomes Freire de Andrade, sentenciado à morte) na fala de Manuel (ato II) “Não lhe dês a moeda” e, no mesmo ato, em “Dá isto à srª D. Matilde e manda-a embora. Se ela voltar, diz-lhe que tenha paciência. Não queremos pobres à nossa porta”. Também no filme as personagens não se dão às mil maravilhas, não confiando uns nos outros. Thomas, desde que chega, tenta ter a confiança dos rapazes que com ele vivem até se conseguir tornar num “corredor” (uma pessoa que percorre os labirintos que o rodeiam). Embora neste aspeto não sejam muito parecidos (à partida), podemos relacioná-los pela força de vontade de ambos (Thomas e Matilde). Por um lado, Matilde acreditava que ia voltar a ver o seu marido vivo e de boa saúde e não condenado a uma fogueira, tendo esperança de “ter ocasião de vestir a saia verde”; parecido com Matilde há Thomas, que tinha também bastante força de vontade e acreditava a pés juntos que iria conseguir percorrer os largos e altos corredores, na esperança de descobrir os segredos que o rodeavam.
E, temos também o fim do filme, quando aparece uma rapariga no elevador em que apareceu a personagem principal e fez com que esta perdesse a credibilidade que tinha. Ora algures no meio da peça, quando Vicente e o Andrade Corvo aparecem a denunciarem o nome de Gomes Freire de Andrade Também se baseiam em factos infundados. No filme, a rapariga aparece e diz o nome de Thomas, o que faz com que os outros rapazes fiquem de pé atrás apenas com esse pormenor. No caso da peça, o marido de Matilde apenas foi condenado por que precisavam de um nome para executar para assustar a multidão e calar quem queria mais do que podia ter.

Maria
Maria (Bom -/Bom (-)) || Blindness (Ensaio sobre a Cegueira)
Começámos a ver Ensaio sobre a Cegueira numa aula de Português, algures no décimo primeiro ano – ainda que os primeiros quinze minutos. É um filme baseado na obra Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, que, resumidamente, nos fala no colapso total de uma sociedade assim que esta é infestada por uma epidemia de cegueira.
Felizmente há Luar! é uma peça que se encaixa no chamado teatro épico “à Brecht” e que tem como objetivo passar uma mensagem ao público – tomada de consciência –, sem que o mesmo seja cativado de alguma forma – não há cenários elaborados, sendo que até pode não haver mesmo cenário. Mas como? Numa outra peça de teatro, muitas das vezes procura-se adaptar o texto à personagem que a vai interpretar, de modo a que seja mais fácil ao ator “encarnar” o papel da personagem. No teatro épico, o ator rege-se precisamente pelo texto. É esse que interessa.
O objetivo deste tipo de peça é a tomada de consciência. Ela leva à ação e, de seguida, a ação leva-nos à mudança. Deste modo, e visto que não há “contacto” com o público, não se cria empatia e atinge-se, consequentemente, a lucidez para os juízos de valor.
No primeiro ato de Felizmente há Luar! deparamo-nos com dois populares (marido e mulher) que são rodeados pela miséria, mas que nada conseguem fazer quanto a isso. Ouve-se o som de tambores e, num passar de segundos, já pela pela boca de todos um e um só nome, o de Gomes Freire de Andrade – “Estas cantigas são inventadas / No regimento de Freire d’Andrade / São cantadas com o estilo / De lá ré ó liberdade” (p. 18). Também em Ensaio sobre a Cegueira encontramos a protagonista do filme, a mulher do primeiro homem a ser infetado pela epidemia da cegueira, a ser a única que não a vai contrair. Assim, poderemos considerá-la também a que os vai “libertar” desta incapacidade.
A dita quarentena passada em Ensaio sobre a Cegueira é percorrida por um sentimento constante de agonia, incapacidade e, sobretudo, impotência. O filme baseado na obra de Saramago leva-nos a pôr em causa os valores morais e éticos, quando as personagens são levadas a situações consideradas inadmissíveis – que podemos encontrar em Felizmente há Luar! quando Matilde (mulher de Gomes Freire) implora a Beresford (um dos três regentes do reino) que liberte Gomes Freire da prisão, respondendo Beresford que “A existência de certos homens é já um crime” (p. 95) – tais como matar para salvar os seus.
Assim, o povo une-se pela força de um nome contra os três regentes do reino – D. Miguel, Beresford e Principal Sousa –, em busca dos valores perdidos aquando das invasões francesas (“Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás! Cai na mão dos Ingleses!”, p. 16).
Tanto em Ensaio sobre a Cegueira como em Felizmente há Luar! encontramos a procura pela tomada de consciência, pondo em causa todos os nossos valores éticos e morais, para que se possa evoluir no tempo.

Adiana
Adiana (Suficiente) || My name is Khan (Meu nome é Khan)
Ao ler Felizmente há luar!, pensei num filme, de 2010, que tinha visto há muitos anos com a minha mãe. O nome do filme é My name Is Khan (Meu nome é Khan). Escolhi este filme para fazer comparação com o livro porque ambos têm partes semelhantes: o julgamento de pessoas e o amor.
Em Felizmente há luar!, o General Gomes Freire d’Andrade e Matilde de Melo viveram um amor profundo com companheirismo semelhante ao do filme. Rizwan Khan e Mandira são indianos, de religião diferente, que vivem nos Estados Unidos da América. Ao contrário do livro, quem mostra mais amor é Khan, que se apaixona desde o primeiro dia em que ela o ajudou. Ao longo do tempo desenvolveu a paixão e pede-a em casamento mesmo contra a vontade de seu irmão, devido à religião diferente. Casam-se e vão viver em outra cidade com o filho de Mandira, Sameer, que Khan considerava como filho. Após o 11 de setembro, esta família sofreu muito por serem muçulmanos devido a muitas medidas tomadas e Mandira perdeu o filho, por causa do preconceito para com os muçulmanos, como Matilde.
Matilde, como uma mulher de garra, sempre foi atrás dos governadores para defender o seu marido, para saber o porquê de tudo. Igualmente, Mandira, quando seu filho foi morto, fez tudo para descobrir o culpado de morte e, por fim, conseguiu descobrir que o melhor amigo de seu filho tinha alguma culpa, mas perdoou-o.
Quanto ao julgamento de pessoas, na peça, os governantes, que el-Rei deixou no Reino para governar enquanto estivesse fora, descontentes com “revolução” do povo que já não acreditava em tudo e que devido à Revolução Francesa queriam liberdade, para aplacarem o movimento contra eles, tiveram de arranjar um suposto chefe do grupo de revolucionários. Devido às denúncias sem fundamento feitas por Vicente, Corvo e Morais Sarmento, com objetivo de terem um cargo na polícia ou um aumento salarial, apontaram para o General Gomes Freire, que, de seguida, foi preso e levado para S. Julião de Barra. Sua mulher, inconformada, dizia que era querido pelo povo por ajudar a todos, semelhante a Khan, que ajudou uns conhecidos de Geórgia numa tempestade que teve, não merecia ser tratado assim sem condições mínimas e preferia estar no lugar do seu marido. Khan também foi preso, por pensarem que era o mandante do atentado de 11 de setembro, sem terem provas concretas, somente por ter atitudes esquisitas numa visita do Presidente numa universidade. Devido à sua doença, síndrome de Asperger, foi muito maltratado por um inspetor da FBI para que dissesse a verdade. No meu ponto de vista, este agiu como D. Miguel Forjaz, que disse: “Sempre que pensarem em discutir as nossas ordens, lembrar-se-ão do cheiro..., mas felizmente há luar...” (p. 131). A este senhor convinha-lhe fazer isso para que outras pessoas tivessem medo do que lhes pudesse acontecer, e assim não planeassem mais atentados. Sempre teve o sonho de conhecer o Presidente e explicar-lhe que nem todos os muçulmanos eram terroristas.
 No final de tudo, o General foi condenado e morto pelas chamas da fogueira e Khan conseguiu provar a sua inocência e, como diz Matilde no fim, “felizmente há luar!” (p. 140). Para Matilde esta luz iria apagar o sofrimento das pessoas, por isso, no filme, após estes muçulmanos passarem por muitos preconceitos, iria chegar o momento de coisas boas.
Ambas as histórias mostram que, devido a certas atitudes, ideias e princípios somos julgados por vezes conseguindo ou não provar a “inocência”. Segundo o príncipio dos que os poderosos nestas histórias, talvez por essas pessoas serem diferentes não podem estar nesse mundo pois representam a possibilidade de que o mundo mude.


