Saturday, August 26, 2017

Poesia trovadoresca pelo 10.º 5.ª



Seguem-se trabalhos em torno de cantigas. As instruções para esta tarefa ficaram aqui. Ao longo das férias, irei escrevendo os comentários.

Natacha
«Senhor fremosa, vejo-vos queixar» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=567&pv=sim| Natacha (17,5)Texto criado, que é sobretudo expositivo, será baseado em leituras feitas (para ser franco, preferia que a parte escrita fosse sobretudo de criação mais livre — porque é difícil perceber o que num texto informativo foi, e legitimamente, moldado segundo o que se lê nas fontes). Este texto articula-se bem com a cantiga lida. Muito boa leitura em voz alta. Parte visual, constituída por filme original, também resulta bem e é agradável. A corrigir: «*que, apesar de não o ter tido, o transmitiu» (os dois pronomes que sublinhei devem suprimir-se).

Beatriz E.
«— Amigo, perguntar-vos-ei» (Fernão Froiaz) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=807&pv=sim | Beatriz E. (17-17,5) Texto criado, narrativo mas com momentos argumentativos, está bem escrito, sendo particularmente interessante o modo como são incorporados no diálogo os versos da cantiga.Leitura em voz alta bastante boa. Parte visual do trabalho, constituída por desenhos que se vão reportando a cada momento do discurso, é outro elemento valorizador do filme, ao mesmo tempo que demonstra gosto e cuidado (este um pouco desmentido pelas falhas que aponto à frente). Foi esquecida a parte de comentário literário. Melhorável: «*questionar a mesma pergunta» (é pleonástico; teria de ser «fazer a mesma pergunta» (este problema surge também em «pergunta que eu me questionava», que teria de ficar «pergunta que eu me punha»); «primeiro, disse-me» («primeiro, dissera-me»). Não se cumpriu o tempo mínimo estipulado, ainda que por apenas seis segundos (vale a pena ter em conta que, na maioria dos contextos académicos ou profissionais, o trabalho seria liminarmente rejeitado).

J. Grego
«Ai fremosinha, se bem hajades» (Bernal de Bonaval) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1152&pv=sim| J. Grego (14-14,5) Texto narrativo criado, inventivo mas demasiado em bruto ainda (boa ideia, mas não terá havido o trabalho de melhoramento que toda a escrita supõe — parece um guião, uma sinopse), Leitura deveria ter sido mais ensaiada (parece que ainda não se reconhece de imediato o texto que se lê, embora haja facilidade, capacidades que o disfarçam). Imagem não é original (baixei agora a classificação dada antes, porque não me apercebera disso). A corrigir: «*enamorada com Rui» («enamorada por Rui»); «*durante as próximas duas semanas» («durante as duas semanas seguintes»).

Guilherme
«Ai ondas que eu vim veer» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim | Guilherme (16,5-17) Texto parte de uma boa ideia, que, depois, teve de ser tratada muito pela rama (o que faz que a escrita não seja tão complexa quanto a escrita pode ser) — há alguns erros de sintaxe, que aponto em baixo. Leitura em voz alta clara, sem erros (mas «Codax» será «Coda[∫]» — este símbolo fonético corresponde ao som do «ch» em português — e não «Coda[ks]»). Imagem do arquivo do autor e bem associável ao texto (até porque se reporta ao último acontecimento aí mencionado). A corrigir: «*esta cantiga de amigo trata-se de uma moça» («trata-se de uma moça»; «Nesta cantiga de amigo, temos uma moça»); «*situações recorrentes ao presente» («situações referentes ao presente»); «*até séculos de anos atrás» («até séculos atrás»); «*sabendo a todos os perigos a que estão sujeitos» («sabendo de todos os perigos a que estão sujeitos»); «*não passa de uma mera utopia» («não passa de uma utopia» ou «*é uma mera utopia»).

Leonor
«Ai ondas que eu vim veer» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim | Leonor (17) Texto parece-me seguro mas pouco ambicioso, como se se preferisse reunir relativos lugares comuns em vez de construir redação com certa complexidade (citar Camões parece-me também forçado, ocupando espaço que deveria ser para texto vosso). Boa leitura em voz alta (na velocidade ideal; só antes de um «que» achei haver «pontuação» a mais). Devemos dizer «M[α]rtim (e não «M[a]rtim», embora, na época medieval, o som até fosse mais este). Imagem pertinente.