Marta
Marta (Bom (-)/Bom) || Trumbo
Trumbo é um filme que conta a história verídica de um argumentista norte-americano, Dalton Trumbo, que foi perseguido por fazer parte do Partido Comunista numa altura em que o anti-comunismo estava mais agressivo. Foi investigado por participar em reuniões comunistas e chegou a ser notificado para comparecer num inquérito. Quando se recusou a responder às questões que lhe foram postas, foi acusado de desrespeito pelo congresso e acabou por ir preso dez meses. Quando voltou para junto da sua mulher e filhos, Hollywood recusou continuar a dar-lhe trabalho devido à sua filiação no Partido Comunista. Mas isto não o impede de trabalhar e escreve para várias produtoras de cinema sob de nomes falsos. Um dos seus filmes chega até a ganhar um óscar. Quando a sua identidade é descoberta, não podem voltar a prejudicá-lo. Afinal, ser comunista não violava nenhuma lei.
Dalton Trumbo está numa situação semelhante à vivida pelo povo e pelo general Gomes Freire d’Andrade em Felizmente há luar!. Portugal vivia uma época em que não existia liberdade de expressão, aqueles que pensavam de maneira diferente eram reprimidos e, se desafiassem o governo, podiam ser perseguidos, presos ou até mesmo mortos. Este foi o caso de Gomes Freire d’Andrade preso e morto por ser tido como o chefe da conspiração aliás, por terem querido que fosse tido como chefe da conjura (“Senhores Governadores: aí tendes o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado pelo povo, é um soldado brilhante, é grão mestre da Maçonaria e é, senhores, um estrangeirado...”, p. 71, ll.15-20). Gomes Freire é considerado um “inimigo natural da regência”, assim como Trumbo é considerado um radical perigoso, uma ameaça a Hollywood e ao Estado. Ambos são acusados sem provas. Quando Andrade Corvo, no fim do ato I, refere que não há certezas de que seja o general o chefe da conjura é repreendido por Miguel Forjaz, que  põe em causa o seu patriotismo e lealdade a el-rei. No entanto, a falta de provas não impede a classe do “poder” de exercer a sua vontade e de os penalizar por terem ideias diferentes das suas. São considerados traidores à pátria e tanto em Felizmente há Luar! como em Tumbo as suas ações afetam-nos não só a eles mas também às suas famílias. Matilde de Melo, mulher do general, passa por momentos de desespero e angústia após a prisão do seu marido, visíveis nas suas intervenções a partir do ato II até ao final da peça com a morte de Gomes Freire (“Quero o meu homem! Quero o meu homem aqui, ao meu lado!”, p.94, ll. 5-6; ”Mas que gente é esta?!”, p. 112, l. 9) e pelas didascálias relativas à personagem (“Com desespero”, p. 97, l. 2”; “A voz é angustiada”,p. 112, l. 25). No caso da família de Trumbo , a principal consequência foi o distanciamento crescente entre o argumentista e a sua mulher e filhos. Concentrando-se na escrita, acabou por pôr em segundo plano as suas relações pessoais.
Estas duas obras mostram o que acontece às pessoas que pensam de maneira diferente da maioria ou do poder vigente em países em que isso não é permitido. Sofrem, física ou psicologicamente, a pressão do poder. Nos casos mais extremos, podem até morrer pelas suas ideias.   E, sempre que a repressão acontece, nunca é só uma pessoa a sair prejudicada: são também todas as que a rodeiam.

Catarina C.
Catarina C. (Bom) || Marie Antoinette
Sempre tive uma grande paixão por filmes, por qualquer tipo de filmes (talvez excetuando os de terror: não consigo apreciar a sensação de ficar assustada, pensando e racionalizando-o de momento).
Também sempre gostei da disciplina de Português, que, no meu tempo (como se já tivesse muito para falar), ainda se chamava disciplina de Língua Portuguesa, apesar de achar as aulas aborrecidas: lembro-me de, no nono ano, especificamente, estarmos aulas consecutivas, durante uma hora e meia, a tirar apontamentos de partes d’Os Lusíadas. A “matéria” era ditada e outra coisa não era esperada senão estudar esses ditados antes dos testes. Quando entrei para o secundário, deparei-me com uma nova escola, novos colegas e um aparente novo “sistema” de ensino, cuja arte se rege pela simplicidade e dinâmica. Poderia escrever um texto focado só sobre as minhas aulas de Português destes últimos três anos da minha passagem pelo ensino obrigatório, mas, como este trabalho o “pede”, focar-me-ei sobre um aspeto que de início me intrigou (e me agradou), o de, no final de quase todas as aulas, vermos uma parte de cerca de quinze minutos, dum filme à escolha do professor. Para uma fã de filmes e de Português, era a mistura perfeita, e são vários os filmes de que ainda me lembro vivamente. Um deles, passado no 12º ano (talvez por isso, ainda me lembrar melhor, apesar de achar ou querer convencer-me de que tenho boa memória), chamado Marie Antoinette.
Quando me foi pedido este trabalho de comparação entre a obra Felizmente Há Luar! e um filme à minha escolha, não fiz nada senão pensar e pensar num filme que se pudesse assemelhar àquilo que a peça de Luís de Sttau Monteiro transmite. Cheguei à conclusão de que o filme Marie Antoinette me recordava de algumas das coisas com as quais me deparei quando lia o livro.
Apesar das deveras precisas (mas talvez até passadas despercebidas por muitos leitores) semelhanças que encontrei, consegue fazer-se uma analogia entre o livro e o filme, que se tornou num dos meus favoritos. Em primeiro lugar, e talvez a parte mais óbvia, temos a parte de os “franceses”. A personagem principal do filme, Marie Antoinette, é austríaca mas torna-se rainha de França após se casar com um delfim francês. A história do filme é basicamente passada na França e tem tudo o que é “francês”. Já na obra Felizmente Há luar! também se faz uma curta menção dos franceses no ato I: “Se a um ministro de deus é permitido odiar, que o Senhor, um dia, perdoe o ódio que tenho aos Franceses…” (p. 39). Esta fala, dita por Principal Sousa, advém do facto dos portugueses terem os franceses como “inspiração”, atribuindo a estes últimos a culpa da transformação do povo português em algo que considerava lamentável. Felizmente Há Luar! também está ligado histórica e temporalmente às invasões francesas que ocorreram em Portugal e que levaram D. João V a fugir para o Brasil (algo que não agradava ao povo).
Em consequência das inspirações que o povo português tinha do povo francês, o Principal Sousa considerava que estes se tinham transformado “num antro de revoltados” (“Veja, Sr. D. Miguel, como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num antro de revoltados!”, p.40) contam a revolta que o povo francês tinha durante uma parte do filme, devido à inconsciência e ao desprezo de Marie Antoinette pelo seu cargo enquanto rainha de França, o que levou o povo a manifestar-se.
A morte de Gomes Freire, na forca, foi também bastante semelhante à de Marie Antoinette, que embora não sendo mostrada no filme, foi na guilhotina (que é também mencionada no livro - “Dizem-me que se fala abertamente em guilhotinas”, p. 40).
No filme percebemos que, apesar de bastante amigável, a relação de Marie Antoinette e do rei de França não era passional, sentindo-se ambos como que “obrigados” a estarem um com o outro,  o que levou a que a rainha o traísse. Já na obra de Luís de Sttau Monteiro temos uma relação contrastante com esta, que é caracterizada pelo amor, a de Matilde e Gomes Freire.