Ângela
«De longas vias, mui longas mentiras» (Nuno Fernandes Torneol) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1402&pv=sim | Ângela (14) Texto criado parece pouco elaborado (entre a opinião que se dá entre amigos, vaga e improvisada, e o wikipédico). O próprio registo (cfr. «chateadas») é demasiado informal. Este estilo, de conversa oral, acaba por se evidenciar também na leitura em voz alta (que parece de quem não ensaiou e está a reconhecer um texto ainda só esboçado). Imagem é apropriada. Não se cumpriu o tempo mínimo estipulado, ainda que por apenas três segundos (vale a pena ter em conta que, na maioria dos contextos — académicos ou profissionais —, um trabalho que não cumprisse o tempo mínimo estipulado seria liminarmente rejeitado).


Carolina
«O meu amigo, que [eu] sempr'amei» (João Vasques de Talaveira) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=791&pv=sim | Carolina (17) Texto, embora bem arrumado, até bem escrito, «certinho», refugia-se demasiado em lugares comuns e tem algumas marcas de linguagem corrente oral («faz parte», «amiga para a vida», «amor não escolhe idades», «pessoa mais completa», «algo», «um amigo é alguém que nos apoia nos bons e nos maus momentos») — escrita não pode ser apenas a transposição de um discurso oral (mesmo bem comportado, como é o caso). Muito boa leitura em voz alta. Imagem também muito apropriada. A corrigir: «*pessoas que mais gostamos» (seria: «pessoas de que mais gostamos»); duas coblas é tomado como dois versos (coblas são estrofes); «outro alguém» («outrem»).

Sara N.
«Todos dizem que Deus nunca pecou» (Pero Guterres) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=930&pv=sim | Sara N. (17) Criou-se texto narrativo, monologal, que aproveita o contexto medieval e consegue incorporar a menção da cantiga (no princípio e no fim). O texto está bem planificado mas tem algumas falhas linguísticas pontuais que indico em baixo. Leitura em voz alta esteve melhor, quase sem erros, na narrativa original do que na cantiga (aí, da segunda vez, um pouco tacteante). Imagem apropriada porque sugere cenário do episódio inventado. Parte de comentário literário terá sido esquecida. A corrigir: «*o único cujos os meus lábios pousarão tão carinhosamente» («o único em cujos lábios os meus pousarão carinhosamente»); «*nem meu amor podia-me socorrer» («nem meu amor me podia socorrer»); «*já me apercebi que» («já me apercebi de que»); «?*não existe ninguém que nos virá» («não existe ninguém que nos venha»). Na pronúncia: «P[e]ro Guterres» — e não «P[ε]ro Guterres».

Ana J.
«Ai madr’, o meu amigo que nom vi» (Nuno Fernandes Torneol) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=664&pv=sim| Ana J. (16,5) Texto criado, expositivo, de reflexão, não tem erros mas acolhe muitos lugares comuns (dou só exemplo, logo no início: «só existem duas coisas certas na vida: nascer e morrer») —pretendia textos mais ambiciosos. Na leitura em voz alta, feita na velocidade conveniente, houve só duas ou três hesitações. Este trabalho tem o mérito de ter tido em atenção aspetos não exclusivamente discursivos, tratando-os com gosto: em termos visuais, houve a preocupação de, no início, ir legendando o texto da cantiga em simultâneo com a leitura, e a imagem parece-me bem escolhida; quanto à música de fundo, também revela esse mesmo cuidado. O resultado, o filme, é um objeto equilibrado. A corrigir: «outrora» (significa ‘antigamente’, ‘em tempos muitos passados’, mas aqui surge como «até aí», «antes»).

Mafalda
«Madre, pois nom posso veer» (Nuno Peres Sandeu) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=803&pv=sim | Mafalda (17) Texto inclui alguns lugares comuns, uma fragilidade que já tenho vindo a criticar a outras colegas (cfr. os último e antepenúltimo comentários antes deste), aquelas expressões, frases, que todos dizemos na vida corrente, mais ou menos banais, mas que, na escrita, parecem servir apenas para «fazer passar os 2.30 que havia que ocupar». Leitura em voz alta sem erros. Boa imagem. A corrigir: «*alguém que eu posso confiar» («alguém em que[m] eu posso confiar»; «*em que eu posso confiar a minha vida» («a que[m] eu posso confiar a minha vida»); «fazer de tudo» («fazer tudo«); «que eu senti» («que eu sentira» ou «que eu teria sentido»);«este alguém» («esta pessoa»); finalmente, «menina» seria «moça», «rapariga» ou «jovem».