Carolina D.
Carolina D. (Bom) || Drillbit Taylor (Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor)
Não me lembro ao certo de quando foi que assisti pela primeira vez a Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor (Drillbit Taylor) pois é um dos filmes que se inserem na ampla variedade de filmes de comédia a que já assisti. Foi, no entanto, ao vê-lo de novo mais recentemente, numa daquelas tardes de fim de semana em que os canais nacionais costumam passar alguns filmes, que me dei conta da relação de semelhança entre a personagem principal do filme e a figura do General Gomes Freire d’Andrade em Felizmente Há Luar!
Drillbit Taylor, o ator Owen Wilson, protagonista, revela-se, no filme, como o defensor de três jovens, vítimas de bullying por parte de um grupo de rapazes, durante o seu primeiro ano do ensino secundário. Ao sentirem-se oprimidos, vitimizados e incapazes de se defender, sabendo que nada podem fazer, estes jovens decidem contratar um guarda-costas, Drillbit, que se encarrega de os proteger e defender dos opressores.
Podemos estabelecer uma comparação entre esta personagem e o General Gomes Freire d’Andrade em Felizmente Há Luar!, na medida em que também este é um defensor dos oprimidos — o povo —, que se encontram num estado de vivência miserável e lastimável devido ao estado, de quem são vítimas. São as classes superiores que oprimem o povo.
O general Gomes Freire d’Andrade, um homem único, íntegro, com valores morais, politicamente liberal, igualitário, um militar que sempre lutou em prol da honestidade e da justiça, surge como a voz do povo, defendendo-o das restantes classes sociais, apoiando-o, reconhecendo o seu valor e dignidade e, ainda que não diretamente, protegendo-o. O povo acaba por depositar confiança e esperança no general (‘’(…) a ninguém tem o povo mais amor do que ao primo de V. Excelência (…)’’; ‘’Em ninguém põe o povo mais esperança do que no general…’’; ‘’Um amigo do povo! Um homem às direitas! Quem fez aquele não fez outro igual…’’; ‘’(…) é idolatrado pelo povo (…)’’), olhando para este como uma espécie de guarda-costas, no sentido figurado da palavra.
Ambas as personagens, o guarda-costas Drillbit e o general Gomes Freire d’Andrade, ainda que uma tenha um papel bastante mais significativo em termos sociais, surgem como o símbolo da luta pela liberdade e pela igualdade, podendo representar um ameaça para os não apoiantes de ambas.
A diferença entre ambas as personagens está na diferença de tempo em que o filme e a peça se passam. O filme Drillbit Taylor relata uma época recente, enquanto Felizmente Há Luar! se passa durante uma época em que a liberdade de expressão era proibida e era proibido defender a classe social inferior, o povo, por isso ir contra a regência da época, o que acabou por levar ao aprisionamento e posterior condenação à pena de morte, do General Gomes Freire d’Andrade (‘’devendo, por nascimento e posição, defender certos interesses, defende outros… É o caso do general, minha senhora.’’; ‘’Trata-se de um inimigo natural desta Regência.’’).

Bea Sá
Bea Sá (Bom -) || The legend of Zorro (Zorro!)
Depois de uma intensa pesquisa (ainda tive a esperança de conseguir encontrar algum filme que tivéssemos visto nas aulas de português, mas sem efeito) acerca de filmes que pudessem ser relacionados com a magnífica obra Felizmente há Luar!, deparei-me com alguns relativamente interessantes e que até poderiam ter sido postos à prova, mas não estava convencida com aquilo que tinha. Resolvi então começar a pedir ideias de filmes aos meus progenitores. Ora muito bem: a minha progenitora esquivou-se logo do assunto dando a desculpa de que não conhecia muitos filmes, e o meu progenitor (graças a Deus) veio com uma ideia que se pode dizer que foi magistralmente magistral.
O nome do filme que ele me aconselhou foi o do ídolo do Batman, ou seja, o incomparável Zorro! (aquele que costuma fazer um “z” em tudo que vê). Agradeci-lhe imenso pelo conselho e decidi segui-lo.
Quando pensei no filme comecei logo a fazer associações, visto que tem bastantes histórias de guerras, aventuras e desentendimentos políticos, o que tem a ver com Felizmente há Luar! Com isto dito, ou, melhor, escrito, começo por vos confessar as minhas associações: Diego de la Veja, mais conhecido por Zorro consegue relacionar-se com o general Gomes Freire d’Andrade, devido a ser um homem com valores, justo, aventureiro e único (“Um amigo do povo! Um homem às direitas! Quem fez aquele não fez outro igual…”), o que se passa também com Zorro, um homem que luta para salvar, ajudar e dar mérito ao povo, não olhando a meios para chegar a esses fins. Estudou para conseguir aprender acerca de política, da maneira como a lei consegue ser manipuladora, de guerras, assim também como das diferentes culturas e as múltiplas diferenças entre si.
Outra personagem com quem eu pude relacionar Felizmente há Luar! (apesar da diferença de sexos) foi Matilde com Bernardo, o grande companheiro de Zorro nas suas aventuras e na sua vida, visto que Matilde de Melo, a companheira de todas as horas de Gomes Freire, era sua mulher. Matilde era uma mulher bastante calma, mas desesperada à procura do homem que tanto ama e a tentar tirá-lo da cadeia: ”Que estará ele fazendo a esta hora, fechado numa cela em S. Julião da Barra? Adivinho-lhe os gestos e os pensamentos. Está preocupado por minha causa. Sabe que nunca o deixei sozinho e a maior das suas dores é o conhecimento que tem da minha dor.” Neste momento da peça, conseguimos observar outras características de Matilde, como o seu poder de argumentação contra o principal Sousa e também o seu lado mais forte e mais justo, sem medos de defender os seus valores e o seu povo, lutando pela igualdade, justiça e verdade: ”Serei, então, a voz da sua consciência. Ninguém consegue viver sem ouvir a voz da consciência, António.” Bernardo enquadra-se aqui, não só como companheiro de Zorro, mas também pelo seu lado mais paciente e mais calmo de ver as coisas, o que ajudava Zorro a conseguir evitar alguns erros.
Depois das personagens consideradas “boas influências” para a peça e para o filme, chegou a altura de vos revelar as ditas “más influências”.
O coronel que aparece em Zorro tinha a ambição de manipular o povo e controlar os mexicanos, comportamento que se assemelha ao de Vicente, Beresford, ou até mesmo, D. Miguel. A única diferença é que Vicente ainda conseguiu evoluir de membro do povo, para o grupo dos delatores, e ainda para chefe de polícia (pena que tenha sido da pior maneira).
Falando agora um pouco destas três personagens: Vicente não gostava de Gomes Freire por este ter vivido no estrangeiro, tratando-o por “estrangeirado”, e é uma pessoa que com o passar do tempo se foi tornando, calculista e mau para o povo, traidor e ambicioso.
Beresford, homem irónico, teme ser substituído por Gomes Freire, porque tem a noção de que este é muito mais adorado e valorizado pelo povo do que ele, tendo assim receio de perder todos os seus privilégios no poder, tencionando, eliminar Gomes Freire: “A certa existência de certos homens é já um crime.”
D. Miguel acha-se muito superior a toda a gente, despreza a opinião do povo e é corrupto, odeia Gomes Freire justamente por este apresentar qualidades que D. Miguel não tem: “O povo fala…E que interessa o que diz o povo?”.
Estas três personagens relacionam-se com o coronel porque, apesar de serem maliciosos a nível politico, são também manipuladores e pessoas com mau fundo.