Pedro S.
«As frores do meu amigo» (Paio Gomes Charinho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=818&pv=sim | Pedro S. (12,5-13) Leitura em voz alta da cantiga bem feita, sem erros (no entanto, devia ter-se lido o que na edição do texto está entre parênteses retos, partes reconstituídas da cantiga, já que, se não o fizermos, os versos ficarão desequilibrados e o sentido incompleto). Quanto ao resto do texto, que era para ser em boa parte original, limita-se a seguir o que está na biografia de Charinho no site CMGP (e não era isso que se pretendia). Imagem é fotografia tirada pelo autor, mas não fica clara a relação com a cantiga ou com o resto do texto. Note-se ainda que a pronúncia correta é «Cha[r]inho» (e não «Cha[rr]inho).

Tomás
«A dona que eu am'e tenho por senhor» (Bernal de Bonaval) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1083&pv=sim | «Ai Deus, se sab'ora meu amigo» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1311&pv=sim | Tomás (15,5) A abordagem seguida fugiu ao que eu tinha aconselhado. Pedira que evitassem que o vosso texto fosse (sobretudo) de apreciação literária, interessava-me mais que criassem um texto original. Reconheço, ainda assim, que o resultado é relativamente pessoal, na medida em que a atitude foi a de tentar transmitir um ponto de vista do leitor. É claro que este estilo, opinativo, não comprometido, leva a que a linguagem seja demasiado corrente, informal («porque são como nos filmes de amor», «muito clichê», «significado bom e interessante»), embora não haja erros evidentes. Leitura em voz alta boazinha (mas, lá para o final, com duas ou três hesitações). Imagem pertinente. (No futuro, há que seguir melhor o meu modelo e instruções.)

Maria
«Jurava-mi o meu amigo» (Pero de Berdia) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1134&pv=sim | Maria (17,5-18) Texto, de género expositivo, consegue fugir a excesso de lugares comuns e não apresentar problemas de sintaxe significativos, apesar da sua extensão (e de não ser este protótipo textual o ideal para o que se pretendia). Última palavra ouve-se mal, mas a autora previne que é «netos». Muito boa leitura em voz alta (na leitura da cantiga, porém, disse-se «Maria» por «Marta»). Imagem, de cuja pertinência não me apercebera de imediato, vem explicada no próprio texto da autora. A corrigir: «*foi nestas ocasiões em que me baseei» («foi nestas ocasiões que me baseei»); «ciclo vicioso» devia ser, na verdade, «círculo vicioso», mas é erro já comum; «situação em que muitos vão acabar» («situação em que muitos vão cair» ou «vão acabar por cair»); «*o eu poético trata-se de uma mulher» («o eu poético é uma mulher»).

João F.
«A Santa Maria fiz ir meu amigo» (Pero de Ver) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1146&pv=sim | João F. (15,5) Texto tem o mérito de usar um pretexto, um ponto de partida, interessante, o feriado, bem associado à cantiga. Não há problemas de sintaxe, mas a redação ficou demasiado simples, com sintaxe de mera justaposição (podia ser um relato oral transcrito — e a escrita não deve ser só isso). Leitura em voz alta pareceu-me a de quem ainda está a reconhecer o texto, demasiado lenta (mas lentidão por falta de à-vontade com o que se tem de ler, não por estratégia para boa compreensão do ouvinte). Imagem adequada (julgo que não googlada). A corrigir: «nas ermidas» («na ermida»).

Beatriz Pinto
«O anel do meu amigo» (Pero Gonçalves de Portocarreiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=927&pv=sim| Beatriz Pinto (16) Texto está bem escrito e associa-se bem à cantiga escolhida. Leitura em voz alta é bastante razoável, mas parece «pontuar» muito o texto (não sei se se deve isso ao facto de se levar demasiado à letra a pontuação gráfica — nem toda terá de corresponder a pausas — ou a pouca fluência por não se ter ensaiado devidamente ou a errada noção da entoação adequada). Imagem é adequada, mas podia conter mais informação. A corrigir: «*um rapaz cujo nome já não me lembro» (seria: «um rapaz de cujo nome já não me lembro»); «*um rapaz cuja cor dos olhos já não me recordo» («um rapaz de cuja cor dos olhos já não me recordo» ou «um rapaz cuja cor dos olhos já não recordo»); «colocando-o todos os dias no meu dedo sem qualquer exceção» é pleonástico (fica melhor sem «sem qualquer exceção»).

Ana S.
«Um cantar novo d’amigo» (Pedro Amigo de Sevilha) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1243&tr=4&pv=sim | Ana S. (14-13,5) Optou-se por, em vez de texto criado de raiz, fazer versões da cantiga. Não tenho a certeza de não ter havido confusão, porque as duas versões (original traduzida; personalizada) parecem-me muito semelhantes, quase sem diferenças. Talvez tivesse sido preferível ler a versão original, sem lhe mexer, e passar então a uma versão «traduzida e personalizada». Leitura em voz alta mostra que houve ensaio e trabalho. Imagem não é de criação da autora, como fora pedido. A corrigir: «*para a moça cujo é a inspiração» (seria: «para a moça de quem é a inspiração»); «*o poema era permanecido oralmente» («o poema era transmitido oralmente» ou «o poema era predominantemente oral»).

Tiago
«Pois me tanto mal fazedes» (Pero da Ponte) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=996&pv=sim | Tiago (12,5) Adotou-se um formato de apreciação do texto, ou das cantigas em geral, que eu desaconselhara. Como ainda não há domínio das matérias para se fazer esse tipo de abordagem, o texto acaba por ser uma colagem de frases pouco originais. Leitura em voz alta muito fraca, abaixo das capacidades do autor, mostrando que não houve ensaio (e que também não havia grande conhecimento do assunto). Imagem é que mostra algum investimento na tarefa. A corrigir: «*contraste às» («contraste com»); «*frequentamente» («frequentemente»); «*e na qual exprime os seus sentimentos amorosos» (creio que era «e sobre a qual exprime os seus sentimentos amorosos»); «*ensadecer» («ensandecer»); «*será forte censurada por todos» («será fortemente censurada por todos»); finalmente, não convém referir o sujeito poético (o «eu» das cantigas) como «narrador», embora, em algumas cantigas, possamos subentender um leve enredo, uma espécie de narrativa subliminar.

Elisa

«A Far[o] um dia irei, madre, se vos prouguer,» (João de Requeixo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1319&pv=sim | Elisa (14) Texto criado podia ser mais complexo (mais escrito, no fundo) — estilo é demasiado oral, de observações dispersas, mas sem a elaboração, a revisão, típica da escrita (exemplo: «este assunto é muito complicado»; «esta fase da adolescência é muito complicada»; «para os pais estes assuntos são complicados;«muitas outras coisas», «etc.»). Leitura em voz alta sem erros, em ritmo certo (ainda que não perdesse em ser um pouco mais viva). A corrigir: «Santo Maria do Faro» («Santa Maria de Faro»). Note-se que a ermida de Santa Maria de Faro não se localiza no Algarve, mas será um santuário galego, na serra de Faro, na província de Lugo.

G. Maia
«Ai eu coitada como vivo em gram cuidado» (Afonso X ou Sancho I) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=457&pv=sim | G. Maia (17) Boa redação, com uma narrativa viva, num estilo que não é de mero relato transcrito da oralidade e que tem a densidade típica da escrita (sempre aliás com leve ironia). Leitura em voz alta podia ser menos rápida (a velocidade usada mostra que o autor tem muita fluência, dado que nem há hesitações ou tropeções, mas não é a ideal para quem ouve). Imagem muito adequada. A corrigir: «na semana passada» («na semana anterior», porque o narrador está a reportar-se ao passado — é um passado dentro do passado); «*pessoas de que não estava à espera que viessem» («pessoas que não estava à espera que viessem» ou «pessoas de que não estava à espera»). Creio que, em «que eventualmente viria, independentemente de quanto eu o antagonizasse», «eventualmente» é usado na aceção inglesa (‘finalmente’), mas, em português, «eventualmente» significa ‘talvez’, ‘hipoteticamente’. Note-se, finalmente, que não é obrigatório que «Guarda», na cantiga, correspondesse ao topónimo beirão; poderia tratar-se de nome comum ('corpo de vigilância, guarda').