Joana
Joana (Bom -) || The Hunger Games: Mockingjay – Part 1 (Os Jogos da fome: A Revolta – parte 1)
Recordo-me de ver The Hunger Games: Mockingjay – Part 1 (Os Jogos da fome: A Revolta – parte 1) no cinema, pouco depois da sua estreia em Portugal. Sempre fui uma fã da saga, acompanhando todos os filmes desde o início. Gostando muito de ficção científica, não me foi difícil ficar encantada com estes filmes, que tiveram a sua estreia em 2012, com The Hunger Games.
The Hunger Games: Mockingjay, dividido em duas partes, sendo a primeira lançada em 2014, foi realizado por Francis Lawrence e baseia-se no livro de Suzanne Collins.
Ainda que o filme apresente características menos realistas que a peça Felizmente há luar!, existem alguns pontos de ligação entre os dois. Em ambas as histórias é possível apercebermo-nos da injustiça sobre as classes mais baixas, sendo de realçar a revolta causada no povo pelos excessos de hierarquias. No filme, a população de cada distrito luta para a sua libertação consoante as leis do Capitólio, comandado pelo Presidente Snow. No livro, o povo, mesmo que impotente e oprimido, procura uma forma de revolução e de expressar as suas ideias. Conformista com a situação atual do país, pretende acabar com a inquisição e censura imposta, procurando um incentivo que impulsione toda essa revolução (“Então, meu general, quando é que isto vira?”).
Katniss Everdeen, protagonista do filme, é um símbolo de revolta e esperança para toda a Panem, sendo apelidada “Mockingjay” (pássaro que simboliza a revolução). Esta personagem pode ser relacionada com o General Gomes Freire Andrade, que, mesmo nunca aparecendo na peça, é uma forte fonte de esperança para todos os que sonham com a sua liberdade e com o fim da pobreza, um símbolo da “fome e sede de justiça”. Matilde de Melo também pode mesmo ser comparada com Katniss, devido à sua coragem ao ir falar com os governadores e à sua persistência para tentar retirar o marido da prisão; porém, Matilde praticamente humilha-se perante o Principal Sousa ao implorar pela libertação de Gomes Freire.
Ambas, Katiness e Matilde, apenas decidem tomar uma atitude quando algo lhes acontece a elas próprias. Mesmo com dimensões diferentes, é necessário que passem por algo “que as marque” para que decidam tomar alguma medida. No filme, Everdeen apenas aceita ser o Mockingjay depois de assistir a toda a destruição do Distrito 12. Por outro lado, Matilde apenas pretende revoltar-se contra as injustiças políticas depois que seu marido é preso, tendo a coragem, ainda, de ir cobrar ao povo as esmolas que lhes deu (“Você, aí, sabe quem eu sou. Tenho-lhe dado esmola vezes sem conta”).
No entanto, algo que ninguém lhes tira é a sua perseverança. Nas duas narrativas ambas desejam resgatar os seus amados a todo o custo. Quando Katiness descobre que Peeta se encontra aprisionado no Capitólio, tenta tudo para o ir buscar, fazendo, até, um ultimato à Presidente Coin para que a ajude a resgatá-lo. O mesmo acontece com Matilde que, durante todo o ato 2, procura retirar o seu marido de S. Julião da Barra (“Salve-o… salve-o… Ainda está a tempo… um correio, a cavalo, chega lá em meia hora… Salve o meu amor, senhor, o meu amor… que é tudo o que tenho…”).

Carlota
Carlota (Suficiente (-)) || The King’s Speech (O discurso do rei)
Vi O discurso do rei duas ou três vezes: uma delas foi na aula de português, outra foi em casa com os meus pais e a outra não cheguei a vê-lo todo pois é daqueles filmes que estão  sempre a passar na televisão e, quando nos apercebemos de que ele está a dar, já vai a meio.
Este filme relata a historia do Rei George VI de Inglaterra, em 1925, que tinha problemas de fala: o rei gaguejava. Após muitas tentativas de procurar, sem sucesso, uma solução para este problema, Elisabeth, mulher do rei George, encontrou um terapeuta chamado Lionel Logue que conseguiu atenuar muito o grave problema de George, ficando estes dois amigos para o resto da vida. O filme passa-se na altura em que Hitler começava a por as garras de fora e a preparar-se para a segunda Guerra Mundial, ou seja, quando o povo se começava a revoltar e as guerras começavam a surgir, tal como em Felizmente ha luar!.
A obra de Sttau Monteiro leva-nos até 1817 mas, tal como no filme escolhido, o povo também se revolta por acusa das perseguições feitas a cidadãos portugueses (“Como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num atro de revoltados”, p. 40). Podemos perceber que esta obra relata uma tentativa falhada de revolta liberal chefiada por Gomes Freire de Andrade que acaba por ser enforcado, no final da peça, a mando de Beresford, sendo este o grande final trágico da peça. É uma repreensão, uma critica ao regime político salazarista e, ao mesmo tempo, um incentivo à revolta, não escondendo que se opõe inteiramente à política da época.
Matilde, uma das personagens de Felizmente há luar!, acompanhante de todas as horas de Gomes Freire de Andrade, poderá relacionar-se com Elisabeth, mulher de George. No livro, Matilde faz de tudo para poupar o seu amante à morte pois, para ela, não é digna do seu homem. Ela está desesperada para o salvar e pede a todos misericórdia e compaixão (“Salve-o… salve-o… salve o meu amor, senhor, o meu amor… que é tufo o que tenho…”, p. 131), enquanto que no filme Elisabeth também corre mundo, o mundo dos terapeutas da fala, para ajudar, definitivamente o seu marido. São ambas mulheres de força e dedicação por aqueles que mais amam.
E quem são os heróis da peça e do filme? Gomes Freire de Andrade e Lionel Logue. No filme, o grande herói da história é, sem dúvida, o terapeuta que ajudou o rei a ultrapassar o seu problema, pois é extremamente importante um rei saber comunicar bem, fluentemente, com o seu povo e, graças a Logue, tudo ficou bem, enquanto que na peça o herói é Gomes Freire de Andrade, porque este importava-se com os direitos do povo, não gostava da maneira como era governado o reino e era o líder das revoltas. Portanto, para o povo, seria o grande salvador do reino, e por isso foi eleito culpa pelos governadores. Freire de Andrade morre enforcado exatamente por querer ajudar todos os cidadãos a terem melhores condições de vida, merecendo ser ele o grande herói da peça.
No final da peça, apesar da desgraça que foi a morte do amado de Matilde, Matilde vê-se aliviada e sabe que a morte de Freire de Andrade não é o fim da linha ( “Julguei que era o fim e afinal é o princípio.”, p.140), a tragédia serviu de uma lição para ela e para todo o povo. A última fala de Matilde — “Felizmente há luar! — é um grito de alívio, um grito de tomada de consciência de que tudo ira ficar bem e que há, de novo, um céu cheio de estrelas para ela e para todos os outros. Podemos relacionar este passo com o filme pois, apesar das guerras serem mais frequentes e o período de grande dificuldade se estar a aproximar, o facto de o Rei ter ultrapassado o problema da fala dá uma certa esperança e fé para que tudo corra bem e, felizmente para eles, também haverá luar!

Inês
Inês (Bom -/Bom (-)) || Colonia
Só vi Colonia uma vez, depois de ter estado a pesquisar sobre filmes representados pela atriz Emma Watson. Apesar de ela não ser a melhor no seu ramo, gosto dela e, após a leitura do resumo desta obra, decidi dar-lhe uma hipótese. O filme agradou-me. No entanto, aborda um tema que eu não gosto de ter em mente por me deixar revoltada e indignada, apesar de este ser importante para informar os espetadores. Para além desse aspeto, tem cenas que se podem considerar demasiado bárbaras e desumanas, fazendo com que ver este filme não seja saudável a nível psicológico.
Tanto em Colonia como em Felizmente Há Luar! há uma personagem feminina que inspira força e confiança, e que não desiste de lutar para proteger o seu amante apesar de todos os obstáculos impostos. Matilde de Melo, mulher do General Gomes Freire d’Andrade, assemelha-se bastante a Lena, pois, tal como ela, após desesperar pelo desaparecimento do seu amor, que no caso da obra literária terá sido preso injustamente, por ser considerado o chefe da suposta futura revolta do povo português, percorre todas as opções que encontra para o libertar. Primeiramente, experimenta pedir a Beresford, o militar inglês, que o liberte («Venho pedir-lhe que o liberte.», p. 93), mas este, que só se preocupa com os seus próprios interesses, recusa sem qualquer hesitação. De seguida, tenta que o povo se manifeste pois eram eles que apoiavam Gomes Freire, resultando na sua prisão, mas estes que mal se conseguem defender ignoraram todas as suas súplicas. Após tantos recusarem ajuda-la ainda foi falar com D. Miguel Forjaz, primo do General, mas este, que lhe guardava ódio e desprezo recusou, deixando-a desesperada e sem qualquer opção.
Também consigo ver muita semelhança no governo retratado em ambas as obras. No filme, Daniel, o namorado de Lena, é preso pelo governo e conduzido para um culto, por apoiar o presidente Salvador Allende, que era da oposição ao regime ditatorial. Identifico este presidente com o General Gomes Freire d´Andrade, pois ambos representavam a esperança do povo, eram os dois a imagem de revolta para um povo pobre e cansado de sofrer, sendo, portanto, contra o absolutismo. Devido a serem ambos contra as figuras de maior poder, e não terem mais quem os apoiasse sem ser um povo com pouca força por terem tantas necessidades não realizadas, foram atacados e mortos, sendo os responsáveis pelos seus assassinatos os fascistas, como no caso de Gomes Freire, os três governadores. No livro, Gomes Freire é preso e assassinado por ser o suposto chefe do movimento contra a influência inglesa e o absolutismo, sobre que o povo tanto sussurrava, apesar de não existirem provas concretas da sua participação nesses movimentos. No entanto, como D. Miguel Forjaz, Beresford e o Principal Sousa necessitavam de acabar com as ideias sobre revolução que se andavam a espalhar, precisavam de executar alguém para servir de exemplo para os outros conspiradores, e o General era o que melhor se enquadrava no perfil.
Por último, num contexto diferente do anterior, observo semelhanças no objetivo que tanto o filme como o livro, que se pretende que seja uma peça de teatro, tenham para com os espetadores. Ambos pretendem que o público problematize e reflita sobre os problemas apresentados («O público tem de entender, logo de entrada, que tudo o que se vai passar no palco tem um significado preciso.», p. 15), de modo a melhorar a sua noção sobre o tema apresentado para que este possa ser resolvido.

Bruno
Bruno (Suficiente (-)) || The Wave (A Onda)
O filme que decidi analisar é A onda, de Dennis Gransel, um filme um pouco controverso pois trata de um tema um complicado no tempo de hoje: a ditadura. Não escolhi o filme por esse tema, mas pelas personagens tipo que o filme contém. Rainer, um professor que foi designado para ensinar alunos do ensino médio sobre o estado autocrático decidiu dar uma faísca à pequena mas perigosa criatividade dos seus alunos, atribuindo-lhes um projeto que consistia na criação de uma autocracia própria.
Em Felizmente há luar!, Gomes Freire também acende o rastilho, neste caso não a alunos mas sim ao povo português, para que este crie um golpe de estado. O povo, ao longo do livro, ficaria cada vez mais impaciente quanto a esse assunto mesmo sem fazerem algum movimento, mas os seus cantos e o desejo de aprender a ler não agradavam aos governadores do reino, D. Miguel Forjaz, Beresford e o Principal Sousa.
Fazendo um paralelo com o filme, a criação dos alunos foi motivada por Rainer, pois deixa-os a pensar se realmente seria possível a implementação de estado ditatorial, e os mesmos criam um estado semelhante à antiga Alemanha nazista. Com isso veio o pânico entre os professores pois não sabiam como parar essa “revolução”.
Os alunos defendiam a sua ideia com unhas e dentes, até mesmo com intimidações de outros grupos anarquistas, e não se restringiram só à escola, espalharam a sua ideia pela cidade toda. Rainer, depois de um incidente num jogo de polo aquático entre grupos de ideias distintas, decide juntar os alunos e convencê-los do caos que a ideia tinha gerado, mas, para choque e euforia dos alunos, Rainer era a favor de A onda e apoiava a ideia de que o grupo poderia mudar a Alemanha.
Os líderes das revoluções, tanto na obra quer no filme, querem algo superior ao atual regime político aplicado nas histórias, (em Felizmente há luar!, o absolutismo e, em A onda, a democracia). Por consequência, ambos os líderes apelam à influência e manipulação das massas e tentam implementar os seus planos. Mas, como em todas as revoluções existem traidores, temos, na peça, Corvo e Morais Sarmento, e, no filme, um aluno que discordava dos ideais do grupo. Ambos depois da sua intervenção nunca mais são mencionados nas respetivas obras.
No final de ambas as obras, a revolução não se dá, tendo Gomes Freire sido queimado pela inquisição e Rainer preso por ter sido dado como culpado pelo suicídio de um aluno, que o tentara assassinar (Rainer explicou ao aluno que, ao fazê-lo, iriam ficar sem líder e, assim, acontece o suicídio do aluno). Apesar de se passarem em épocas diferentes, Felizmente há luar! e A Onda usam os mesmos métodos de cativar o publico.
Com um enredo revolucionário e cativante, ambas as obras embarcam numa ideia revolucionária e radical para mudar o rumo da sua nação, tendo como cabecilhas dois homens: um general e um professor, inconformados e fora do normal, que apelam aos mais “pequenos”, o povo e os jovens alunos, para os ajudar na sua jornada contra o poder.

Joãozão

Joãozão (Bom -) || Dead Poets Society (O Clube dos Poetas Mortos)
Por recomendação, resolvi escolher o filme Clube dos poetas mortos, e, rapidamente, vi as semelhanças entre o filme e o livro de Sttau Monteiro Felizmente há luar! A personagem mais marcante no filme, o professor Keating, é um ex-aluno da Academia onde agora passaria a lecionar e vai desempenhar um papel muito importante na vida dos seus alunos, que se veem presos numa realidade que os restringe às suas obrigações e a futuros seguindo as pisadas das famílias, tornando-se “homens de valor” com empregos respeitáveis. O professor Keating vai revolucionar a vida destes jovens e a maneira de verem o mundo. Recorrendo ao seu método de ensino pouco ortodoxo, vai instalar nos seus jovens alunos uma autonomia intelectual que lhes vai possibilitar ter uma visão diferente sobre a vida e, assim, rebelarem-se contra os planos que as famílias e a instituição traçaram para eles, optando por tomar a iniciativa de fazer e seguir coisas que são de facto dos seus interesses, procurando desta forma a felicidade na vida. Keating tem, na minha opinião um papel semelhante ao de Gomes Freire de Andrade na obra de Sttau Monteiro, que vai instalar nas mentes dos cidadãos abatidos e oprimidos uma mentalidade esperançosa e revolucionária. Sem estar diretamente envolvido na narrativa, ou seja, sem diálogo com qualquer personagem do livro, Gomes Freire de Andrade vai ser a personagem central, a ação do livro passa-se à sua volta. Ambas as personagens vão ser “perseguidas” pelos seus caráteres revolucionários.
Keating é a ovelha negra entre os seus colegas de profissão, apenas ele procura ensinar e preparar os alunos para a vida, desviando-se, portanto, do método de ensino tradicional, para os ajudar na vida e contribuir para a sua felicidade, tendo de acarretar com as consequências do seu método, que a Academia onde leciona acabará por considerar responsável pelo suicídio de um dos seus alunos, expulsando o professor. Por sua vez, Gomes Freire de Andrade é de facto perseguido pelo governo, por ser considerado o líder da “revolução” dos cidadãos, pelo simples facto de ser um homem de valores e lutar pelo que acha certo, neste caso pela liberdade, e por uma vida melhor. Apesar de nunca ter tomado medidas concretas contra o governo, foi preso apenas pela esperança que dava aos cidadãos e por ser aclamado pelo povo nas ruas, o que causava preocupação entre os governadores, que ficaram tão aterrorizados com a ideia de uma revolução e do que tal coisa lhes traria, que decidiram prender Gomes Freire de Andrade e de seguida executá-lo, tentando desta forma apaziguar as ideias do povo e retirar-lhes o seu “líder”, e a sua esperança.
No filme Clube dos poetas mortos verifica-se que os alunos do professor John Keating continuam a apoiá-lo mesmo na sua partida. Quando este chega à sua antiga sala de aula para retirar os seus pertences, os alunos levantam-se das suas cadeiras e põem-se em cima das carteiras de trabalho, saudando-o com “Oh Captain, my Captain!”; por outro lado, no livro Felizmente há luar!, os homens que antes apoiavam Gomes Freire de Andrade e o aclamavam nas ruas não correm em seu auxílio, nem demonstram sequer vontade de o ajudar, por mais que a sua mulher Matilde lhes implore “Por quanto tempo é que o vão deixar metido numa masmorra, perdendo aos poucos a fé que tinha na gente desta terra?” (p. 101): “Não a podemos ajudar, senhora. Deus não nos deu nozes e os homens tiraram-nos os dentes” (p. 109).