João R.

«Ai eu! E de mim que será?» (Nuno Fernandes Torneol)  | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=169&pv=sim | João R. (16-16,5) Texto criado é expositivo, quase sociológico, em torno de histórias de amor, estereótipos e formatos da ficção consoante as épocas. Revela inteligência. Leitura em voz alta correta, mas um pouco sobre o rápido e não muito ensaiada (gravação apresenta vários cortes, o que, num filme tão curto, parece solução demasiado facilitadora). Imagem pouco relevante, embora se perceba que é original. Manuel Arouca e Rosa Lobato de Faria não serão bons exemplos de escritores que se aventuraram na escrita de novelas (salvo erro, o percurso de ambos foi o inverso: tarimbados em trabalhos para a televisão, acabaram depois por escrever para publicação normal através do mercado editorial — mas admito que o percurso não fosse exatamente este). A corrigir: «em específico» («especificamente»). Trabalho chegou já tarde, no dia 13.

Rodrigo

«Levantou-s’a velida» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=593&pv=sim | Rodrigo (13) Texto defende ideias interessantes (por exemplo, o caráter cinematográfico das cantigas), ainda que sem grande elaboração: não houve uma verdadeira planificação (é tudo um pouco solto). Leitura em voz alta calma (embora a audição, no terço final, fique prejudicada por problemas técnicos ligados à captação do som — repetia-se). Imagem bem escolhida. A corrigir: talvez não devamos falar de «narrar uma história» quando se trata de cantigas, embora, na verdade, haja elementos de enredo, de ação, nestes poemas. A corrigir: «*zangaria» (zanga); «*teatrada» (teatralizada); «*poderiam-se» (poder-se-iam).

Luísa
«A dona que eu am'e tenho por senhor» (Bernal de Bonaval) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1083&pv=sim | Luísa (13) Criou-se um texto narrativo, que ilustra situação a que alude a cantiga (o texto não tem falhas de escrita significativas). A leitura em voz alta da cantiga é bastante boa, conseguindo mesmo ser expressiva. Ao contrário, a leitura do texto criado nem sempre foi fluente (à medida que nos aproximamos do final, vai havendo mais hesitações). A imagem, embora retirada de livro, foi escolhida e tratada pela autora. A corrigir: «*sucedendo-se» (sucedendo).

Sara Filipa

«Ai filha, o que vos bem queria » (Nuno Peres Sandeu) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=802&pv=sim | Sara Filipa (13) Texto bem criado, até bem escrito (mas mais ao nível das ideias do que da correção linguística, já que há um ou outro problema de sintaxe, a provarem que devia ter-se gastado mais algum tempo a rever). Há ironias, em termos de escrita, que mereciam ser mais trabalhadas em termos de leitura expressiva, lidas com outra vivacidade. Vê-se — ouve-se aliás — que a leitura podia ter sido mais ensaiada (por vezes, parece que se está a reconhecer o texto quase pela primeira vez). O final ficou um pouco abrupto, como se já não houvesse tempo, quando afinal não se chegou ao tempo mínimo (2.30)... Imagem é, obviamente, muito pertinente. A corrigir: «Esta cantiga apela à preocupação de todas as mães» seria «Esta cantiga trata da preocupação de todas as mães»; «metem» («põem»).

Beatriz Paulino

«Pois nossas madres van a San Simon» (Pero Viviaez) | # | Beatriz Paulino (13) Imagem é muito interessante, por ser, segundo creio, do arquivo familiar — e «de época» —, dando assim verosimilhança ao relato que é feito, associando os bailes de há umas décadas mas do século XX com os tão presntes na lírica trovadoresca. Texto também está bem escrito. Na leitura em voz alta não se cometeram erros, embora talvez se pudesse ter feito mais pausas (até para atenuar a falha que aponto a seguir). A duração é apenas de 2.10, quando o mínimo estipulado eram dois minutos e meio. Teria bastado acrescentar um parágrafo (por exemplo, acerca dos bailes dos avós) ou fazer leitura ligeiramente mais lenta aqui e ali. Só por isso a classificação não é da ordem do bom.

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