Madalena

Madalena (Bom (-)/Bom) || Robin Hood
Em todo o decurso de Felizmente Há Luar!, podemos salientar um ambiente de opressão. Os governadores do reino, sem o auxílio do rei D. João VI (pois encontrava-se no Brasil), tentam estabelecer a ordem em nome do Rei e em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, —“E só el-rei tem essa qualidade, e só o Salvador a pode conferir...” (p. 49) — enquanto o povo dispersa os boatos de uma revolução — “fala-se de... V. Ex.ª não pode ignorar que se fala de revolução” (p. 35). Histórias em que o povo discorda dos políticos e chefes do reino existem muitas, e uma das primeiras histórias que ouvimos com esse tema é Robin Hood. Em Robin Hood temos um herói que tenta revoltar-se contra o reino, interpretado tanto por Russel Crowe — caracterizando um Robin Hood agressivo, temível mas sempre com um sentido forte com a justiça — como por uma raposa amigável cujo único objetivo é defender o povo roubando a riqueza do reino (Disney).
Embora Gomes Freire de Andrade nunca tenha surgido em cena, podemos deduzir que se trata do herói do desenrolar de Felizmente Há Luar!:“Um só nome anda na boca de toda a gente”, “O nome do general Gomes Freire d’Andrade” (p. 71). Já aqui podemos sublinhar algumas semelhanças entre o general Gomes Freire de Andrade e Robin Hood. Ambos são considerados amigos do povo e traidores da Pátria. Tanto Robin Hood como Gomes Freire são louvados pelo povo por onde quer que passem, e ambos decidem fazer justiça onde esta escasseie.
Em Robin Hood, Robin é preso sem provas por roubar o reino; no entanto, o verdadeiro objetivo da sua captura de intimidar o povo para que não faça frente ao Rei. O mesmo se passa em Felizmente Há Luar!: Gomes Freire é preso não por ter feito um crime, mas por ser necessário prender um indíviduo que tem a capacidade de mover o povo contra os governadores do Reino — “A pergunta é: quem deverá, ou convirá, que tenha sido o chefe da revolta” (p. 60) — mesmo que isso implique prender um inocente.
Outra analogia que podemos fazer entre as duas peças é a discussão sobre quem é que vai ser o condenado. Na peça portuguesa podemos observar que os principais causadores da captura de Gomes Freire são D. Miguel, o principal Sousa e Beresford. D. Miguel, sendo um Governador do reino, sente que tem a responsabilidade de acabar com as conspirações contra o  seu governo, mostrando várias semelhanças com o Príncipe João, que tenta acabar com as ameaças ao seu Reino. Como braço direito de D. Miguel temos o Principal Sousa, e nada melhor que o fazer corresponder à serpente Sir. Hiss, pois ambos pretendem defender os próprios interesses —“Já pensou em alguém,  Reverência, que a Deus e ao Estado convenha liquidar?” e “Os piores, Srs. Governantes, são os pedreiros-livre...” (p. 67). Por último, Beresford equivale ao Xerife de Nottingham. Tanto a um como ao outro pouco lhes importa a Pátria, importa antes o dinheiro — “Pretendo uma única coisa de vós: que me pagueis — e bem!” (p. 58) — mesmo que signifique julgar um inocente ou roubar dinheiro aos mais pobres.
Tanto em Robin Hood como em Felizmente Há Luar!, podemos salientar uma desigualdade entre o povo e os políticos, podendo considerar ambas as peças como críticas à sociedade da época e à de hoje em dia.

Rodrigo Leal

Rodrigo Leal (Suficiente +) || Twelve angry men
À medida que ia lendo o primeiro ato de Felizmente há luar!, durante aquelas partes em que D. Miguel Forjaz, Beresford e Principal Sousa tentam escolher um culpado para matar e acabar com a revolta do povo português, ia-me lembrando de um filme já muito antigo, de 1957, que vi há mais ou menos um ano. O filme chama-se Twelve angry men, é considerado um dos melhores filmes de sempre e foi nomeado para os óscares nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.
O primeiro ato lembrou-me do filme pois nele existe um rapaz inocente, tal como Gomes Freire d’Andrade, que é acusado de ter matado o próprio pai. A decidir se ele é culpado ou inocente estão doze membros de um júri. A decisão tem de ser unânime e todos votam que o rapaz é culpado, menos um dos doze homens, que acha que o rapaz é inocente. A partir desse momento gera-se uma discussão enorme: o filme desenrola-se com o homem que acha o rapaz inocente a defender o seu ponto de vista com argumentos bem estruturados. Vamos percebendo também que os outros acham o rapaz culpado não pelas pistas mas por motivos pessoais. Consideram que o rapaz é culpado por motivos pessoais, tal como os governadores culpam o general, não por motivos do estado mas pessoais.
Os jurados que consideram o rapaz culpado não conseguem apresentar argumentos, dizem simplesmente ser culpado pois é pobre, escumalha, ou porque os outros dizem que é culpado. Eles não têm qualquer problema em condenar um inocente, até se sentem bem por tal, acham que fizeram o seu trabalho e ficam orgulhosos disso, tal como acontece com os governadores em Felizmente há luar!.
Ficam também fora de si quando as suas decisões são contestadas, tal como D. Miguel Forjaz ficou quando Corvo questionou a sua decisão (“cale-se! Onde está a sua dedicação a el-rei, capitao?”, p. 72)
Em Felizmente há luar! também vemos os governadores — ou seja, a classe alta — com medo do povo, das pessoas pobres pois não se sabe do que eles são capazes e têm medo de uma revolta (“V.ª Ex.a não pode ignorar que se fala de revolução.”, p. 35). Também em Twelve angry men alguns dos jurados têm medo do rapaz por ele ser “do povo” e são bastante discriminadores para com ele. É esse o principal motivo de os jurados o considerarem culpado e é também devido ao medo que os governadores culpam Gomes Freire d’Andrade.
A grande diferença é que na sala do júri todos têm o mesmo poder e, no final, o jurado n.º 8, interpretado por Henry Fonda, consegue convencer todos os outros de que o rapaz é inocente. Mas em Felizmente há luar! os governadores é que detêm o poder e não há ninguém acima deles, menos Deus, e não se deixam persuadir por ninguém, acabando mesmo por acusar o general injustamente. No segundo ato, sabemos que o general morre, mas, no filme, o rapaz vive.

Carolina S.

Carolina S. (Suficiente +/Bom -) || Dead Poets Society (O Clube dos Poetas Mortos)
Vi pela primeira vez o filme O Clube dos poetas mortos (Dead poets society) há alguns anos, na televisão. O título não me cativou mas fui convencida pela minha mãe e depois o filme fez a sua magia. Fiquei vidrada, tendo depois ao longo dos anos repetido, tornando-se num dos meus filmes preferidos. O filme trata do drama vivido numa escola privada, apenas de rapazes, chamada Academia Welton, nos Estados Unidos. É uma escola tradicional que aplica um ensino rígido e ortodoxo, ensinando os rapazes apenas a estarem preparados para o ensino superior.
O filme começa com a abertura de um novo ano letivo, quando os alunos se juntam no auditório na presença de todos, exibindo os brasões e a farda, e há a apresentação do novo professor de inglês, John Keating, antigo aluno dessa mesma escola. Este é um dos heróis da história: Mr. Keating é um professor nada ortodoxo, o que não corresponde ás regras e costumes da escola. A partir desta sua característica podemos relacioná-lo com o dito herói de Felizmente há luar!, o General Gomes Freire d’Andrade, que está presente em toda a obra mesmo que não fisicamente. É visto como uma pessoa altruísta e amiga do povo sempre pronto a ajudar, louvado nas falas do Antigo Soldado no ato I e de Matilde no ato II. Outra característica que liga estas duas personagens é a sua influência e importância, no caso do General, perante o povo, e, no caso de Mr. Keating, perante os seus alunos.
Mr. Keating ensina os seus alunos a perseguir as suas paixões individuais e tornar as suas vidas extraordinárias. Ao contrário dos restantes professores e do próprio diretor da escola, tenta ensinar os seus alunos a pensar livremente e a opor-se, contestar e gritar pelas suas paixões, opiniões e crenças, a seguir os seus sonhos e a não se reduzir ao que os outros querem. A sua atitude de revolta é expressa quando não segue as normas da escola e dá as suas aulas de maneira diferente, até mesmo na primeira aula quando rasga as folhas do livro por não concordar com o autor. Matilde de Felizmente há luar!, mulher de General Freire d’Andrade, é uma personagem forte, que, para defender o seu marido e para o tentar salvar da injusta morte se revolta contra as pessoas do poder, como o Principal Sousa e D. Miguel (“Venho pedir-lhe que o liberte.”, p. 93). Nesta perspetiva, Matilde assemelha-se a Mr. Keating, na medida em que ambos não se conformam com o “comum” e pensam e agem fora das normas.
No filme, um grupo de alunos segue as pisadas do seu professor, organizando de novo um grupo que teria sido criado por Keating quando ele era aluno da escola, a sociedade dos poetas mortos, em que os alunos se juntavam fora de horas e às escondidas dos professores para discutir e ler poesia. Um dos participantes deste clube, aluno de Keating, uma das personagens principais do filme, Neil Perry, tinha uma grande paixão pelo teatro, e, para seu desgosto, ia contra as vontades e ordens do seu pai, que desejava que este seguisse medicina. Após uma peça, onde Neil se estreia no teatro, o seu pai aparece e revolta-se tanto com o seu filho como com Mr. Keating, que o incentivou. Após uma longa discussão com o pai, Neil, perdendo a autorização de prosseguir o seu sonho, perde a vontade de viver, matando-se nessa mesma noite.
Perante esta situação, os pais exigem da escola uma investigação quanto a quem teria responsabilidade por esta tragédia. Cameron, um colega de Neil que também pertencia à sociedade, aponta Keating como bode expiatório e incentiva os colegas a fazerem o mesmo, agindo como porta-voz das vontades do director, para livrar a escola de qualquer responsabilidade. Também D. Miguel “escolhe” quem deverá culpar e incentiva o Principal Sousa que, de início, não concorda com a condenação de um inocente “a pergunta é: quem deverá, ou convirá que tenha sido o chefe da revolta”(p. 60), “A questão que temos de resolver, Excelência, é, portanto, bem simples. Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura”(p. 61).
Com isto podemos igualmente relacionar o director da escola com D. Miguel que aproveita a situação para afastar Keating por não concordar com os métodos de ensino e o considerar um “estrangeirado” (pela maneira incomum de educar) e por querer preservar a sua escola e a sua imagem, não tendo problema em responsabilizar o professor.
Na cena final, Todd, amigo de Neil e também membro da sociedade, desculpa-se a Keating por ter assinado os papéis que responsabilizam o professor pela morte do colega, argumentando que foi obrigado, e desculpa-se por não ter feito nada mais para ajudar, assim como Sousa Falcão de Felizmente há luar! Sente que poderia ter feito algo mais para ajudar o seu melhor amigo, General Freire d’Andrade e não o fez, mudando assim a maneira como se vê a si mesmo (“Quando os justos estão presos, só os injustos podem ficar fora das cadeias e eu, Matilde, vendi-me para estar, agora, aqui, a vê-lo morrer.”, p. 137).
Em suma, as duas obras assemelham-se bastante. Para além do paralelismo de algumas personagens, ambas são dramas onde se vivencia uma morte traumática, a aplicação de uma injustiça para satisfazer o poder e terminam com o afastamento das suas principais personagens, a morte do General em Felizmente há luar! E o despedimento do tão amado Mr. Keating em Clube dos poetas mortos.

Isabela
Isabela (Suficiente +) || A Viagem de Chihiro
A primeira vez que vi A Viagem de Chihiro o filme estava a ser exibido na RTP1, se não me engano. Apesar de ser uma animação, não estava dobrado e, assim, eu, com cinco ou seis anos, não sabendo ler as legendas e sem entender uma palavra de japonês, confesso que não percebi absolutamente nada da história. Mas recordo-me de ter ficado fascinada com a arte do filme em si, já que vi o filme todo, mesmo sem compreender uma única palavra. Mais tarde, já sabendo ler, voltei a ver o filme e ele, nesse instante, tornou-se o meu filme  favorito e não só: a partir dele encontrei um “mundo novo”, comecei a ver os filmes do mesmo estúdio, Studio Ghibli, e, de seguida, fiquei apaixonada pela cultura japonesa em geral.
Acredito que podemos relacionar a protagonista do filme, Chihiro, com o General  Gomes Freire de Andrade, da peça Felizmente há Luar!. Em ambos vemos uma personagem que transmite àqueles que estão à sua volta uma sensação de esperança e de possível mudança. Também podemos observar que são personagens que pouco fazem mas que se tornam relevantes. Podemos perceber também a semelhança entre os personagens que os rodeiam, pois, do mesmo modo que o General  Gomes Freire de Andrade tem Matilde de Melo, que o defende corajosamente, e, tentando ajudá-lo, exprime-se ferozmente contra a injustiça (“Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia, os leve à forca!”, p.45), Chihiro tem ao seu lado Haku, que faz os possíveis e impossíveis para conseguir desviá-la de um destino infeliz já traçado.
Este destino infeliz foi traçado por Yubaba, uma bruxa perversa. Conseguimos identificá-la com D. Miguel Forjaz , pois ambos, querendo estar no poder, querem eliminar todos aqueles que vão contra aquilo que eles querem, censurando aqueles que se oponham a eles, não mostrando qualquer interesse pelo povo (“O povo fala... E que interessa o que diz o povo?”, p.20). Em contraste com a peça, no filme o povo é, inicialmente, quase todo como o personagem Vicente, que, perante D. Miguel, comporta-se como seu informante e não gosta do General  Gomes Freire de Andrade (“Excelências, todos falam num só homem...”, p. 38). Apenas no fim do filme o povo percebeu aquilo que Chihiro trazia quando ia contra o comando, começando a compreender que seria possível mudar com a demonstração de insatisfação. O General Gomes Freire de Andrade também tinha Sousa Falcão, seu fiel amigo, que, como Matilde, sentiria muito pelo fim que o general teria. Este personagem podemos identificá-lo com os do filme Lin e Kamaji, que apoiam  Chihiro desde o início, ajudando-a a conseguir superar os problemas com Yubaba.
Em ambas as histórias podemos perceber o mesmo início de enredo, com duas figuras que representam a capacidade de mudança e opinião, com pessoas que concordavam e outras que eram contra. Mas há finais diferentes pois, no filme, os personagens à volta da protagonista conseguiram mudar o seu destino, ao contrário do que sucede na peça, em que aqueles que amavam o General Gomes Freire de Andrade não conseguiram impedir a sua seu fim.

João R.
João R. (Suficiente/Suficiente (+)) || Twelve years a slave (Doze anos escravo)
Mais uma vez, a nossa criatividade é posta à prova com a realização de um projeto sobre a peça Felizmente há luar!. Só que, ao invés dos outros, este é baseado num filme. Tornou-se difícil escolher o filme apropriado, pois a temática da peça é muito rica mas pouco abrangente em diversos níveis. Mas, após algum tempo de pesquisa, consegui encontrar um fime que se relaciona com os seguintes subtemas: a semelhança de “regime” utilizado para gerir, quer Portugal, na peça, quer a colónia de cativos, no filme; comparação de ambas as personagens (General Gomes Freire d’Andrade e Solomon Northup); a posição de Matilde perante a revolução e o sofrimento que está a sentir.
Novamente, a decisão tomada foi complexa, mas, após muita procura, deparei-me com a óbvia obra cinematográfica 12 anos de escravo (com o título original 12 years a slave). O filme e a peça de teatro apresentam conteúdos muito semelhantes mas mostrados em cenários completamente diferentes e em épocas desiguais. Retratando uma história verídica, o filme mostra que, apenas com um ato de racismo, a vida de um sujeito pode ser destruída (neste caso, é a de Solomon Northup). Como já tinha dito, é-lhes retirada a liberdade. Há uma associação de ideias entre as duas obras, pois no filme são feitos prisioneiros que obedecem às ordens do seu senhor, com direito a punição se se exprimissem e se tentassem fugir. Na peça, a situação é relativamente parecida pois, apesar de estarem livres, os homens do povo viviam com medo do soar dos tambores, estando sempre a evitá-los (“Por onde andam as patrulhas? Alguém sabe?” / “Para os lados do Rato. Vai pelas quintas que ninguém dá contigo.”, p.102).
Solomon pretende reagir enquanto cativo, criando uma revolução entre os donos da propriedade e os escravos, mas é dissuadido pela sua colega, amiga, Patsey, que o avisa do perigo a que está sujeito; e ela diz-lhe que não só ninguém irá aderir à sua causa devido ao medo como as consequências iriam ser drásticas. O mesmo sucede em Felizmente há luar! quando Matilde pede ajuda aos populares que estão ocasionalmente presentes na rua, para lutarem pela vida do marido, o General Gomes Freire d’Andrade, que, supostamente, tanto adoravam. Contudo, o povo não aceita a proposta de bom grado dado que, anteriormente, o casal tê-los-ia rebaixado, não auxiliando com uma simples doação monetária, necessária para a sua sobrevivência (“Por quanto tempo é que o vão deixar metido numa masmorra, perdendo aos poucos a fé que tinha na gente desta terra?”, p. 101; “tão cheios duma fome que o pão, só por si, não satisfaz?” / “Quando precisamos deles, dão-nos cinco réis! Quando precisam de nós, pedem-nos a vida!”, pp. 106-107).
Outro assunto importante a discutir é a diferença de atitudes e características das duas personagens principais. Tanto uma como a outra representam um papel fulcral de herói nas obras. Todavia, têm maneiras diferentes de se comportarem (ignorando o facto de pertencerem a classes sociais diferentes e possuírem faculdades distintas). Quando sucede a peripécia que altera drasticamente a sua vida e a dos familiares, por exemplo, Solomon, enquanto preso, reage com medo em determinados acontecimentos no filme, mas Gomes Freire permanece corajoso e constante em relação à sua decisão de ser o chefe dos liberais, o que ditou o seu destino fatal (“Podíamos estar, agora, aqui, ouvindo os pregões que soam a cantigas, lá fora, na rua…”, p. 84).

Jacemila
Jacemila (Suficiente -) || Freedom (À procura da liberdade)
A ação da peça Felizmente Há Luar! decorre no século XIX, centrando-se na figura de Gomes Freire de Andrade e na época que antecedeu a implementação do liberalismo em Portugal.
O filme que escolhi para comparação com a peça mostra a realidade da escravatura e foi lançado em 2016. Escolhi À procura da liberdade, porque é um filme que trata da escravatura, e, sobretudo, da liberdade, tal como Felizmente há luar!.
Na obra, Matilde tem um papel muito importante pela maneira de ser e agir, na defesa da liberdade e na denúncia das classes do poder. O filme mostra a vida de dois homens que viveram em séculos diferentes, e o objetivo dos dois é o mesmo: alcançar a liberdade. Optei por esta escolha também pelo facto de o objetivo do filme, tal como como o da peça, é levar a sociedade a tomar consciência da realidade.
Felizmente há luar! mostra-nos claramente a censura e a falta de liberdade de ação, pensamento e expressão que se viveu no início do século XIX, e o filme também nos mostra os mesmos problemas de tirania do poder. Matilde denunciou e se revoltou contra o movimento castrador que se desenvolvia por todo o país. Usa frases simples, mas fortalecidas com grande energia, coragem e direção: "Cortam-se as árvores para não fazerem sombra ao arbustos."
No filme, o primeiro nível narrativo acontece quando o capitão John Newton parte numa viagem da África para a América, levando centenas de escravos no seu navio. A questão da escravidão atormenta Newton e uma tragédia em alto mar faz que reveja os seus caminhos, convertendo-se a Deus.
Matilde é uma mulher que tem fé, esperança e que procura a verdadeira liberdade. O filme revela como a maravilhosa graça de Deus pode oferecer esperança, fé e a verdadeira liberdade.
Perante a acusação injusta do seu marido, Gomes Freire de Andrade, Matilde nunca desiste de lutar pela liberdade e pela justiça social, dando voz aos ideais defendidos pelo seu marido, acusado e condenado injustamente, ao dizer que "Aquela fogueira há de incendiar esta terra". No filme, Samuel Woodward guia todos pela «underground Raibroad», com uma rede secreta que leva os escravos fugitivos até o Canadá, onde poderiam viver livres.
Matilde luta contra o poder, e, determinada e corajosa, enfrenta as classes do poder em busca de clemência, que impeça a condenação de um inocente. Em suma, na peça e no no filme os heróis queriam lutar, ou seja, tinham um mesmo objetivo — procurar a liberdade e a justiça.

Pedro
Pedro (Bom (-)) || Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith
A peça Felizmente há luar! distingue-se pelo seu estilo mesmo dentro do modo dramático. Os acontecimentos da peça consistem na demonstração do poder estatal e religioso em relação ao poder popular. Os três governadores, Beresford, D. Miguel e o Principal Sousa, são o símbolo do poder absoluto. As suas ações têm como objectivo satisfazer as suas vontades e as vontades de Deus, levando até á traição por parte de outras personagens como Vicente. Gomes Freire d’Andrade representa a esperança do povo por um futuro melhor.
No filme que escolhi para contrastar com a peça (Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith) existe um sistema de classes semelhante ao de Felizmente há luar!, embora o poder não esteja inicialmente centrado em poucos indivíduos, cujos interesses pessoais se sobrepõem ao da sociedade, mas em representantes da população. Os Sith representam toda a classe de poder corrupto, enquanto os Jedi simbolizam a paz a união e a esperança.
No decorrer do filme, os Sith, representados por Palpatine (tal como os três governadores), conseguem converter alguns jedi para o auxiliarem em troca do poder dos Sith (“Tenho uma missão para si […] Se cumprir esta missão com zelo que lhe impõe o seu dever e a gravidade da situação, prometo-lhe que não acabará os seus dias a pedir. Interessa-lhe a chefia dum posto de polícia?” D. Miguel, p. 38).
Os clones, considerados talvez os polícias neste filme, mantinham a ordem pública, porém, tal como outros, deixaram-se corromper pela influência da força. Palpatine utiliza os clones para executar as suas leis e quem as contradiz é morto (“A polícia! (o grupo dispersa com rapidez…)”, Uma voz, p. 24; esta transcrição mostra o medo sentido pela população por apenas discutirem ideias com que os governadores não concordam).
No final do filme os clones recebem ordens dos Sith para executarem todos os Jedi, que são cumpridas sem falhas. A morte destes deixa o caminho completamente aberto para o controlo total de Palpatine e simboliza o fim da esperança para o povo que sempre lutara a favor da justiça. No final do Ato II de Felizmente há luar!, a morte de Gomes Freire d’Andrade tem exactamente o mesmo simbolismo, o fim da única fonte de esperança do povo contra o poder absoluto (“É o fim… Quando virmos, lá em baixo, o clarão da fogueria, já ele morreu…”, Sousa Falcão, p. 137).
Em suma, o filme escolhido, embora o tema de ficção científica não coincida com Felizmente há luar!, apresenta uma estrutura de classes semelhante e luta de poderes coincidente. Os governadores eliminam Gomes Freire por este ser uma fonte de esperança na revolução, os Sith matam os Jedi por estes serem o pilar da justiça e da paz na galáxia. Utilizam todos os meios disponíveis, mais ou menos honestos, como persuasão de inimigos com promessas de poder e a corrupção do sistema judicial e policial.

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